Há
19 anos no mês de abril foi criado o Denim Day que vem promovendo a
Conscientização sobre Violência Sexual. A campanha foi originalmente
desencadeada após a Suprema Corte italiana decidir anular uma condenação por
estupro, a partir do que os legisladores italianos chamaram de “álibi jeans” -
uma decisão judicial que sugeria que uma mulher não pode ser estuprada se ela
estiver vestindo calça jeans pois, segundo a decisão, era quase impossíveis de
serem removidas a menos que a mulher ajude, o que implicaria em consentimento
da vítima, ou seja, não é um estupro, mas sexo consensual.
Isso
não é um equívoco, nem piada, nem aconteceu no começo do século passado! É
real, e ocorreu há apenas 19 anos.
A
sentença causou tamanha indignação entre as mulheres, que enfurecidas pelo veredito,
em questão de horas, entraram em ação imediata e protestaram vestindo jeans
para trabalhar. Alessandra Mussolini, membro do Parlamento e neta de Benito
Mussolini, juntamente com legisladoras de outros partidos políticos, realizaram
um protesto no Parlamento, uma “greve do jeans”, ou seja, elas se vestiram de
jeans no parlamento até que a decisão judicial fosse alterada. Este apelo à
ação motivou e encorajou o Senado e a Assembleia da Califórnia a fazer o mesmo,
que por sua vez chegou até o Peace Over Violence, que promoveu o Denim
Day em Los Angeles em abril de 1999 e continuou desde então.
A
decisão da corte até hoje causa discussão pública e zombaria. Logo após a
sentença, donos de lojas, em Roma e em Nápoles, aumentaram, de forma
vertiginosa, a venda de jeans: o “jeans anti-estupro” como presente para o Dia
dos Namorados.
Desde
então, vestir jeans no Denim Day tornou-se um símbolo de protesto contra
as atitudes errôneas e destrutivas relacionadas à violência sexual.
No
dia 25 de abril o deniminfo.org fez uma campanha global e educativa com
diversos manifestos, workshops e ações. Convidando membros da comunidade,
autoridades, empresas e estudantes a protestarem através da moda, vestindo
jeans neste dia, como uma maneira visível de protesto contra os equívocos
relacionados à violência sexual. E uma forma de celebrar com o mais democrático
de todas as peças do guarda roupa: o jeans. Relembrando que não só a roupa deve
ser democrática, mas o respeito, independente de gênero, deve sempre
prevalecer.
A
Santista esteve presente, como representante brasileira, que abraçou a causa e
promoveu diversas ações em parceria com a Universidade Anhembi Morumbi. Foi um
dia inteiro de programação no Campus Morumbi com uma série de palestras,
oficinas e manifestos que levaram a
reflexão e protesto sobre o feminicidio no Brasil, onde há cada 2 horas uma mulher é assassinada de acordo com o
levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em
out de 2017.
Sueli Pereira
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