Poluição apontada no Brasil por relatório mundial resseca as mucosas, predispõe à alergia ocular, olho seco e conjuntivite.
O 6º Relatório Mundial de Qualidade do Ar (IQAir), publicado no final de fevereiro na Suíça investigou como a qualidade do ar está interferindo na nossa saúde. O levantamento revela que em 2023 a emissão no Brasil de material particulado simples (PM2.5) foi de 12,5 microgramas/m3 ou 2,5 vezes acima dos 5 microgramas/m3 recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Significa que a qualidade do ar no Brasil é um grave problema de saúde pública. Isso porque, os pesquisadores apontam o PM2.5 como a menor e mais perigosa partícula de poluição. Por ser tão pequeno atinge os pulmões e dali circula por todo nosso organismo. Os dados da pesquisa mostram que a concentração do poluente encontrada no Brasil já foi maior, mas a quantidade atual pode comprometer o desenvolvimento do sistema imunológico e a capacidade cognitiva de crianças. Entre adultos, os possíveis efeitos são novos casos de câncer, doenças cardíacas e cicatrizes no pulmão que pioram a asma, bronquite e pneumonia.
Paras o oftalmologista
Leôncio Queiroz Neto do Instituo Penido Burnier de Campinas esta pesquisa
aciona o sinal de alerta para a saúde ocular. Isso porque, a estimativa da OMS
é de que no Brasil 20% da população têm alergia nas vias aéreas - rinite ou
sinusite. A chegada do outono, comenta, indica aumento da poluição e queda da
temperatura. Estas alterações ambientais somadas ao ar poluído certamente
aumentam as recidivas de crises alérgicas e 6 em cada 10 pacientes apresentam
simultaneamente a condição nos olhos.
Sinais e tratamento da alergia ocular
O oftalmologista explica que
os principais sintomas da alergia ocular são coceira, vermelhidão nos olhos, pálpebras
inchadas e lacrimejamento. Ao primeiro sintoma recomenda marcar consulta
oftalmológica, aplicar sobre os olhos compressas frias feitas com gaze e água
filtrada para aliviar o desconforto e evitar coçar. Isso porque, esclarece,
esfregar ou coçar os olhos fragiliza as fibras de colágeno da córnea, lente
externa do olho que afina e deforma. Conforme estas alterações na estrutura e
formato da córnea progridem, ressalta, podem causar ceratocone, maior causa de
deficiência visual entre jovens. Para quem já tem ceratocone a recomendação é
sempre consultar um oftalmologista ao primeiro desconforto. O tratamento da
alergia ocular varia conforme a gravidade de cada caso. Para alguns pacientes a
instilação de colírio anti-histamínico é suficiente. Em quadros mais severos o
tratamento é feito com colírio que contém corticoide e quando a gravidade é
extrema são indicados imunossupressores, sempre com supervisão do
oftalmologista para evitar o descontrole da infecção.
Telas agravam olho seco
Queiroz Neto afirma que a vida digital faz com que a síndrome do olho seco atinja 24% da população em todas as faixas etárias. Isso porque, normalmente piscamos cerca de vinte vezes por minuto. Na frente do monitor de seis a sete vezes. Isso resseca os olhos podendo causar lesões na córnea, especialmente entre usuários de lente de contato. Os sintoma são visão embaçada, ardor e irritação nos olhos.
O oftalmologista esclarece que entre idosos o olho seco pode ser causado por uma deficiência na produção da camada aquosa. Neste caso é decorrente de doenças reumatológicas ou autoimunes, alterações hormonais como menopausa ou andropausa, uso de antidepressivos, antialérgicos ou anti-hipertensivos que podem comprometer a produção das glândulas lacrimais. “O tratamento efeito com implante de um plugue na glândula lagrimal que estimula o escoamento da camada aquosa.”
O especialista comenta que o
olho seco também pode ser do tipo evaporativo quando ocorre obstrução de uma
pequena glândula na borda da pálpebra responsável pela produção da camada
oleosa. Queiroz Neto explica que o tratamento do olho seco evaporativo pode ser
feito com colírio lubrificante em casos leves ou moderados, compressas mornas
nas pálpebras e higienização na borda das pálpebras com um cotonete embebido em
xampu neutro.
Quando ocorre lesão ou
obstrução na glândula de Meibomio que produz a camada gordurosa da lágrima o
tratamento é feito com 3 aplicações de luz pulsada, em aplicação mensal.
Aglomerações causam conjuntivite
Queiroz Neto diz que a queda
da temperatura no outono aumenta as aglomerações em locais fechados e dissemina
a conjuntivite viral que pode ser causada por diversos vírus sendo o que o mais
frequente é o adenovírus que também causa resfriado. Altamente contagiosa, a
conjuntivite viral tem como sintomas
vermelhidão nos olhos, lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação,
fotofobia e visão borrada e
secreção viscosa.
Por ser altamente contagiosa,
mulheres de evitar o compartilhamento de maquiagem, além de fronhas, toalhas,
teclado de computador e outrod dispositivos.
Ao primeiro desconforto o
oftalmologista recomenda aplicar compressas feitas com gaze e água potável
fria. O tratamento é feito com colírio anti-inflamatório e lubrificante. Em alguns
casos se forma uma membrana sobre a conjuntiva que e retirada com laser.
Para prevenir as doenças
oculares de outono é importante estimular a imunidade com boa noite de sono,
atividades físicas leves, evitar atividades em espaços abertos, manter o corpo
bem hidratado bebendo água sempre que sentir sede.
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