terça-feira, 5 de maio de 2015

Diversas faces da maternidade




De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2013, o número de mulheres sem filhos aumentou no país. A pesquisa aponta que 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos não possuem filho.
A maternidade ainda é sentida por grande parte das mulheres como uma obrigação, pois culturalmente ainda é isso que se espera delas. Embora esses valores tenham sido constantemente mudados e o papel da mulher na sociedade esteja cada vez mais diversificado, os cargos de esposa e mãe ainda têm um peso forte na vida da mulher.
Ainda existe muito medo do arrependimento por não ter gerado um filho, pois muitas mulheres sentem-se pressionadas por elas mesmas e pela família a seguir o senso comum. A opção de não querer ter filhos provoca reações de espanto de grande parte das pessoas, por isso quanto mais segura ela estiver em relação a essa decisão, mais fácil será lidar com o estranhamento das pessoas.
A mulher que tem um filho por conta dessa exigência e não por um desejo próprio provavelmente se sentirá frustrada e impotente com a chegada da criança e com o papel de mãe. Além disso, ela pode passar a se enxergar de uma forma mais negativa por não ter tido força para impor o seu desejo. Esses sentimentos interferem na relação que ela terá com a criança e com o parceiro a partir daquele momento, ou seja, são fatores de risco para relações disfuncionais e uma dinâmica familiar conflituosa.
Normalmente, quando a maternidade é considerada, apenas os pontos positivos são levados em conta, mas também é preciso entender que tornar-se mãe implica em uma mudança de vida e é preciso saber que nem todas as mudanças serão para melhor. Há uma construção ilusória de que ser mãe é padecer no paraíso e isso não é real.
O nascimento de uma criança, ainda que tenha sido muito desejado, provoca mudanças que não são sentidas como boas, contrariando a expectativa da mulher. Assim, quando esses sentimentos negativos em relação à maternidade surgem, essa mulher se sente culpada e “pior mãe” do que as demais.
É preciso abrir mão de algumas coisas principalmente no que diz respeito ao fato de que a partir do nascimento da criança, a mulher não poderá mais pensar apenas em si e em seus desejos. Ela vai precisar passar a considerar as necessidades e vontades da criança, deixando muitas vezes suas vontades próprias em segundo plano.
A maternidade deve ser vista como uma opção e não como uma obrigação, pois trata-se de um passo que traz mudanças bruscas e consequências não só para a mulher, mas para toda a família.
Admitir para si mesma que não quer ter filhos, ter os motivos claros, e se livrar da autocobrança sobre esse assunto fará com que essa mulher não se sinta tão afetada pelas opiniões contrárias que ela encontrará pelo caminho.
Entender o papel de mãe e as cargas de responsabilidade que nascem junto com a criança são imprescindíveis para a prática efetiva do papel. A decisão deve ser amadurecida e pensada!

Marina Barbi - psicóloga da Clínica Sintropia

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