Andrea Ladislau alerta
que não podemos fechar os olhos para as emoções de nossos filhos
Repostei no Tik Tok, um vídeo no qual uma
garotinha, vestida de dama de honra, faz sua entrada no casamento,
aparentemente bastante insatisfeita, dizendo as seguintes palavras: “Minha mãe
e meu pai me obriga”. Diante de tal situação e da forma como a criança se
posiciona, os convidados caem na gargalhada. Em poucas horas o vídeo viralizou
e inúmeros comentários chamaram a atenção para a atitude da pequena
daminha.
Enquanto muitas pessoas citam que a criança foi mal
educada, mimada e que precisa de limites para entender que não pode fazer
apenas o que quer. Outras, destacaram o lado cômico da sinceridade extrema da
bela protagonista. E ainda tivemos aqueles que entendem que, se não era da
vontade dela estar ali, não poderia ter sido obrigada a fazer o que não queria.
Porém, considerando os comentários deixados na
postagem, sem fazer juízo de valor, já que não temos o total conhecimento de
todo o contexto por traz do vídeo, a reflexão sobre o comportamento humano
torna-se inevitável. Afinal, nem sempre paramos para pensar em pequenos
detalhes do dia-a-dia que, podem gerar ecos, positivos ou não, na construção de
uma vida adulta.
Sem sombra de dúvidas, é claro que toda criança
precisa de limites, regras e rotinas. O respeito, o caráter, a honestidade e os
valores são fundamentais para que ela também compreenda que nem tudo é
permitido, e que, em muitos momentos da vida, ela não vai ter o que deseja. Vai
se sentir frustrada sim e está tudo bem. Afinal, são em momentos difíceis e
desafiadores que temos a oportunidade de crescer e evoluir enquanto seres
humanos que somos. Além disso, a vida não é feita apenas de episódios coloridos
e divertidos. Pelo contrário, ela nos confronta e cobra atitudes embasadas na
responsabilidade, na ética, na empatia e na consciência. A autoridade, dos pais
ou responsáveis ou de quem quer que seja, precisa ser respeitada e validada, ou
estaremos criando apenas indivíduos tiranos, perversos, manipuladores e tóxicos.
No entanto, também não podemos fechar os olhos aos
sentimentos e emoções de nossos filhos. Sabemos que nem tudo é negociável, mas
escutar nossas crianças também faz parte de um processo de aprendizado e
autoconhecimento, tanto para elas, quanto para os adultos. Já que todos
possuímos sentimentos. Permitir que a criança se expresse e possa desfrutar de
um diálogo respeitoso, facilitará a comunicação e abrirá caminhos para uma
melhor compreensão do que possa ser correto, aceito ou não, ao longo de sua
trajetória de vida. Do contrário, teremos uma infância marcada por infinitas
castrações, tendendo a gerar indivíduos amargurados, introspectivos, submissos
ou até mesmo, motivados por traumas psíquicos na fase adulta.
Enfim, a lição aprendida está em não romantizar os
excessos. Um adulto mentalmente saudável deve ter, na infância, bases sólidas
no limite, respeito e diálogo contínuo, para uma formação sadia de seu caráter
e personalidade. Sendo permitido a criança, exercer seu direito a dizer “não”
sem se sentir censurada. Visto que, respeitar, ter empatia pelo próximo,
compreender e valorizar sua essência sem ferir o mundo ao redor, certamente,
também contribuem de forma decisiva e bastante positiva, para a formação de
seres humanos mais equilibrados e seguros nas tomadas de decisões ao longo da
vida.
Dra. Andréa Ladislau - Psicanalista
https://vm.tiktok.com/ZMNxU1fwJ/?k=1
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