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domingo, 23 de agosto de 2015

Visão de jovens corre risco, diz pesquisa




Falta de informação faz jovens com ceratocone, doença degenerativa na córnea,  cometerem  graves erros no tratamento. 
Metade dos jovens que sofrem com ceratocone, maior causa de transplante de córnea no país, só tem o diagnóstico aos 20 anos de idade ou mais. É o que mostra uma pesquisa inédita que acaba de ser realizada com 315 portadores da doença pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto. O ceratocone, afirma,  geralmente aparece aos 16 anos e torna a visão desfocada porque afina e deforma a córnea, lente frontal do olho.
Para o médico, os portadores vivem uma superação a cada dia. Têm de suportar visão embaçada, coceira, vista cansada, dor de cabeça, fotofobia, dificuldade para enxergar à noite, trocas sucessivas  de óculos e dificuldade de adaptação às lentes de contato. No Brasil são 100 mil jovens segundo estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia).
O diagnóstico anos depois do acometimento pode acelerar ou inviabilizar a aplicação de crosslink e o implante de anel intracorneano, dois procedimentos que evitam o transplante. Isso porque, explica, a progressão da doença varia muito e a córnea deve ter a espessura mínima de 400 micras para receber estas terapias.
Outro risco apontado pela pesquisa é o fato de um quarto dos participantes só consultarem o oftalmologista quando sentem algum desconforto ou alteração no grau. Queiroz Neto afirma que o ceratocone é uma doença degenerativa que não dói. Por isso, o acompanhamento médico periódico a cada 6 meses ou 1 ano conforme a gravidade da doença é essencial para manter a saúde ocular.
Mau uso de lente de contato
A pesquisa também mostra que 61% usam lente de contato para corrigir a visão. A rígida é o tipo mais usado, mas para 41% é desconfortável. O especialista diz que para resolver o problema  só existem duas alternativas: o implante de anel intracorneano  e a adaptação de lente escleral. Em córneas muito deformadas, só o implante pode melhorar o conforto, mas precisam ter condições fisiológicas para receber o dispositivo.
Outro problema entre jovens com ceratocone é o fato de só 3 em cada 10 ter um par de óculos para descansar os olhos da lente em casos de alergia  ou outra doença na superfície ocular. "Mesmo que os óculos não ofereçam boa correção visual, toda pessoa que usa lente de contato precisa ter um par de óculos para algumas situações de emergência", afirma. Insistir no uso da lente pode ferir a córnea e provocar outras complicações.
As falhas mais comuns no uso de lentes são:
ü  18% as vezes dormem com lente prejudicando a oxigenação da córnea.
ü  12% contaminam a lente por não lavarem as mãos antes de manipular.
ü  36% desconhecem que as mãos devem ser lavadas com água e sabão.
ü  80% não trocam o estojo a cada 4 meses.
ü  54%  guardam a lente no banheiro e expõem a córnea a contaminação.
ü  68% antecipam a validade da lente instilando colírio sobre ela.
As principais recomendações do médico para evitar complicações com lentes são:
Lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão antes de manipular as lentes.
Utilizar soluções tanto na limpeza quanto no enxágüe das lentes e estojo.
Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos
Não usar soro fisiológico ou água na higienização
Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo
Colocar as lentes sempre antes da maquiagem
Guardar o estojo fora do banheiro  em ambiente seco e limpo
Trocar o estojo a cada quatro meses
Respeitar o prazo de validade das lentes
Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.
Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista
Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas
Não entrar no mar ou piscina usando lentes.
Crosslink é desconhecido por 47%
Dos participantes desta pesquisa, 47% afirmam desconhecer o crosslink. Queiroz Neto explica que a terapia interrompe a progressão do ceratocone, aumentando a resistência da córnea em até 3 vezes,  através da  aplicação de vitamina B2 (riboflavina), associada à radiação ultravioleta. O levantamento mostra que 88% dos pacientes conquistaram a estabilização da doença e 45% tiveram melhora da visão. Segundo o oftalmologista quanto antes o crosslink for aplicado maiores são as chances de obter bons resultados. "Temos vários casos de pacientes no início da adolescência que conquistaram regressão do grau", afirma.
Outros procedimentos
O médico conta que o levantamento também comprova  que a visão melhorou para 74% dos que implantaram anel intracorneano, além de melhorar a adaptação às lentes de contato. Já dos que passaram por transplante 82% tiveram melhora da visão, sendo que metade tiveram um grande ganho visual. Mas para o especialista que já realizou  milhares de transplantes o ideal é manter a integridade dos olhos.

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