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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Demência na terceira idade pode ser por hidrocefalia


Classificada como um tipo de demência, a doença se diferencia pela possibilidade de ser totalmente reversível, se diagnosticada e tratada rapidamente.


Pode parecer doença Parkinson ou mal de Alzheimer, mas não é. A Hidrocefalia de Pressão Normal ou simplesmente (HPN) é uma doença cerebral causada por acúmulo de líquido dentro das cavidades cerebrais, os ventrículos. De acordo com o diretor da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Fernando Gomes Pinto, a doença pode ser classificada como um tipo de demência, mas se diferencia pela possibilidade de ser totalmente reversível se diagnosticada e tratada rapidamente, ou pelo período mínimo de dois anos.

"O declínio das funções do cérebro faz parte do processo natural do envelhecimento, por isso é importante a atenção nos sinais em pessoas com mais de 60 anos, que é a faixa etária em que há mais registros da doença", explica o neurocirurgião.

A tríade clínica que caracteriza o distúrbio é formada, de acordo com a seguinte ordem de importância:
  • Apraxia de marcha (existe força nos membros inferiores, mas dificuldade em executar plenamente a marcha que fica com pequenos passos);
  • Demência (comprometimento das funções executivas, presença de lentificação mental e dificuldade de memorizar fatos recentes);
  • Incontinência urinária (perda do controle da micção, e, em alguns casos, da evacuação).
Para Gomes Pinto, alguns sinais são denunciantes, como quedas, acordar várias vezes à noite para urinar ou esquecer coisas simples do dia-a-dia com frequência. "Podem ser sinais de HPN", afirma.

A doença foi descrita há cerca de 50 anos pelo neurocirurgião colombiano Salomón Hakim, após observar que pacientes com hidrocefalia sem hipertensão intracraniana, quando submetidos à punção de líquor lombar ou à derivação ventrículo-peritoneal (DVP), para aliviar a pressão do cérebro causada pelo acúmulo de líquido, apresentavam melhora neurológica.

De acordo com o especialista, ainda não há estatísticas sobre a incidência e prevalência da HPN, pois falta consenso universal relacionado às etapas do diagnóstico da doença, como subdiagnósticos, diagnósticos errados, principalmente, quando as características da tríade não se manifestam ao mesmo tempo.
Aproximadamente 95% dos pacientes portadores de HPN têm dificuldade para andar, mas 52% evidenciam a tríade clínica completa. "No Brasil, cerca de 11 mil casos novos poderiam ser diagnosticados por ano, mas isso não ocorre por desconhecimento da doença, tanto por parte dos profissionais da saúde, quanto da população", conclui o neurocirurgião Fernando Gomes Pinto.

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