Chocolates e
salgadinhos não têm valor nutricional relevante
e servem como fonte
de prazer momentâneo
Um chocolatinho para aliviar aquele dia pesado.
Uma travessa inteira de brigadeiro pra curar as dores do amor ou até amenizar
aquela TPM. Quem nunca? A nutricionista Ana Ceregatti, de Campinas, explica que
os alimentos emocionais, como os doces e salgadinhos, são consumidos na
tentativa de preencher um vazio emocional. Sem qualquer valor
nutricional significativo, eles concentram grandes quantidades de
calorias e são apenas rotas de fuga, formas nada saudáveis de tampar o sol com
a peneira, podendo inclusive desencadear sérios problemas de saúde como
obesidade e diabetes.
“Alimentos
emocionais, como o chocolate, não são escolhidos pela necessidade
fisiológica do alimento, mas por impulso, pois trazem algum conforto no momento
de gerenciar alguma emoção. Em geral, eles são preferidos quando a pessoa
está experimentando sentimentos de ansiedade, tristeza, raiva, medo ou
frustração. A fome nessas situações não é considerada. Ao ingeri-lo,
transitoriamente, o cérebro fica banhado de neurotransmissores, como a
serotonina, e o corpo todo passa a experimentar sensações de
bem-estar. Mas são sensações fugazes, que desaparecem logo, dando lugar
para o arrependimento e a culpa”, alerta a profissional especializada em
vegetarianismo e veganismo há mais de 15 anos.
A questão que
envolve os alimentos emocionais vai além da química. Ela revela a falta de
recursos para canalizar as emoções e lidar com os sentimentos que são inerentes
ao ser humano, mas que podem ser administrados por meio da consciência. “No
consultório, recebo muitas pessoas que precisam beliscar um docinho em
algum momento do dia, principalmente à noite, em casa. É uma forma de recompensa,
de relaxar, de lidar com a solidão ou de descarregar o cansaço e as
preocupações. Mas todos esses beliscos, que também passam pelas
bolachinhas, queijos e álcool, podem levar a problemas como hipertensão,
diabetes, obesidade e até doenças mais graves, como câncer. Quando o impulso de
comer coisas desse tipo aparecer, é hora de respirar fundo e rever a rotina
diária, buscando incluir alguma atividade que ofereça um prazer mais
edificante, como ir ao cinema, caminhar, dançar, ler, namorar. É também
muito importante dificultar o acesso aos alimentos emocionais: não tê-los
em casa é uma ótima estratégia”, completa Ana.
Como alternativa
saudável e positiva para o corpo e para o gerenciamento das diversas emoções, a
nutricionista recomenda que a pessoa faça refeições em intervalos regulares de
no máximo três horas, para evitar a fome exacerbada e a consequente falta
de discernimento na escolha dos alimentos quando chega em casa, e que evite
práticas alimentares restritivas, como cortar carboidratos. Ana recomenda também
que pratique atividades voltadas ao bem-estar da mente, como yoga, meditação e
relaxamento, e que tenha uma rotina adequada de sono.
Ana Ceregatti - Nutricionista
formada pela Universidade São Camilo. Tem pós-graduação em Nutrição
Clínica, Nutrição Materno-Infantil e se especializou no atendimento de
vegetarianos, veganos e pessoas em transição para esse tipo de alimentação. É
docente do primeiro curso de pós-graduação em Nutrição Vegetariana, pela
Faculdade Santa Helena, em Recife, e colunista da Revista dos Vegetarianos.
Atualmente, atende em consultórios de Campinas e de São Paulo. Também tem
formação em yoga, pelo Instituto Ísvara, e em ayurveda, pela Clínica
Dhanvantari, em São Paulo.
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