Levantamento
da consultoria Santo Caos mostra que um dos principais fatores para o problema
é a falta de adequação das empresas
Embora 23,9% da população brasileira tenha algum
tipo de deficiência e a legislação específica para esse público esteja
avançando, a inclusão de profissionais com essas características nas empresas
ainda é muito pequena. É o que mostra o estudo “PCD S/A”,
realizado pela consultoria de engajamento Santo Caos (www.santocaos.com.br)
durante o segundo semestre de 2015, com 461 entrevistados entre pessoas
com deficiência, gestores, opinião pública e especialistas do assunto, de 23
estados brasileiros.
O levantamento constatou que 45,3% dos
brasileiros sem deficiência estão trabalhando e que 44,7%
das PcDs também realizam atividades ocupacionais, mas há uma grande
diferença entre os dois grupos no que diz respeito à formalização do emprego:
apenas 1,8% das pessoas com deficiência têm registro no Ministério do
Trabalho. “Proporcionalmente, a PcD é tão ocupada quanto qualquer
outra e cerca de três milhões delas têm ensino superior completo, mas nem todas
estão em um emprego registrado. Nossa avaliação é que boa parte das empresas
ainda enxerga a pessoa com deficiência como alguém que não agrega
valor às suas equipes, e, por mais que tenham que cumprir a cota, recusam-se ou
dizem não conseguir fazê-lo pela falta de profissionais capacitados, o que não
é real”, explica Guilherme Françolin, sócio-diretor do
Santo Caos.
Nos casos em que a cota é cumprida, ela não é
feita de maneira adequada por falta de preparação das equipes para receber,
conviver e produzir ao lado de colaboradores com deficiência. Num primeiro
momento, 92% dos gestores se dizem prontos para gerenciar um funcionário
com deficiência, mas apenas 32% afirmam não ter problemas para lidar com
qualquer tipo de deficiência. Para as PcDs, apenas 1 em cada 3 colegas de
trabalho estão preparados para lidar com parceiros de trabalho com deficiência.
“Hoje somente 8% das empresas cumprem as cotas e os funcionários com
deficiência se sentem ‘encostados’ dentro das organizações, recebendo
salários muito baixos, o que ocasiona um turn over médio de
88%”, afirma o consultor.
Todas essas dificuldades de convivência apareceram
nas respostas dos participantes quando foram estimulados a falar sobre qual é o
maior desafio no engajamento da PcD nas empresas: para os líderes de
equipes a acessibilidade é a principal resposta; para os colaboradores com
deficiência o relacionamento com gestores e companheiros é a maior
dificuldade e, para a opinião pública, o grande desafio é entender as
necessidades. “Para mudar o cenário de turn over alto
e falta de integração das PcDs com os demais funcionários, as
empresas devem primeiro trabalhar sua cultura e marca empregadora, adequando
seus costumes internos e o comportamento das pessoas de suas equipes antes
mesmo da acessibilidade de suas instalações”, orienta Françolin.
Cotas
A pesquisa verificou ainda que a maioria dos
pesquisados (56%) considera justa a existência de uma cota para pessoas
com deficiência, pois se há a necessidade de reservar um espaço específico para
esses indivíduos nas empresas significa que a sociedade não os está incluindo
como deveria. Porém, quando essa inclusão é feita, gera resultados positivos.
Isso porque, para os entrevistados, trabalhar com as PcDs altera a
percepção que eles tem sobre elas: 24% afirmaram que mudaram a opinião de
“coitado e esforçado” para “normal e super-herói” e 60% a mais acreditam que
as pessoas com deficiência podem realizar qualquer função.
A Lei de Cotas foi criada em 24 de julho de 1991
e teve a fiscalização de seu cumprimento iniciada somente em 2001. Ela
estabelece que empresas com 100 ou mais funcionários são obrigadas a preencher
de 1% a 5% dos seus postos de trabalho com colaboradores com deficiência.
Sobre a Santo Caos
Formada por três ex-alunos da USP, Daniel Santa
Cruz, Guilherme Françolin e Jean Soldatelli, a consultoria de engajamento Santo
Caos tem como objetivo auxiliar as instituições a aprimorar o
relacionamento com seus principais públicos, sejam eles internos ou externos.
Com a finalidade de melhorar a estratégia de negócios das companhias, a empresa
realiza trabalhos além da pesquisa de mercado, auxiliando também no
desenvolvimento e implementação do plano de negócios. Desta maneira,
transformam a maneira que a companhia se posiciona com consumidores,
funcionários, fornecedores e até com a comunidade.
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