Lá vem ele. Já chegou. Daqui a pouco já foi. 31 dias que continuaremos – porque virou uma praga - ouvindo muita gente viajando na maionese, achando-se os maiorais, e que só eles têm a maior moral
Adorei saber que há uma
lenda urbana que conta que certa vez uma turma de cariocas foi “premiada” (ou
presenteada, dependendo de qual lado você está vendo) com um lote de maionese
contaminado com alucinógenos. Daí teria nascido a popular expressão viajar na
maionese. Teriam ficado bem doidos, falando besteiras e fazendo coisas bem
sideradas, rindo à toa, vendo belezas. Não, não sei onde compra um pote desses,
e lembre-se de que comecei dizendo que era uma lenda urbana!
Pois bem, pelo que
entendi, a verdade - veja só - é que parece que a expressão foi cunhada em
cadeias, como código de comunicação entre os presos, quando algum deles pisava
no tomate ou tinha alguma ideia mirabolante, ideias que devem brotar na cabeça
de quem fica atrás de grades. Porque se tem uma coisa que ali não deve entrar,
e se entrar não deve ser comida, é a tal maionese. Perigo até de viajar sim,
para a cidade dos pés juntos, como se dizia antigamente. Babau.
Mas vamos falar de maio,
que é a proposta. Especialmente este ano,
especialmente este mês, estarei
colada em datas e calendários porque vou virar a folhinha de uma fase daquelas
que é igual virar o Cabo da Boa Esperança, se é que me entendem. Tenho ainda
uns quarenta dias para me acostumar com a ideia.
Ainda bem que em boa
companhia, de estrelas como Madonna e Sharon Stone.
Ou, se ainda estivessem
vivos para comemorar, Michael Jackson e Prince. Tem muita coisa que nasceu
nesse ano em que nasci, muita gente interessante, um marco na história política
brasileira e de acontecimentos em outros países. Um ano bem simpático, eu
diria. Podíamos até ganhar a Copa de novo, hein?
Talvez eu fale mais
sobre isso, os dias passando, esse mês. Não que seja coisa que preocupe, mas
por ser algo sobre o qual é necessário e obrigatório pensar, falar, discutir,
especialmente sendo mulher. Aliás, as mulheres até nisso sofrem mais pressão a
vida inteira. Puberdade, menstruação, menopausa, idosidade, palavra que não existe, mas tem
sentido, ô se tem sentido.
Maio é mês bem feminino.
Tem dia das mães. É mês das noivas. Mês de lembrar-se da Princesa Isabel e da
abolição da escravatura. De Nossa Senhora de Fátima e sua aparição junto aos
pastorinhos. Em maio ocorreram muitas revoluções (Revolução Cultural Chinesa), independências
(Israel, por exemplo).
Este aqui, maio agora,
chega com dois feriados elásticos. É mês, pelo que vemos, de dar à luz novas
ideias, movimentos, ações. Adoraria ter a bola de cristal, o dom da vidência,
conhecer o caminho dos astros para poder prever mudanças aqui para a gente
também. No mínimo adoraria dar a notícia de que estamos, enfim, andando para a
frente.
Infelizmente ainda
teremos que lidar com toda essa gente poderosa viajando na maionese. Mas uma
maionese especial deles, com a qual devem estar lambuzando o pão. Passando no
cabelo, usando como hidratante, enchendo a cara. Essa fórmula, que vem em forma
de malas, não de potes, provoca arroubos neles.
Nós continuaremos aqui
tendo alucinações, sim, sonhando com o dia em que vão ser sérios e que parem de
viajar na batatinha, que já está assando.
Marli Gonçalves - jornalista - Agora vou me ocupar de
saber os direitos que ganharei. E já aviso: nada de maiô. Gosto de biquíni.
Brasil, de 1958 a 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário