Quando tratamos sobre
política ou sobre futebol, sabemos que estamos lidando com duas paixões. Da
mesma forma que o torcedor ama o seu time de futebol favorito, também o militante
defende, incondicionalmente, seu partido político escolhido. Em ambos os casos
vemos paixões que movem multidões, que lotam estádios e avenidas, tanto para assistir
um jogo, como para acompanhar um ato político ou alguma manifestação pública.
Constata-se, infelizmente,
que estas duas paixões estão cada vez mais radicais, e verifica-se que atos de
violência relacionados com o futebol e com política estão cada vez mais comuns.
Em que pese a semelhança, existe uma diferença fundamental.
Uma luz de aprendizado pode
ser notada no comportamento dos torcedores de futebol, pois sua paixão não é
cega, podendo ser até incondicional, mas sempre muito crítica. Por óbvio que
aqui não tratamos dos torcedores que se utilizam da violência para seu
protesto.
Observa-se que, quando um
time de futebol não está em boa fase, nota-se uma reação imediata vindo das
arquibancadas, como forma de cobrança dos próprios torcedores. Mesmo aqueles
torcedores mais apaixonados pelos seus times de futebol, utilizam seu amor como
justificativa para reclamar dos jogadores e dirigentes, cobrando-os melhor desempenho.
Quanto mais fanático o
torcedor, maior a cobrança por bons resultados de seus clubes, sendo que isto
produz um efeito, qual seja, a grande rotatividade de técnicos e jogadores nos
clubes, vale dizer, caso o jogador ou técnico não esteja realizando um bom
trabalho, será rapidamente cortado e substituído.
Isto é uma grande lição, que
deveria servir de exemplo para os filiados e militantes de um partido, todavia,
infelizmente, não é o que se verifica na política.
Nota-se que, muitas vezes, a
paixão política está acima de tudo, e mesmo que o partido não esteja realizando
um bom trabalho, ou até nos casos em que os políticos do partido estejam
envolvidos em escândalos, a devida cobrança não é realizada. A reação
verificada são os ataques à oposição, sempre em defesa de suas escolhas
políticas, justificando os defeitos e erros cometidos. Os políticos e filiados,
ao invés de fazerem um mea culpa,
sempre justificam seus insucessos, atribuindo a responsabilidade a terceiros,
geralmente adversários e opositores.
Tais apontamentos prestam-se
a uma reflexão, pois, a política pode aprender com o futebol, que reconhece
seus erros e sofre a cobrança internamente, não elegendo culpados de fora, fato
ainda não verificado com frequência na política. Os apaixonados por política
defendem cegamente seus partidos e respectivos líderes, e, ao invés de cobrarem
mudanças internas, cobram uma mudança na conduta da oposição, aliás, muitas
vezes justificam a fortuita má conduta de seus representantes pela eventual
perseguição feita pelos outros partidos.
Portanto, nota-se a
necessária e urgente reformulação, na busca por novos tempos e novos costumes
na política, aprendendo com os bons exemplos do próprio futebol, sempre com o
objetivo de evoluir e ocasionar uma grande renovação no cenário político brasileiro.
Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso - Advogado
Criminalista, Presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da
Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), Pós-Graduado pela
Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha), integra o Conselho de Política
Criminal e Penitenciaria do Estado de São Paulo, é Auditor no Tribunal de
Justiça Desportiva (TJD) do Futebol do Estado de São Paulo.
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