A otorrinolaringologista Dra. Roberta Pilla
demonstra a importância de sua especialidade na detecção e tratamento do
transtorno e dá 15 sinais cruciais para prestar atenção nas crianças
Ouvir e compreender os sons, responder à voz dos pais, formular as primeiras palavras e frases, reagir a tons de voz diferentes… todos esses processos nos lembram o desenvolvimento normal de um bebê em seus primeiros meses de vida. E, de fato, mostram isso. Qualquer comportamento atípico nessa área liga o alerta para a possibilidade de distúrbios auditivos e linguagem. O que poucos sabem é que anormalidades na fala e audição também podem levantar a hipótese de um transtorno de espectro autista (TEA), ou autismo. Por isso, a presença de um otorrinolaringologista é vital num diagnóstico precoce do transtorno, a fim de detectar e, eventualmente, tratar a questão, minimizando as dificuldades da vida da criança e de sua família.
Dra. Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), conta que sua especialidade pode ser considerada a primeira em importância para investigar possibilidades de autismo, principalmente quando há questões relacionadas à habilidade auditiva e de desenvolvimento de linguagem. "Numa consulta de avaliação otorrinolaringológica em si, podemos investigar a criança em relação a questões de desenvolvimento e questões sociais. Distúrbios de sono que também podem estar relacionados ao autismo também podem ser inicialmente investigados pelo otorrinolaringologista. Conforme alguns sinais e sintomas de alerta, ele inicia a triagem precoce deste distúrbio", detalha.
As questões ligadas ao sono, ao sistema respiratório, a alterações auditivas e distúrbios da linguagem são muito frequentes nesse grupo de pacientes, segundo a especialista, que salienta o quanto essas comorbidades podem interferir negativamente no quadro clínico comportamental e social das crianças autistas. "O otorrino, por conta disso, acaba colaborando com pais e cuidadores no afastamento de desordens que possam agravar o quadro de autismo, da mesma forma que ajuda no diagnóstico e investigação desse transtorno", acrescenta.
Uma
vez que o sistema de comunicação humano carrega tantas complexidades e órgãos
inter-relacionados, o otorrino figura como um importante aliado na realização
de diagnósticos diferenciais e na elaboração de programas terapêuticos.
"Na perda auditiva, por exemplo, do diagnóstico à conduta terapêutica, o
otorrino é fundamental na elaboração do tratamento clínico ou até
cirúrgico", diz Dra. Roberta, ao reforçar que as perdas auditivas estão
relacionadas diretamente a um maior risco de atrasos no desenvolvimento nas habilidades
de comunicação receptiva e expressiva.
Diagnóstico precoce, sempre uma vantagem para a criança
Entre as principais ponderações de Dra. Roberta, o diagnóstico no tempo certo pode ser o maior aliado para o tratamento e bem-estar da criança, já que recupera a possibilidade do desenvolvimento das habilidades do autista, evitando perdas nos processos de aprendizagem e de interação social.
Muitas vezes, segundo Dra. Roberta, a criança pode aprender a sentar, engatinhar e andar de acordo com os marcos de desenvolvimento, mas apresentar dificuldade na comunicação não verbal, como o contato visual, na linguagem e na interação social. Em casa, segundo ela, os pais devem observar se a criança está com comportamentos diferentes de outras da sua faixa etária.
"A partir do momento que se nota um comportamento não habitual, é muito importante procurar um profissional para uma avaliação mais completa e para definição de possíveis diagnósticos", recomenda a especialista.
Para auxiliar nesse aspecto, a seguir, Dra. Roberta Pilla reúne 15 principais sinais de alerta para os cuidadores observarem na criança, na intenção de um diagnóstico precoce dos transtornos do espectro autista (TEAs):
- Dificuldade em manter contato visual;
- Não responde ao sorriso ou outras expressões faciais dos pais;
- Não olha para objetos para os quais os pais estão olhando ou
apontando;
- Não fala nenhuma palavra aos 15 meses ou frases aos 24 meses;
- Repete exatamente o que os outros dizem sem entender o significado;
- Pode não responder quando chamado pelo nome, mas responde a outros
sons (como a buzina de um carro ou o miado de um gato);
- Pode perder a linguagem ou outros marcos sociais entre os 15 e 24
meses de idade;
- Balança as mãos, balança o corpo ou roda em círculos; anda na ponta
dos pés por um longo tempo ou agita as mãos (chamado de “comportamento
estereotipado” ou estereotipia);
- Prazer em atividades incomuns, em interesses obsessivos, fazendo-as
repetidamente durante o dia;
- Brinca com partes de brinquedos em vez do brinquedo inteiro (por
exemplo, girando as rodas de um caminhão de brinquedo);
- Pode ser muito sensível ou nada sensível a cheiros, sons, luzes,
texturas e toque;
- Não brinca de brincadeiras simbólicas, como faz de conta, casinha,
boneca;
- Tem dificuldade para entender gestos, linguagem corporal ou tom de
voz;
- Confunde o uso dos pronomes, por exemplo, diz “eu” quando queria
dizer “você”;
- Tem dificuldade para elaborar frases, usa somente uma palavra por
vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário