O
presidente Michel Temer sancionou o reajuste de 16,38% para os salários dos
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, os salários de R$ 33.763,00
passarão para R$ 39.293,00. O aumento foi aprovado pelo próprio Supremo. A
medida pode ter um efeito cascata sobre os gastos públicos, pois eleva o teto
salarial do funcionalismo. Um verdadeiro golpe contra as contas públicas, os
brasileiros e também os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social, que
deverão sofrer com a futura Reforma da Previdência.
O atual
presidente do STF, Dias Toffoli, explicou que o aumento recompõe perdas
inflacionárias entre 2009 e 2014. Além disso, o reajuste teve o aval e
aprovação na Câmara dos Deputados e no Senado.
O mais
grave é o efeito cascata desta decisão fora de hora. Isso porque os salários
dos ministros do STF servem como teto para o funcionalismo público em todas as
esferas: federal, estadual e municipal. Assim, outras carreiras poderão passar
a ganhar mais, já que o teto sobe agora para R$ 39.293,00. Outra brecha desta
medida é a possibilidade de parlamentares aumentarem os próprios salários. O
impacto previsto, se todos estes aumentos saírem, é de R$ 4 bilhões.
A decisão
mancha os últimos dias do Governo Temer, e vai na contramão das discussões
acaloradas sobre a necessidade da reforma da Previdência para fechar as contas
públicas. Se existem grandes “rombos”, como o noticiado do sistema
previdenciário, este não é o momento de um reajuste desse quilate.
Não há
dúvidas que, a partir dos próximos dias, as discussões sobre a necessidade da
reforma da Previdência voltarão aos holofotes como a solução mais urgente para
salvar os cofres públicos. Um verdadeiro golpe, pois o trabalhador, segurado do
INSS, que contribui por décadas terá que se adequar às regras mais rígidas, por
exemplo, idade mínima de 65 anos para se aposentar, para pagar está conta do reajuste.
Vale
lembrar que em novembro de 2016, os nobres ministros do STF votaram, em sua
maioria, contra a Desaposentação, ou seja, o direito do aposentado que retorna
ao mercado de trabalho e contribui obrigatoriamente para a Previdência Social,
receber um reajuste no valor do benefício mensal. Foi um julgamento que
envolveu, principalmente, questões políticas e econômicas paralelas a questão
central, que é a justiça social para o aposentado brasileiro.
A maioria
dos ministros do STF baseou seus votos por números que apontam um falso déficit
da Previdência Social. Uma verdadeira falácia política, que reforça o discurso
daqueles que defendem uma dura e rígida reforma da Previdência. Uma tese de
inverdades, pois como vemos, os cofres públicos têm dinheiro suficiente para
custear esse grandioso reajuste dos ministros do STF.
A reforma
da Previdência será a pá de cal nessa injustiça social contra o trabalhador e o
aposentado brasileiro. Até o momento, não foi apresentada nenhuma
proposta concreta para cobrar os maiores devedores da Previdência no Brasil: as
grandes empresas. Elas têm, segundo levantamento da CPI da Previdência Social
do Senado Federal, dívidas de mais R$ 1 trilhão, com valores atualizados pela
taxa Selic.
As
propostas apresentadas pelo governo Temer e economistas só afastam o
trabalhador da aposentadoria. Vale destacar que também não combate os
privilégios dos regimes próprios e nem o dado para grandes empresas quando o
assunto é Previdência Social.
João Badari - advogado especialista em Direito Previdenciário e sócio do
escritório Aith, Badari e Luchin Advogados.
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