O trânsito
brasileiro, com rodovias em péssimas condições de conservação, aliado à
imprudência dos motoristas e à idade avançada da frota brasileira (32% dos
automóveis tem mais de dez anos de fabricação, a maioria sem a manutenção
adequada) é o que mais mata no mundo. Chegamos ao recorde mundial de 65 mil
mortes no ano de 2011. Esses números foram mitigados, em parte pelo advento da
lei seca, e chegam atualmente a 42 mil óbitos anuais, número ainda assim
assustador.
Embora tais dados sejam impressionantes, se apequenam quando comparados com as mortes decorrentes de “condições adquiridas secundárias à assistência”, os chamados “eventos adversos” nos hospitais brasileiros. Tal fenômeno já é reconhecido como um problema de saúde pública pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Evento adverso ocorre quando o paciente tem o seu estado agravado ou mesmo vai a óbito por causa diferente daquela que orientou a sua internação, ou seja, por algum mal contraído ou desenvolvido dentro do próprio hospital ou em função de seu tratamento, mas diferente do trauma ou doença que deu origem ao internamento. No ano de 2015, segundo a ANS, as operadoras gastaram mais de 15 bilhões de reais só para tratar os eventos adversos.
Estima-se que 19% dos pacientes internados no Brasil sejam vitimados por algum evento adverso e, desses, 6% vão à óbito. Ou seja, das 19 milhões de internações anuais, 3,6 milhões de pacientes sofrem algum evento adverso e 220 mil efetivamente morrem a cada ano. Esse número representa 5,2 vezes todo o trânsito brasileiro e 3,6 vezes o número de mortes decorrentes da violência urbana (61 mil óbitos/ano). Estima-se que haja 110 mil mortes anuais no Brasil decorrentes da infecção hospitalar apenas. Pelo menos 70% dessas mortes seriam evitáveis com o simples gesto de lavar as mãos.
Em números crus, concluímos que 6.812 hospitais se envolvem no quíntuplo de óbitos que ocorrem com 85 milhões de automóveis em 1,76 milhões de quilômetros de rodovias malconservadas.
Recente estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a coordenação do Professor Renato Camargo Couto, publicado no Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, aponta que a cada três minutos morrem cinco brasileiros vítimas de eventos adversos. Esse número fica atrás apenas das mortes causadas por doenças cardiorrelacionadas (349.652) e é superior às mortes provocadas pelo câncer (209.780), sendo a segunda causa de mortes no Brasil.
Os eventos adversos, todavia, não se resumem apenas a óbitos, mas incluem outras morbidades graves, sequelas motoras, sequelas neurológicas, danos estéticos, danos psíquicos e sofrimentos morais.
Nos Estados Unidos, um em cada dez pacientes internados desenvolve algum evento adverso. 50% das cirurgias tem um erro ou evento adverso relacionado ao uso de medicação. Ocorre um erro de medicação por dia de internação hospitalar. 10% de óbitos submetidos a necropsia, segundo estudos de Balogh et al.(2015) tiveram pelo menos um erro de diagnóstico. Nas internações hospitalares, o erro de diagnóstico é responsável por 6% a 17% dos eventos adversos.
No mundo todo ocorrem 42,7 milhões de eventos adversos nas 421 milhões de internações anuais. Dos fatores que provocam, desencadeiam ou potencializam os eventos adversos, a infecção hospitalar aparece em primeiro lugar, seguida pelos erros de medicação e erro de diagnóstico.
Nos Estados Unidos, os eventos adversos representam a terceira causa de morte (400 mil anuais), perdendo apenas para as doenças cardiorrelacionadas (614 mil anuais) e o câncer (591 mil/ano).
A saúde está doente. Os hospitais estão na UTI. Os pacientes não estão seguros. Nossos hospitais são hoje, talvez, o ambiente mais inóspito em que o doente possa permanecer.
Embora tais dados sejam impressionantes, se apequenam quando comparados com as mortes decorrentes de “condições adquiridas secundárias à assistência”, os chamados “eventos adversos” nos hospitais brasileiros. Tal fenômeno já é reconhecido como um problema de saúde pública pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Evento adverso ocorre quando o paciente tem o seu estado agravado ou mesmo vai a óbito por causa diferente daquela que orientou a sua internação, ou seja, por algum mal contraído ou desenvolvido dentro do próprio hospital ou em função de seu tratamento, mas diferente do trauma ou doença que deu origem ao internamento. No ano de 2015, segundo a ANS, as operadoras gastaram mais de 15 bilhões de reais só para tratar os eventos adversos.
Estima-se que 19% dos pacientes internados no Brasil sejam vitimados por algum evento adverso e, desses, 6% vão à óbito. Ou seja, das 19 milhões de internações anuais, 3,6 milhões de pacientes sofrem algum evento adverso e 220 mil efetivamente morrem a cada ano. Esse número representa 5,2 vezes todo o trânsito brasileiro e 3,6 vezes o número de mortes decorrentes da violência urbana (61 mil óbitos/ano). Estima-se que haja 110 mil mortes anuais no Brasil decorrentes da infecção hospitalar apenas. Pelo menos 70% dessas mortes seriam evitáveis com o simples gesto de lavar as mãos.
Em números crus, concluímos que 6.812 hospitais se envolvem no quíntuplo de óbitos que ocorrem com 85 milhões de automóveis em 1,76 milhões de quilômetros de rodovias malconservadas.
Recente estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a coordenação do Professor Renato Camargo Couto, publicado no Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, aponta que a cada três minutos morrem cinco brasileiros vítimas de eventos adversos. Esse número fica atrás apenas das mortes causadas por doenças cardiorrelacionadas (349.652) e é superior às mortes provocadas pelo câncer (209.780), sendo a segunda causa de mortes no Brasil.
Os eventos adversos, todavia, não se resumem apenas a óbitos, mas incluem outras morbidades graves, sequelas motoras, sequelas neurológicas, danos estéticos, danos psíquicos e sofrimentos morais.
Nos Estados Unidos, um em cada dez pacientes internados desenvolve algum evento adverso. 50% das cirurgias tem um erro ou evento adverso relacionado ao uso de medicação. Ocorre um erro de medicação por dia de internação hospitalar. 10% de óbitos submetidos a necropsia, segundo estudos de Balogh et al.(2015) tiveram pelo menos um erro de diagnóstico. Nas internações hospitalares, o erro de diagnóstico é responsável por 6% a 17% dos eventos adversos.
No mundo todo ocorrem 42,7 milhões de eventos adversos nas 421 milhões de internações anuais. Dos fatores que provocam, desencadeiam ou potencializam os eventos adversos, a infecção hospitalar aparece em primeiro lugar, seguida pelos erros de medicação e erro de diagnóstico.
Nos Estados Unidos, os eventos adversos representam a terceira causa de morte (400 mil anuais), perdendo apenas para as doenças cardiorrelacionadas (614 mil anuais) e o câncer (591 mil/ano).
A saúde está doente. Os hospitais estão na UTI. Os pacientes não estão seguros. Nossos hospitais são hoje, talvez, o ambiente mais inóspito em que o doente possa permanecer.
Raul Canal - Advogado, presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) e autor das obras "O pensamento jurisprudencial brasileiro no terceiro milênio sobre erro médico" e "Erro médico e judicialização da medicina".
Nenhum comentário:
Postar um comentário