O mercado de trabalho, pouco a
pouco, está se transformando para alcançar a igualdade de gênero. Há quem
acredite que essa igualdade já acontece na maioria das áreas. Mas, a verdade, é
que ainda precisamos trilhar um longo caminho em busca da diversidade dentro
das empresas, em especial na área de tecnologia e digital, onde o número de
mulheres é ainda menor do que vemos em outros setores.
A
reduzida presença feminina nas áreas de tecnologia é difícil de ser explicada,
uma vez que a diferença técnica e de capacidade não explica a falta de mulheres
nesse mercado. Até porque a aptidão para a tecnologia também é uma
característica feminina. Uma prova disso é que o primeiro algoritmo da história
foi desenvolvido por uma mulher, chamada Ada
Lovelace. O protocolo STP, um procedimento que auxilia na melhor performance da rede, é invenção de
Radia Perlman. E a tecnologia usada nos telefones celulares e nas redes wi-fi
tem como base o trabalho da inventora e atriz Hedy Lamarr, feito na época da
Segunda Guerra Mundial.
O
fato é que a diferenciação de gênero é uma questão social. Apesar de homens e
mulheres serem diferentes, a capacidade técnica e as competências intelectuais
não são. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que diferencia
tratamentos na criação de meninos e meninas, impondo condutas diferentes para
cada gênero. Portanto, essa disparidade no segmento de tecnologia é um problema
cultural que começa muito cedo em nossas vidas, ainda na primeira infância.
Quando
o assunto é tecnologia, logo no início da vida, muitas vezes, não estimulamos o
interesse das meninas pelo tema e limitamos o contato das mesmas com esse
universo tecnológico. Elas acabam sendo muito mais incentivadas a brincar de
boneca e a fazer comidinha, enquanto os meninos recebem as multitelas dos
celulares, tablets e jogos de vídeo game Dessa maneira não só deixamos de
incentiva-las e de introduzi-las a todos os benefícios que a tecnologia oferece
em termos de aprendizado,, como simplesmente nem ofertamos essa possibilidade a
elas.
Para
as meninas que vencem essa barreira e conseguem conhecer e se interessar por
TI, a sociedade impõem outros obstáculos que seguem pela adolescência e
culminam por se acentuar na faculdade. É no banco das universidades que o
preconceito de gênero e o isolamento social se encarrega de deixar claro que
“esse lugar não é para mulheres”. De acordo com o INEP/MEC, as mulheres
representam apenas 15%do corpo discente nos cursos
relacionados à computação. Constantemente atacadas por colegas, e até
mesmo por professores, as mulheres sofrem assédio moral e poucas alunas chegam
a concluir o ensino superior na área. Outra pesquisa indica ainda que 79% das alunas dos cursos relacionados à TI desistem já no
primeiro ano.
As
que bravamente sobrevivem aos preconceitos precisam correr para conquistar uma
oportunidade no mercado de trabalho. Construir uma carreira, ou mesmo abrir uma
empresa, é o grande desafio feminino dentro do mercado de tecnologia. Nas
principais empresas de tecnologia, em média, apenas 30% do quadro de
funcionários é composto por mulheres. E ainda, um estudo feito pela Harvard
Business School aponta que apenas 10% dos aportes financeiros são feitos em startups
comandadas por mulheres.
Outro
dado que acho extremamente relevante é que o último levantamento do IBGE
indicou que no Brasil existem 6,3 milhões de mulheres a mais que homens. Não
sei você, mas isso me faz pensar o quanto as empresas ainda desperdiçam
talentos. O que quero dizer é que tenho certeza que boa parte dessas mulheres
estão mais do que aptas a exercerem uma série de funções e cargos, não só na
área de tecnologia, mas em muitas outras áreas, no entanto, por existir
barreiras culturais e sociais elas ainda são duramente negligenciadas e
excluídas do mercado de trabalho.
Para
mim, não se trata de uma exclusão de gênero, mas um desperdício de talentos,
independente do gênero.
Se
essa realidade lhe parece cruel e parte de uma construção social desigual, será
que podemos mudar esse cenário? A resposta é sim! E o primeiro passo deve
acontece dentro de casa. É papel da família apresentar a tecnologia para as
meninas, e incentivar o interesse delas nas carreiras de exatas. O
empoderamento de lutarem por aquilo que desejam será o segundo passo - e o mais
importante, visto que precisarão percorrer um longo caminho de resistência
contra uma maré inteira as puxando para longe da área TI e as aproximando
culturalmente das áreas de humanas.
O
terceiro passo, felizmente, já começa a ser dado pelo mercado de tecnologia.
Aqui na Yoctoo, consultoria boutique de recrutamento e seleção especializada em
TI e digital, já notamos o interesse das empresas em equilibrar as equipes e
trazer diversidade para o time. Se aumentarmos a oferta de mulheres
participando dos processos seletivos, consequentemente aumentaremos também o
número dessas profissionais nesses cargos.
Não
é possível afirmar quando e se seremos capazes de chegar ao tão sonhado e
falado 50/50 dentro das empresas. Mas, certamente, enquanto sociedade, devemos
lutar para criar um ambiente menos agressivo para com as mulheres. Enquanto
recrutadora para o mercado de TI, espero ver esse quadro mudando em um futuro
próximo e desejo concluir muitos processos seletivos onde as mulheres sejam as
escolhidas para muitas das vagas que passam por mim, não por serem mulheres,
mas por serem, antes de tudo, excelentes profissionais.
Renata Ambrosini -
formada em Psicologia e tem mais de 9 anos de experiência para na área de
seleção de profissionais em TI, Renata é consultora de recrutamento e seleção
na Yoctoo.
https://www.yoctoo.com/pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário