Questões de ética
e privacidade levam Microsoft a descontinuar software de face ID
Em 2022 o mercado biométrico facial deve movimentar cerca de R$ 53 bilhões no mundo, segundo o relatório Allied Market Research. Na contramão dessa tendência, a Microsoft anunciou o fim do uso de reconhecimento facial em suas ferramentas. A decisão foi anunciada após uma crescente preocupação sobre esse tipo de tecnologia e frequentes críticas à capacidade da tecnologia de identificar emoções. O diretor de tecnologia da InfoWorker Tecnologia, Frederico Stockchneider, explica que o recurso não vai ser eliminado de fato, mas ficará indisponível para os usuários.
O especialista, cuja empresa é parceira Microsoft
Gold, esclarece que o foco dessa tecnologia agora será a acessibilidade. Isso
significa que a Microsoft continuará utilizando o recurso, só que de maneira
controlada, para aprimorar ferramentas de suporte a pessoas com deficiência
visual, por exemplo.
Tecnologia sensível
O uso de tecnologias de reconhecimento facial tem se popularizado cada vez mais e os debates a respeito do recurso acompanham essa evolução. Isso porque a biometria facial está entre as “tecnologias sensíveis”. Stockchneider explica que, no caso da Microsoft, a inteligência artificial responsável pelo reconhecimento facial teria a capacidade de rastrear as emoções dos usuários, entre outras características. “Isso levanta grandes questões que envolvem a privacidade dos usuários”, afirma.
A preocupação é que o recurso acabasse possibilitando a reprodução de estereótipos, uma vez que poderia permitir identificar o estado emocional, gênero, idade, religião e, até mesmo, sexualidade do indivíduo. “Todos esses dados são privados e considerados sensíveis, sendo direito do usuário mantê-los confidenciais”, alega o especialista.
Além disso, o acesso indevido e desnecessário a essas informações - que são classificadas como dados pessoais sensíveis, tanto pela legislação de proteção de dados nacional quanto a da Europa – e a possibilidade de vazamento desses elementos são considerados fatos gravíssimos.
“Havia um risco crescente relacionado a ataques
virtuais, deep fakes e fraudes bancárias envolvendo os dados de reconhecimento
facial”, explica Stockchneider. Para o especialista, o recurso e suas
ferramentas de segurança ainda precisam ser profundamente estudados, para então
serem disponibilizados, de forma que não ofereça maiores riscos aos usuários e
instituições.
Frederico
Stockchneider - empresário, diretor de tecnologia na InfoWorker Tecnologia e
Treinamento. Graduado em Sistemas da Informação pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR) e MBA em Gestão Estratégica de Empresas pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Responsável pela gestão e consultoria de projetos e soluções
tecnológicas para diversos segmentos nas áreas pública e privada.
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