Quando falamos em câncer de cabeça e pescoço, além dos tumores da tireoide, largamente conhecidos pelo público e geralmente pouco agressivos, citamos principalmente os tumores da boca (língua, bochecha, gengiva) e da orofaringe (região das amígdalas em especial). Os carcinomas que se desenvolvem nestas partes do corpo tendem a ser mais agressivos, mas podem ser evitados a partir de hábitos saudáveis.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer de boca por ano é de 15.190, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres. A incidência é maior no público masculino pelo simples fato de os homens não darem tanta atenção à saúde bucal quanto o outro gênero. Os fatores de risco de grande importância têm a ver com a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas e o hábito de fumar, também mais frequentes entre os homens em comparação com as mulheres.
Acima dos 50 anos, há uma proporção
maior destes tipos de cânceres, pois é o tempo estimado que os carcinógenos do
tabaco e do álcool levam até realizar mutações nas células saudáveis. É mais
raro ver pessoas de menor faixa etária desenvolverem tumores de boca ou
orofaringe, mas quando isso acontece, pode haver relação direta com o vírus do
HPV, que tem se tornado mais comum entre os jovens não etilistas e não
tabagistas.
Quanto antes um tumor for descoberto,
maiores são as chances de um tratamento eficaz. Devido à agressividade e à
progressão rápida dos cânceres de boca, a taxa de mortalidade também é alta.
Por isso, a principal recomendação é realizar exames com frequência,
principalmente o de laringoscopia, que ajuda a ter uma visão mais detalhada da
boca e órgãos próximos.
Os tumores de boca também são, em sua
maioria, tratados com cirurgia, seguido de radioterapia. Eventualmente, é
utilizada quimioterapia em casos avançados. Ultimamente, tem havido avanço na
pesquisa do linfonodo sentinela no pescoço, técnica que já é utilizada para o
tratamento do câncer de mama e evita o esvaziamento cervical (cirurgia extensa
e sujeita a complicações) em aproximadamente 75% dos casos.
O importante a se fazer para evitar o
desenvolvimento de carcinomas da boca e orofaringe é manter sempre a saúde
bucal em dia, tanto com exames periódicos, quanto com a limpeza geral do dia a
dia, além de evitar o tabagismo e o consumo de álcool em excesso.
Fábio
Roberto Pinto - chefe da Equipe de
Retaguarda de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hcor e Professor Livre Docente de
Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela Faculdade de Medicina da USP
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