O trabalho faz
parte da condição humana, e, como tal, é indissociável de sua existência. Desde
a pré-história o trabalho constitui a forma de construção das sociedades e dos
homens. Ao longo da história, ele assume diferentes sentidos, de acordo com os
contextos vigentes.
Neste espaço, porém, não vamos tratar disto, nem
das especificidades da legislação trabalhista no Brasil, nem tampouco dos
impactos culturais e econômicos do trabalho. Aqui, trataremos essencialmente
dos seus aspectos psicológicos e estratégicos na vida das pessoas.
As pesquisas mostram que as pessoas estão mudando e
já começam a buscar um trabalho que traga significado à sua vida, que esteja
compatível com sua missão, seus valores, sua visão de futuro.
Entender o verdadeiro significado da nossa vida é
ter a verdadeira dimensão do como e quanto podemos contribuir para o progresso
da humanidade. O trabalho é a principal ferramenta para isto, pois produzir
algo que é reconhecido e utilizado pela sociedade permite um reconhecimento
próprio, como alguém que existe e tem importância para a existência dos outros,
transformando assim o trabalho em um meio para a construção do próprio homem.
Um dos principais questionamentos do ser humano é o
seguinte: como devo investir o meu tempo: para ganhar dinheiro ou para ser
feliz? O entendimento de que a pessoa fazendo o que gosta e sendo muito boa
naquilo que se propõe a fazer, faz com que o dinheiro seja uma conseqüência
está cada fez mais apoiado em pesquisas e estudos.
O livro “Making a life, making a living”, de Mark
Albion, diz que “se você é feliz antes de ganhar dinheiro, continuará sendo
feliz depois, mas se você é infeliz antes de fazer fortuna, o dinheiro não lhe
fará feliz. Para as pessoas de renda muito baixa, o dinheiro aumenta a
felicidade, porque melhora a qualidade de vida, mas para os que já possuem
dinheiro (renda acima de 20 mil dólares anuais) ele contribui muito pouco,
entre 2 a 5% , com a sua felicidade.”
Albion afirma que a satisfação no trabalho é um dos
componentes da felicidade presente em todos os níveis de renda. Entretanto, são
poucos os que conseguem encontrar satisfação pessoal no trabalho.
A satisfação não equivale necessariamente ao
prazer. Pode existir satisfação sem prazer. Mas, por outro lado, não existe
prazer sem satisfação. Vivenciar prazer no trabalho não depende só do “querer”,
depende das condições nas quais o trabalho é realizado, da natureza da tarefa e
do tipo de exigências que envolvem as capacidades do indivíduo. Não sendo
prazerosa, devido a forças externas, uma atividade exige um gasto de energia
maior do que o necessário e, muitas vezes, maior do que o indivíduo seja capaz
de dar.
Esta é a razão para tantos investimentos na
melhoria do clima organizacional, no sentido de levar as pessoas a encontrarem
significado no seu trabalho, através de uma participação ativa e de outras
condições que promovam um sentimento de valorização e reconhecimento,
especialmente, na relação com as chefias e com colegas.
Para quem não gosta do que faz existem dois
caminhos: mudar de trabalho ou mudar a percepção do trabalho que realiza, ou
seja, procurar perceber outros aspectos implícitos que podem gerar satisfação,
Segundo as pesquisas, quem trabalha no que gosta tem 50 vezes mais chances de
ficar rico.
Sabemos, no entanto, que não é fácil para uma
pessoa insatisfeita com o seu trabalho mudar, mas, passar a maior parte de sua
existência sem ter a chance de encontrar prazer no que faz pode, não só
impossibilitar o sucesso, mas também tornar a pessoa frustrada, amarga e “sem
vida”. O processo de mudança pode ser doloroso, mas se for bem planejado pode
trazer resultados incalculáveis. Eis aqui algumas perguntas importantes para
você “se questionar” e descobrir se está caminhando na direção certa e
encontrar prazer no trabalho:
-
Você se sente importante com que está fazendo no trabalho?
-
Você está fazendo a “diferença”?
-
Você trabalha com as pessoas de quem gosta e sente que as pessoas gostam de
você?
-
Você consegue se divertir no trabalho?
-
Você percebe que está sempre aprendendo com seu trabalho?
-
Sua vida está harmoniosa e tem equilíbrio entre trabalho e vida pessoal?
O trabalho se transforma em prazer quando gera
realização. Produzir algo proporciona um sentimento de valorização e
reconhecimento. O trabalho possibilita aprender sobre um fazer específico,
criar, inovar e desenvolver novas formas para execução da tarefa, bem como, são
oferecidas condições de interagir com os outros, de socialização e reforço da
identidade.
O trabalho vem se tornando cada vez mais central na
vida das pessoas, o que acarreta conseqüências paradoxais para a integridade
física, psíquica e social dos trabalhadores. De um lado, o trabalho - como
atividade constituinte da identidade do trabalhador assume papel essencial para
assegurar à saúde, de outro, os contextos nos quais ele se insere, de condições
precárias e de falta de oportunidades, pode contribuir para o surgimento de
doenças ocupacionais, psicossomáticas e até mentais.
Vale ressaltar o importante papel dos gestores,
como agentes das mudanças necessárias para que as pessoas encontrem prazer nas
atividades que desenvolvem dentro de suas organizações, contribuindo para a
saúde mental dos trabalhadores e para uma sociedade melhor. Comece agora se
perguntando: estou fazendo alguma diferença por meio do trabalho que
desenvolvo?!
Denize
Dutra
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