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quarta-feira, 25 de abril de 2018

A “defesa do denim” o “álibi jeans”


Há 19 anos no mês de abril foi criado o Denim Day que vem promovendo a Conscientização sobre Violência Sexual. A campanha foi originalmente desencadeada após a Suprema Corte italiana decidir anular uma condenação por estupro, a partir do que os legisladores italianos chamaram de “álibi jeans” - uma decisão judicial que sugeria que uma mulher não pode ser estuprada se ela estiver vestindo calça jeans pois, segundo a decisão, era quase impossíveis de serem removidas a menos que a mulher ajude, o que implicaria em consentimento da vítima, ou seja, não é um estupro, mas sexo consensual.

Isso não é um equívoco, nem piada, nem aconteceu no começo do século passado! É real, e ocorreu há apenas 19 anos.

A sentença causou tamanha indignação entre as mulheres, que enfurecidas pelo veredito, em questão de horas, entraram em ação imediata e protestaram vestindo jeans para trabalhar. Alessandra Mussolini, membro do Parlamento e neta de Benito Mussolini, juntamente com legisladoras de outros partidos políticos, realizaram um protesto no Parlamento, uma “greve do jeans”, ou seja, elas se vestiram de jeans no parlamento até que a decisão judicial fosse alterada. Este apelo à ação motivou e encorajou o Senado e a Assembleia da Califórnia a fazer o mesmo, que por sua vez chegou até o Peace Over Violence, que promoveu o Denim Day em Los Angeles em abril de 1999 e continuou desde então. 

A decisão da corte até hoje causa discussão pública e zombaria. Logo após a sentença, donos de lojas, em Roma e em Nápoles, aumentaram, de forma vertiginosa, a venda de jeans: o “jeans anti-estupro” como presente para o Dia dos Namorados.

Desde então, vestir jeans no Denim Day tornou-se um símbolo de protesto contra as atitudes errôneas e destrutivas relacionadas à violência sexual. 

No dia 25 de abril o deniminfo.org fez uma campanha global e educativa com diversos manifestos, workshops e ações. Convidando membros da comunidade, autoridades, empresas e estudantes a protestarem através da moda, vestindo jeans neste dia, como uma maneira visível de protesto contra os equívocos relacionados à violência sexual. E uma forma de celebrar com o mais democrático de todas as peças do guarda roupa: o jeans. Relembrando que não só a roupa deve ser democrática, mas o respeito, independente de gênero, deve sempre prevalecer.

A Santista esteve presente, como representante brasileira, que abraçou a causa e promoveu diversas ações em parceria com a Universidade Anhembi Morumbi. Foi um dia inteiro de programação no Campus Morumbi com uma série de palestras, oficinas e manifestos que levaram  a reflexão e protesto sobre o feminicidio no Brasil, onde há cada 2 horas uma mulher é assassinada de acordo com o levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em out de 2017. 





 

Sueli Pereira


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