Estar
preparado para enfrentar um mercado de trabalho em constante mutação é o
desafio das novas gerações. Somado a isso, é preciso conhecimento e estrutura
para enfrentar as crises cíclicas na economia,
que afetam diretamente o emprego. As comemorações pelo Dia do Trabalho estão
chegando e me levam a confirmar a importância fundamental de uma boa formação
educacional em um país que atualmente registra quase 13 milhões de pessoas desempregadas.
Dados da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que 13,7% dos
adultos que não concluíram o Ensino Médio ficaram desempregados; enquanto que
entre os que têm nível superior completo, este índice foi de apenas 5,3%. Isso
comprova que a taxa de desemprego de indivíduos que interromperam seus estudos
na educação básica foi quase o triplo da registrada entre aqueles que
terminaram uma faculdade.
Os
índices são preocupantes. Mais da metade dos adultos brasileiros não chegam ao
Ensino Médio. E falta mão de obra qualificada. Para piorar, o país não investe
no Ensino Profissional. Sem educação de qualidade, a parcela mais pobre do país
não tem acesso a um bom emprego. Sem falar no retrocesso: programas educacionais como o FIES tiveram as
vagas reduzidas e o MEC encerrou o
programa Ciência Sem Fronteiras na modalidade de cursos para
graduação.
Aliado
à falta de apoio governamental para a Educação, vivemos em um país com extrema
desigualdade social, com altas taxas de violência e serviços básicos precários,
fatores que influenciam diretamente no tempo de escolaridade. Muitas vezes a
necessidade do sustento fala mais alto do que os livros e cadernos. Relatório
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que a média
de escolaridade no Brasil é de apenas 7,8 anos.
Muito
se fala sobre a reforma do Ensino Médio, que é realmente necessária. No
entanto, as deficiências encontradas nos anos finais da educação básica – e que
trazem por consequência dificuldades de ingresso na faculdade e no mercado de
trabalho – são oriundas, na maioria das vezes, da má formação dos alunos lá
atrás, no Ensino Fundamental, que é quando se começa verdadeiramente o
aprendizado das diversas disciplinas em sala de aula. Aí está o cerne do problema.
Para ingressar no Ensino Médio e ter um bom desempenho, crianças e adolescentes
precisam primeiro ter passado por um Ensino Fundamental de qualidade.
É
verdade que uma melhora vem acontecendo, a passos lentos, mas vem. O Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) tem apresentado médias crescentes ao
longo dos anos. Em 2015, por exemplo, a média das notas nos anos iniciais do
Ensino Fundamental ficou em 5,5, ultrapassando a meta que era de 5,2. É pouco
ainda, mas já indica um avanço.
Não
há receita de bolo, ou melhor, existem várias receitas, mas falta o principal:
o comprometimento do Governo com a Educação. Para começar uma mudança profunda,
não se pode deixar de fora aqueles que exercem o papel mais importante em todo
o processo de transmitir conhecimento às nossas crianças: os professores.
Alguns deles, também, são mal formados. O censo do MEC mostrou que 15% dos
docentes da Educação Básica não têm ensino superior. Desmembrando esse número,
vemos que na Educação Infantil, 6,2% dos professores estudaram somente até o
Ensino Fundamental e 18,1% não terminaram nem o Ensino Médio. Já no Ensino
Fundamental, 3,7% dos professores que estão lecionando não terminaram nem
o Ensino Médio e 5% deles estudaram só até essa etapa. Cursando o ensino superior,
são apenas 6% dos educadores.
As
prefeituras, responsáveis por 61,3% das escolas brasileiras, têm que arregaçar
as mangas! É preciso oferecer cursos de formação e atualização para nossos
educadores, dando condições para que eles desenvolvam aulas mais completas e
ricas de conteúdo, tendo, inclusive, a tecnologia como aliada. Eles precisam
ter acesso a uma metodologia atualizada de ensino, moderna e instigante, que
contribua não só para transmitir os conteúdos didáticos tradicionais, mas que
desenvolva também nos alunos a criatividade, a vontade de ler e de buscar novos
conhecimentos, habilidades cognitivas e socioemocionais fundamentais para
prepará-los como cidadãos e para o novo mundo do trabalho.
Luis Antonio Namura Poblacion -
Presidente da Planneta (www.planneta.com.br); Engenheiro Eletrônico pelo ITA – Instituto
Tecnológico de Aeronáutica; com especialização em Marketing e Administração de
Empresas e MBA em Franchising. Atua na área de educação há mais de 35 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário