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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Trabalho: obrigação, missão ou prazer?



O trabalho faz parte da condição humana, e, como tal, é indissociável de sua existência. Desde a pré-história o trabalho constitui a forma de construção das sociedades e dos homens. Ao longo da história, ele assume diferentes sentidos, de acordo com os contextos vigentes.


Neste espaço, porém, não vamos tratar disto, nem das especificidades da legislação trabalhista no Brasil, nem tampouco dos impactos culturais e econômicos do trabalho. Aqui, trataremos essencialmente dos seus aspectos psicológicos e estratégicos na vida das pessoas.

As pesquisas mostram que as pessoas estão mudando e já começam a buscar um trabalho que traga significado à sua vida, que esteja compatível com sua missão, seus valores, sua visão de futuro.

Entender o verdadeiro significado da nossa vida é ter a verdadeira dimensão do como e quanto podemos contribuir para o progresso da humanidade. O trabalho é a principal ferramenta para isto, pois produzir algo que é reconhecido e utilizado pela sociedade permite um reconhecimento próprio, como alguém que existe e tem importância para a existência dos outros, transformando assim o trabalho em um meio para a construção do próprio homem.

Um dos principais questionamentos do ser humano é o seguinte: como devo investir o meu tempo: para ganhar dinheiro ou para ser feliz? O entendimento de que a pessoa fazendo o que gosta e sendo muito boa naquilo que se propõe a fazer, faz com que o dinheiro seja uma conseqüência está cada fez mais apoiado em pesquisas e estudos.

O livro “Making a life, making a living”, de Mark Albion, diz que “se você é feliz antes de ganhar dinheiro, continuará sendo feliz depois, mas se você é infeliz antes de fazer fortuna, o dinheiro não lhe fará feliz. Para as pessoas de renda muito baixa, o dinheiro aumenta a felicidade, porque melhora a qualidade de vida, mas para os que já possuem dinheiro (renda acima de 20 mil dólares anuais) ele contribui muito pouco, entre 2 a 5% , com a sua felicidade.”

Albion afirma que a satisfação no trabalho é um dos componentes da felicidade presente em todos os níveis de renda. Entretanto, são poucos os que conseguem encontrar satisfação pessoal no trabalho.

A satisfação não equivale necessariamente ao prazer. Pode existir satisfação sem prazer. Mas, por outro lado, não existe prazer sem satisfação. Vivenciar prazer no trabalho não depende só do “querer”, depende das condições nas quais o trabalho é realizado, da natureza da tarefa e do tipo de exigências que envolvem as capacidades do indivíduo. Não sendo prazerosa, devido a forças externas, uma atividade exige um gasto de energia maior do que o necessário e, muitas vezes, maior do que o indivíduo seja capaz de dar.

Esta é a razão para tantos investimentos na melhoria do clima organizacional, no sentido de levar as pessoas a encontrarem significado no seu trabalho, através de uma participação ativa e de outras condições que promovam um sentimento de valorização e reconhecimento, especialmente, na relação com as chefias e com colegas.

Para quem não gosta do que faz existem dois caminhos: mudar de trabalho ou mudar a percepção do trabalho que realiza, ou seja, procurar perceber outros aspectos implícitos que podem gerar satisfação, Segundo as pesquisas, quem trabalha no que gosta tem 50 vezes mais chances de ficar rico.

Sabemos, no entanto, que não é fácil para uma pessoa insatisfeita com o seu trabalho mudar, mas, passar a maior parte de sua existência sem ter a chance de encontrar prazer no que faz pode, não só impossibilitar o sucesso, mas também tornar a pessoa frustrada, amarga e “sem vida”. O processo de mudança pode ser doloroso, mas se for bem planejado pode trazer resultados incalculáveis. Eis aqui algumas perguntas importantes para você “se questionar” e descobrir se está caminhando na direção certa e encontrar prazer no trabalho:

-          Você se sente importante com que está fazendo no trabalho?

-          Você está fazendo a “diferença”?

-          Você trabalha com as pessoas de quem gosta e sente que as pessoas gostam de você?

-          Você consegue se divertir no trabalho?

-          Você percebe que está sempre aprendendo com seu trabalho?

-          Sua vida está harmoniosa e tem equilíbrio entre trabalho e vida pessoal?

O trabalho se transforma em prazer quando gera realização. Produzir algo proporciona um sentimento de valorização e reconhecimento. O trabalho possibilita aprender sobre um fazer específico, criar, inovar e desenvolver novas formas para execução da tarefa, bem como, são oferecidas condições de interagir com os outros, de socialização e reforço da identidade.

O trabalho vem se tornando cada vez mais central na vida das pessoas, o que acarreta conseqüências paradoxais para a integridade física, psíquica e social dos trabalhadores. De um lado, o trabalho - como atividade constituinte da identidade do trabalhador assume papel essencial para assegurar à saúde, de outro, os contextos nos quais ele se insere, de condições precárias e de falta de oportunidades, pode contribuir para o surgimento de doenças ocupacionais, psicossomáticas e até mentais.

Vale ressaltar o importante papel dos gestores, como agentes das mudanças necessárias para que as pessoas encontrem prazer nas atividades que desenvolvem dentro de suas organizações, contribuindo para a saúde mental dos trabalhadores e para uma sociedade melhor. Comece agora se perguntando: estou fazendo alguma diferença por meio do trabalho que desenvolvo?!




 Denize Dutra




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