Infelizmente, a violência ocorre com mulheres, crianças, idosos e animais da mesma família
Pela ciência é, em palavras mais rebuscadas: “ A
relação entre a violência contra os animais e a violência interpessoal
denomina-se Teoria do Elo, que é caracterizada por estudos que identificam a
capacidade de um agressor em agir de forma violenta, seja por ações diretas ou
indiretas, contra animais e pessoas, principalmente os mais vulneráveis’. Esta
explicação vem de um artigo científico publicado no Brazilian Journal of
Development, em abril de 2021.
Os estudos são recentes no mundo. E no Brasil,
ainda mais novos, as primeiras pesquisas datam do início dos anos 2000.
Basicamente, na Teoria do Elo, a violência é entendida – exatamente – como um
Ciclo Intergeracional.
“E o que significa? Que problemas disfuncionais
familiares vão sendo disseminado por um ou mais membros dessa família,
atingindo o núcleo inteiro, infelizmente. Principalmente, atingindo as pessoas
dessa família mais vulneráveis. Ou seja, a ocorrência dos maus-tratos aos
animais não é um fator isolado, pois essa forma de violência na maioria das
vezes é um indicador de problemas e de igual (ou pior) violência contra,
principalmente, mulheres, crianças e idosos”, ressalta a psicóloga Patricia
Bezzera,
Segundo a especialista em família, crianças e
adolescentes, as pesquisas realizadas, até então, mostram um cenário muito
parecido dentre elas. A maioria desses dados apresenta que os agressores são do
sexo masculino, tanto os agressores de mulheres, quanto dos animais.
E por que se chama Teoria do Elo? Responde Patrícia: “Porque as pesquisas e
monitoramentos começaram a verificar que homens, que agrediam suas companheiras
mulheres, em algum momento, também eram violentos com os animais. Ainda há
muitos caminhos a serem trilhados para desvendar todas as consequências das
ações de brutalidade contra mulheres e animais. Mas o fato já é conhecido e
precisa ser reparado o mais breve possível", explica ela.
A psicóloga ainda ressalta que o Estado não está
preparado para acolher os pets, apenas as mulheres e ainda com dificuldade
neste acolhimento. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
apontam uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirmam ter sofrido algum
tipo de violência doméstica nos últimos 12 meses, ou seja, cerca de 17 milhões
de mulheres brasileiras sofreram algum tipo de violência no último ano. No
estado de São Paulo, por exemplo, às agressões dentro de casa tiveram um
aumento de 42% para 48,8%, tendo como um dos principais agravantes o período
pandêmico em que o nosso país está passando.
“Elas relatam terem medo de sair e os companheiros
matarem o cachorro ou o gato. Nos Estados Unidos, por exemplo, já existem
lugares para acolher e proteger mulheres, junto com crianças e animais. No
Brasil ainda não temos”, finaliza Patricia Bezerra.
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