O Dia Mundial da Saúde é celebrado todo 7 de abril, e neste ano, o
tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientização da
população é Diabetes. Isso porque a doença está avançando muito em países de
média e baixa renda. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (sigla
IDF em inglês), até o ano passado, cerca de 415 milhões de pessoas foram
diagnosticadas como diabéticas, o que significa que um em cada 11 adultos no
mundo tem a doença. Além disso, um a cada sete partos é afetado por diabetes
gestacional. A expectativa é que, em 2040, 642 milhões de pessoas sejam
diagnosticadas. No Brasil, os casos de pessoas com a doença aumentaram 40%
desde 2012, segundo o Ministério da Saúde.
“A
incidência de diabetes está maior a cada ano porque ela está diretamente ligada
ao crescimento da obesidade no mundo, bem como ao sedentarismo e ao
envelhecimento da população. Os indivíduos mais afetados são os idosos, os
obesos, e aqueles com histórico familiar da doença. Os idosos, porque uma das
causas de diabetes seria o próprio envelhecimento humano. Os obesos, em função
das comorbidades, como resistência à ação da insulina e por fim, a
hereditariedade, que é um dos principais fatores de risco para o aparecimento
de diabetes tipo 2 (mais frequente na população mundial) ”, explica Raquel
Resende Silva, endocrinologista do Hospital São Camilo.
Diabetes
é uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas não produz insulina
suficiente ou quando o corpo não pode usar eficazmente a insulina que produz. A
insulina, um hormônio que regula o açúcar no sangue, é responsável por fornecer
a energia que precisamos para viver. Sem a presença dela no organismo, o açúcar
se acumula a níveis prejudiciais no sangue.
“Grande
parte dos casos de diabetes é evitável, pois mudanças simples no estilo de vida
são capazes de prevenir ou retardar o aparecimento de diabetes do tipo 2, tais
como: manutenção do peso corporal, prática de atividades físicas com
regularidade e adoção de uma dieta saudável. De toda forma, vale destacar que independente
do tipo, essa é uma doença tratável, que pode ser controlada, a fim de evitar
complicações”, ressalta Raquel.
Conheça
os diferentes tipos de diabetes:
Tipo
2
Este
é o mais frequente tipo de diabetes no mundo todo (compreende cerca de 90% dos
casos). Pessoas com diabetes tipo 2, geralmente, produzem sua própria insulina,
mas não o suficiente. Normalmente, fatores como hereditariedade, obesidade,
sedentarismo e envelhecimento são os responsáveis pelo desenvolvimento da
doença, que é crônica na maioria das vezes. Em alguns casos, a depender da
causa, ela pode ser curada, como em obesos que perdem muito peso e deixam de
apresentar sintomas de diabetes.
Tipo
1
Este
tipo é também conhecido como diabetes autoimune, ou seja, quando o indivíduo já
nasce com uma predisposição genética para desenvolver a doença em função da
presença de proteínas específicas contra as células do pâncreas produtoras de
insulina. Esses indivíduos, na maioria das vezes, podem não apresentar nenhum
familiar com diabetes, e mesmo assim, desenvolver a doença em algum momento da
vida. Normalmente, os casos de diabetes tipo 1 são diagnosticados em crianças,
adolescentes ou adultos jovens. Nestes casos, os diagnósticos são mais fáceis,
pois normalmente os indivíduos acometidos apresentam sintomas evidentes de
hiperglicemia (boca seca, aumento da sede e da urina) e que se manifestam de
forma abrupta. A diabetes tipo 1 é uma doença crônica, sem cura até o momento.
Gestacional
Ocorre
quando a mulher é diagnosticada com diabetes durante o período da gravidez e,
portanto, a doença não existia ou não havia o diagnóstico prévio. Durante a
gestação são realizados exames de pré-natal que avaliam tanto a glicemia em
jejum, quanto a glicemia pós-prandial (na chamada “curva glicêmica”). Os fatores
de risco para desenvolver este tipo de diabetes seriam história familiar
positiva (mãe ou irmã que já tiveram), ganho excessivo de peso e predisposição
genética. Os riscos da doença são: prematuridade, más-formações fetais, fetos
macrossômicos (grandes), polidrâmnio (aumento do liquido amniótico),
hipoglicemia grave neonatal, entre outros. A melhor forma de evitar é cuidando
bem da alimentação na gravidez e controlando o peso, a fim de prevenir ganho
excessivo.
Pré-diabetes
A
doença é chamada assim quando o indivíduo apresenta uma forte tendência ao
desenvolvimento da diabetes, porém seus níveis ainda não estão nos patamares
que definem a doença propriamente dita. Hoje em dia, considera-se a
pré-diabetes como uma nova entidade de doença, e a mesmo se caracteriza por:
-
Glicemia em jejum entre 100 e 126 mg/dl;
-
Glicemia pós-prandial (após 2 horas da refeição) entre 140 e 200mg/dl;
-
Hemoglobina glicada (HbA1c) entre 5,8 e 6,4%.
Como
tratar?
Consultas
médicas de rotina são fundamentais para o diagnóstico precoce da doença. Após a
realização de exames, o médico poderá diagnosticar a diabetes e o tipo da
doença. Com essas informações, será indicado o tratamento mais adequado
para início imediato.
Se
não tratada, a diabetes pode causar retinopatia (que pode levar ao descolamento
da retina e até à cegueira), nefropatia (principal causa de insuficiência renal
crônica), neuropatia (redução da sensibilidade e sensação de formigamento nas
mãos e pés), pé diabético (formigamentos, perda da sensibilidade local, dores,
queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, dormência, além de
fraqueza nas pernas), infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, entre
outros.
Raquel Resende Silva - endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São
Paulo
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