A cantora foi
diagnosticada em 2021 e desde então vinha fazendo tratamentos contra a doença
Nesta segunda-feira, 8 de maio, Rita Lee morreu aos
75 anos. Em 2021, a cantora, considerada uma das maiores da história da música
brasileira, foi diagnosticada com câncer de pulmão. Desde então, ela estava
realizando tratamentos contra a doença.
Pelas redes sociais, a família de Rita Lee
comunicou sobre o falecimento: "Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em
sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de
todo o amor de sua família, como sempre desejou".
O tabagismo está na origem de 90% de todos os casos
de câncer de pulmão no mundo, sendo responsável por ampliar em cerca de 20
vezes o risco de surgimento da condição. No Brasil, segundo o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), são estimados para o triênio 2023-2025 32.560 novos
casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão. E, apesar destes dados não
serem novidade, os tumores pulmonares ainda lideram o ranking das doenças
oncológicas que mais matam todos os anos, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS).
A oncologista Mariana Laloni, do Grupo
Oncoclínicas, explica que a maioria dos pacientes com câncer de pulmão
apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório. “Os sinais de
alerta são tosse, falta de ar e dor no peito.Outros sintomas inespecíficos
também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos,
cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza
exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é
essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença, o que
contribui amplamente para o sucesso do tratamento”, diz.
A médica comenta ainda que existem dois tipos
principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas
células. “O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se
subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes
células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40%
dos doentes”, destaca.
Imunoterapia é avanço
relevante no combate ao câncer de pulmão
A ciência tem transformado a maneira de tratar
diferentes tipos de câncer. E, no caso das neoplasias de pulmão, as
alternativas terapêuticas avançam a passos largos, permitindo ao paciente um
arsenal poderoso de condutas que podem ser indicadas para o enfrentamento da
doença.
Diante deste cenário, estratégias que combinam
modalidades de tratamento sistêmico (baseados na adoção de medicações via oral
ou intravenosa, como a quimioterapia) e local (radioterapia) podem ser adotadas
no início do tratamento para reduzir o tumor antes de uma cirurgia para
retirada da parte do pulmão acometido, ou mesmo como tratamento definitivo
quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia isolada também é
utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de ar e dor. “A
indicação depende principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho e da
localização do tumor, além do estado geral do paciente”, diz Laloni.
Para a especialista, é válido destacar o papel que
a imunoterapia exerce no panorama de enfrentamento do câncer de pulmão. Baseado
no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo estranho desde
a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a se “disfarçar”
para não ser reconhecido pelo sistema imunológico e então crescer, a terapia
biológica funciona como uma espécie de chave, capaz de religar a resposta
imunológica contra este agente agressor.
“Embora o sistema imune esteja apto a prevenir ou
desacelerar o crescimento do câncer, as células cancerígenas sempre dão um
jeitinho de driblá-lo e, assim, evitar que sejam destruídas. O papel da
imunoterapia é justamente ajudar os ‘soldados’ de defesa do organismo a agir
com mais recursos contra o câncer, produzindo uma espécie de super estímulo
para que o corpo produza mais células imunes e assim a identificação das
células cancerígenas seja facilitada - devolvendo ao corpo a capacidade
de combater a doença de maneira efetiva”, explica a especialista.
Não à toa, as medicações imunoterápicas vêm
conquistando protagonismo no tratamento de tumores de pulmão e de outros tipos
de câncer. A abordagem terapêutica tem trazido resultados importantes também
para cânceres de bexiga, melanoma, estômago e rim. Estudos atestam ainda a
eficácia no tratamento de Linfoma de Hodgkin e de um subtipo do câncer de mama,
chamado triplo negativo. “Na última década, a imunoterapia passou rapidamente
de uma descoberta promissora para um padrão de cuidados que está contribuindo
para respostas positivas para diversos casos de pacientes oncológicos”, pontua
Mariana Laloni.
Tabagismo ainda é a principal
causa de câncer
O tabagismo continua sendo o maior responsável pelo
câncer de pulmão no Brasil e no mundo. Aliás, não apenas deste tipo de tumor:
segundo o INCA, 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco
fosse deixado de lado, sendo que cerca de ⅓ destes óbitos são decorrentes de algum tipo de câncer relacionado ao hábito de fumar.
E apesar do Brasil ter sido reconhecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate ao cigarro - o
país tem um dos menores índices de fumantes do mundo, cerca de 10% da população
acima de 18 anos, segundo o próprio INCA - os desafios não param de chegar. Um
deles, é a chegada dos cigarros eletrônicos e outros dispositivos de vape, que
têm conquistado principalmente os jovens.
“Nós vemos novas formas de tabagismo chegando, como
o cigarro eletrônico, por exemplo, que tem atraído principalmente os
adolescentes, pelo formato, novidade e falta de informação sobre o impacto nocivo
deles. Então, estamos vendo uma geração que tinha largado o cigarro, voltar
para versões digamos, mais modernas, do mesmo mal”, alerta Laloni.
Parar de fumar, alerta a especialista, é a forma
mais eficaz de se prevenir contra o câncer de pulmão e diversos outros tumores,
além de doenças cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonia, AVC
(acidente vascular cerebral) e complicações severas decorrentes da contaminação
pela covid-19.
Grupo Oncoclínicas