Depois de ter ameaçado não pagar adiantado a primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas no meio deste ano, o Governo Federal voltou na decisão e, ao que tudo indica, fará o pagamento desses valores. Mesmo com essa recuada do Governo, só o fato de ter falado que não pagaria mostrou o despreparo de muitos aposentados e pensionistas em lidarem com o dinheiro, já que ficaram desesperados com a falta que esse valor faria.
Ocorre que esses aposentados já comprometeram parte ou a totalidade desse dinheiro para gastos no período, ou pior, tinham atrelado a pagamento de dívidas. Assim, é importante reforçar que, independentemente da situação financeira, dinheiro extra não deve ser utilizado para quitar dívidas, mas sim ser poupado, destinando-o para a realização de sonhos. O correto é conseguir pagar as contas com o próprio orçamento e não depender de valores extras.
A data e a forma como se dará o adiantamento serão definidos nos próximos dias pelo Governo Federal, mas já é importante que os aposentados se antecipem a esse dinheiro, planejando o que fazer. O primeiro é saber se o aposentado ou pensionista é investidor, equilibrado ou inadimplente, assim, é mais fácil descobrir o que fazer com o 13º.
O primeiro perfil é aquele que já pode ser qualificado como investidor, mesmo que pequeno. A opção mais indicada para utilizar o 13º é continuar investindo. Cinquenta por cento do valor deve ser aplicado onde a pessoa já tem investimento. Para o valor restante, é uma boa oportunidade começar a poupar para novos sonhos. Sempre alerto que o dinheiro tem que ter objetivos, podendo ser uma reserva de emergência, uma viagem dos sonhos ou muitos outros, já que nunca é tarde para sonhar.
A segunda opção de utilização do 13º é destinada aos consumidores equilibrados financeiramente, isto é, não possuem dívidas, mas que também não poupam. Essa situação de falsa estabilidade é muito preocupante, pois o aposentado acredita poder utilizar o dinheiro para compras, e é aí que mora o perigo; qualquer imprevisto financeiro fará com que se torne endividado. Uma boa opção é a de iniciar uma reserva. Assim, o aposentado deve destinar ao menos uma parcela do dinheiro recebido para este fim. O mais importante para este público, contudo, é criar o hábito de poupar.
A situação mais preocupante é do inadimplente, isto é, pessoa que possui dívidas e não consegue honrar com as mesmas. Lembrando que não é um problema possuir dividas, como parcelamentos, o problema começa quando não se consegue arcar com esses compromissos.
Nesse caso, não se deve gastar imediatamente o dinheiro para o pagamento dos credores, pois isso não solucionará o problema com o dinheiro, apenas postergará. Como este último caso é o mais grave, veja mais algumas orientações que preparei, para sair desta situação:
- Antes de sair negociando, é preciso ter pleno domínio do seu dinheiro, fazer um diagnóstico financeiro, registrando o que se ganha, o que se gasta e conhecer seu verdadeiro eu financeiro;
- Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se deve procurar um credor antes de ter domínio completo de seu dinheiro;
- Estabeleça uma estratégia para sair do endividamento, conhecendo detalhadamente os credores, valores e taxas de juros;
- A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, procure por linhas de créditos mais baixa, mas é importante frisar que isso não resolve a causa do problema;
- No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos, geralmente as de cartão de crédito e cheque especial;
- Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que as mesmas cabem em seu orçamento;
- Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar seu padrão de vida, pois, se já se endividou com o que ganha, será ainda mais difícil nos próximos meses com as parcelas;
- Dois fatores levam ao endividamento, são eles: o crédito fácil conjugado com a competente propaganda. Por isso, cuidado para não comprar o que não sonhava, com o dinheiro que você não tem, para impressionar, muitas vezes, até mesmo quem você não conhece;
- Principalmente para os aposentados, é importante não “emprestar” seu nome para que parentes e amigos façam dívidas. Se eles não podem usar o próprio nome, é porque provavelmente já estão com problemas de endividamento;
- Procure guardar dinheiro para comprar à vista e com algum desconto. O sonho da independência financeira passa por respeito ao dinheiro, entender que ele é meio e não fim.
Reinaldo Domingos - educador e terapeuta financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.
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