Você já deve ter percebido que, nos filmes de
super-heróis, agora, eles são postos em times, o formato ‘liga da justiça’. Com
os problemas mais complexos e os desafios cada vez mais incertos, os talentos
individuais precisam ser combinados na hora de enfrentar os problemas. Portanto
o super-herói precisa do seu time. Você já reparou que estamos como pessoas,
profissionais e sociedade enfrentando a mesma situação?
Na busca por explorar as habilidades e potencialidades
individuais, surgem os movimentos colaborativos. Um exemplo simples se passou
comigo: os pais da escola de meu filho estavam reclamando de como os livros
estavam ficando mais caros e um deles propôs que fizéssemos uma feira de livros
para trocar, vender e aproveitar melhor os livros de nossos filhos. Bingo, uma
economia de 40%. Depois, soube que, em vários lugares, outras iniciativas
iguais estavam ocorrendo. Sem falar em lojas colaborativas, onde se divide
espaço para diversos empreendedores apresentarem seus produtos ou os espaços de
co-working que são uma realidade para quem quer trabalhar com baixo custo, e há
muitos outros exemplos.
Com o intuito de reunir pessoas, potencialidades e
ideias, as empresas estão procurando ambientes mais colaborativos. O tema
‘colaboração’ faz parte de uma medida internacional de saúde organizacional,
empresas mais colaborativas se renovam mais rápido e logo são mais
sustentáveis. Problemas mais cabeludos sendo resolvidos por times colaborativos
têm sido uma premissa. Se hoje um jovem for procurar emprego, ele certamente
será avaliado por sua capacidade de trabalhar junto, colaborando, e quem está
empregado e não trabalha colaborativamente, está cada vez mais sob o risco ter
espaço para ocupar.
Em casa, na escola e em vários ambientes, o assunto
é o mesmo. Desenvolver habilidades colaborativas para enfrentar os desafios de
um mundo cada vez mais interdependente. Tarefa difícil para pessoas que, como
nós, foram criadas e têm no entorno uma sociedade que se pauta mais pela
competição do que pela colaboração. Há muito para falar sobre isso e despertar
para a necessidade de aprender a colaborar.
Por causa disso, começamos a pesquisar sobre
colaboração produtiva. Porque não é a colaboração pela colaboração, mas aquela
que nos leva a um resultado qualitativa e quantitativamente melhor. Durante um
ano, dialogamos com uma série de pessoas vindas de organizações, escolas e
pessoas da sociedade sobre o tema e chegamos a uma definição: “Colaboração
Produtiva significa pessoas que trabalham juntas para um propósito comum,
utilizando o máximo de suas potencialidades em um fluxo contínuo de
aprendizagem, mantendo um envolvimento emocional durante o processo” (extraído
do livro ‘Inovação: Diálogos sobre Colaboração Produtiva’).
Colaborar é diferente de ajudar. Ajudar o outro
significa se doar para alguém que precisa de sua habilidade ou recurso.
Colaborar também é diferente de cooperar. Cooperação ocorre quando cada um dos
envolvidos faz a sua parte separadamente e, todos juntos, esperam que a
combinação deles leve ao resultado. Ao colaoborar, trabalhamos juntos para um
objetivo comum de forma interdependente para construirmos algo. Às vezes,
tratamos tudo como uma coisa só, mas são diferentes.
A outra questão é que é necessário que a colaboração
seja produtiva. Muitas pessoas relacionam ser produtivo com trabalhar mais ou
fazer muito esforço para produzir em maior quantidade. Parece uma ideia que
enraizada em nossa cabeça. Para vencer essa ideia equivocada, agreamos ao
conceito de colaboração o valor de ser também produtiva. E isso não requer
trabalhar mais ou se esforçar mais. Uma simples ideia dada em 15 minutos, por
exemplo, pode nos ajudar a ganhar milhões se agregada ao ato de fazer
diferente. Não podemos mais apenas fazer por fazer. Para ser produtivo, o
pensar e o fazer andam juntos. O conhecimento, a análise e as ideias têm valor
e devem ser estimuladas em todos.
Líderes - e quero dizer aí pais, professores,
políticos, presidentes, diretores, gerentes etc. - precisam colaborar produtivamente
cada vez mais como resposta aos problemas mais complexos e incertos que
vivemos. Desde o nosso modelo de avaliação educacional, competições ou mesmo em
nossos lares, fomos estimulados desde sempre a vencer individualmente, a sermos
melhores que os outros, a concorrer para obtermos um espaço melhor para cada um
e agora isso precisa ser visto como algo coletivo e não individual. Eu só posso
estar bem se outros também estiverem e a forma de realizar essa façanha é
juntos.
Celso
Braga - Sócio-diretor. Mestre em Educação,
pós-graduado em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, é qualificado
como professor supervisor pela FEBRAP e Psicólogo. Fundador e diretor
da Bridge Soluções em Desenvolvimento Humano e coordenador do comitê
de referência em inovação aplicada no cotidiano que sustenta o prêmio “O Melhor
da Inovação”. Possui 25 anos de experiência na área de desenvolvimento de
lideranças em organizações, em desenvolvimento de estratégias organizacionais,
planejando, planejamento estratégico, projetos educacionais, desenho de
conexões entre iniciativas da educação corporativa e desenho de soluções para
inovação. Palestrante internacional com atuação em conferências e
universidades, autor de livros voltados para gestão organizacional
("A Jornada Ôntica – Uma perspectiva sustentável para o mundo através das
organizações", 2013; "Educação para excelência",
2014; “O Hólon da liderança – Um novo jeito para liderar”, 2015).
Diretor Administrativo da Drucker Society Brazil SP vinculada a
Drucker Institute em Claremont CA.
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