Antes voltados ao conforto térmico do consumidor em
ambientes fechados, como shoppings, teatros e escritórios, os sistemas de controle
e monitoramento da qualidade do ar passaram a integrar estratégias de segurança
para a saúde da população em espaços de trabalho e lazer. Os primeiros
indicativos dessa mudança, ainda em 2020, concentraram-se na instalação de
sistemas de verificação da circulação do ar e do dióxido de carbono nesses
espaços, em razão da pandemia.
Hoje, as soluções adjacentes para a indústria de
HVAC permitem a gestão completa de um edifício ou de outros ambientes fechados.
De acordo com Madjid Ouali, Diretor da América Latina e Caribe da divisão de
Medições Industriais da Vaisala, a automação predial, com a presença de
sensores e transmissores dotados de inteligência artificial, consegue
estabelecer conectividade em tempo real para aferir a qualidade do ar em
diferentes áreas de uma edificação ou de um local específico. ”Sistemas
avançados de medição permitem o monitoramento contínuo da circulação de ar,
níveis de ventilação, taxas de troca com o meio externo, filtragem de
partículas, temperatura, umidade, CO2, pressão, entre outros parâmetros
sensíveis, que fazem com que a qualidade do ar seja mantida em padrões
desejáveis”, afirma.
No caso da umidade relativa do ar (UR), a Norma
ASHRAE 62.1-2016 recomenda que seja mantida a menos de 65%, para reduzir a
probabilidade de crescimento microbiano. Segundo o especialista, embora a UR
seja frequentemente a variável de controle padrão para medição da umidade em
HVAC, essa nem sempre é a melhor escolha. Isso porque a medição de um parâmetro
distinto - como ponto de orvalho, temperatura de bulbo e entalpia - torna as
condições mais estáveis e o comissionamento do sistema mais fácil. “São
necessárias várias medições de umidade para obter uma quantidade suficiente de
informações para um controle preciso”, diz Ouali.
Em espaços públicos fechados ou mesmo hospitais, é
importante que os sensores tolerem desinfetantes comuns, bem como peróxido de
hidrogênio, comumente usados para procedimentos de descontaminação.
A automação predial em ambientes com grande
circulação de pessoas permite equilibrar o fluxo de ar interno considerando a
ocupação desses espaços físicos. ”Se há um fluxo maior de pessoas após o
horário comercial em um shopping, por exemplo, o sistema irá captar esse
acréscimo na concentração de CO2 e poderá aumentar a ventilação do local
monitorado, para estabilizar a qualidade do ar naquele ambiente. Da mesma
forma, em um edifício de escritórios comerciais, esses parâmetros são medidos
para que a temperatura e a umidade, independentemente do fluxo de pessoas,
sejam mantidas, a fim de tornar o espaço mais seguro à saúde de quem esteja no
local, evitando condições de transmissão de patógenos, germicidas, organismos
virais ou outros contaminantes”, realça.
O controle de sistemas integrados aos de HVAC pode
ser manual ou autônomo, a depender da administração do espaço, explica Ouali,
uma vez que há a possibilidade de configurar os sistemas de medição para soar
alarmes ou emitir sinais visuais de alerta, sempre que algum parâmetro de
controle do ar esteja fora do equilíbrio especificado.
Ainda durante o surto de Covid-19, a Sociedade
Norte-Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar-Condicionado
(ASHRAE) afirmou que esses sistemas não ofereciam apenas conforto térmico, mas
podiam melhorar a resistência a infecções. A Sociedade Americana de
Microbiologia (ASM), por sua vez, ao abordar a questão da transmissão da
Covid-19 em ambientes fechados, tomando por base o risco da doença em asilos e
cruzeiros, considerou que manter a umidade relativa do ar entre 40% e 60%
poderia limitar a propagação e sobrevivência do coronavírus, por ser a condição
ideal para manter as barreiras de defesa do corpo humano hidratadas.
Vaisala
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