Pesquisa inédita do
Ministério da Saúde aponta crescimento
de doenças crônicas que afetam a visão. Saiba como prevenir.
A pesquisa Vigitel
2016 recentemente divulgada pelo Ministério da Saúde alerta para o crescimento
da obesidade, hipertensão e diabetes no Brasil. De acordo com oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do
Instituto Penido Burnier o levantamento indica que a população deve estar mais
atento à saúde ocular e fazer exames oftalmológicos anuais. Isso porque, estas
alterações podem causar graves danos à visão.
Retinopatia
por hipertensão arterial
O oftalmologista
observa que o crescimento da obesidade em 60% nos últimos 10 anos, apontado
pela pesquisa, facilita o aparecimento
da retinopatia hipertensiva. Isso porque, o excesso de gordura predispõe à
hipertensão arterial que segundo a Vigitel teve um crescimento de 14% no mesmo
período. Queiroz Neto ressalta que a soma da obesidade com a hipertensão
arterial eleva o risco de contrair retinopatia hipertensiva. A doença,
explica, é caracterizada pela obstrução dos vasos e artérias da retina, membrana no fundo do olho
que grava as imagens transportadas ao cérebro pelo nervo óptico. "No
início a retinopatia hipertensiva não tem sintomas" afirma. Ainda assim,
pondera, o exame de fundo de olho pode revelar o estreitamento das artérias da
retina antes de surgir qualquer alteração na visão. Os primeiros sinais da retinopatia
hipertensiva são visão turva e diminuição do campo visual, mas só aparecem
quando já avançou bastante.
Para prevenir a
evolução que pode levar à perda da visão o oftalmologista recomenta acompanhamento oftalmológico
anual, manter a pressão arterial sob
controle através de atividades físicas, medicamento para hipertensão arterial e
consumo moderado de sal .
Os efeitos da hipertensão mal controlada sobre a retina são
a diminuição da circulação, enfraquecimento das paredes das artérias, hemorragia e edema na mácula, porção central
responsável pela visão de detalhes, pontua o especialista.
O tratamento de edemas
e déficits de visão inclui aplicação de laser e injeções intravítreas de
corticóide.
Catarata
Queiroz Neto adverte que o brasileiro consome o dobro de sal/dia que os 5 gramas
preconizados pelo OMS (Organização Mundial da Saúde). Este consumo, ressalta,
é ainda maior nos meses mais frios. O
excesso de sal na dieta aumenta o risco de desenvolver hipertensão arterial
e faz a catarata aparecer cada vez mais
cedo no país. A doença, afirma, é a maior causa de cegueira tratável no mundo. Só
no Brasil responde por 49% dos casos de perda da visão. Embora não possa ser
evitada por também estar relacionada ao envelhecimento, pode ser adiada. O
único tratamento é a cirurgia que substitui o cristalino opaco por uma lente
que é implantada no olho. O sal, explica, regula os fluídos e substâncias
extracelulares no nosso organismo. O consumo abusivo antecipa a catarata porque dificulta
a manutenção da pressão osmótica entre as células da lente natural do olho e forma depósitos que a tornam opaca.
Outro inimigo do cristalino apontado pelo
oftalmologista e pela Vigitel é o excesso de açúcar. Só para se ter uma ideia,
a pesquisa mostra que o diabetes cresceu quase 62% em 10 anos e hoje atinge
cerca de 9% dos brasileiros. Queiroz Neto afirma que o diabetes é
multifatorial. Pode estar relacionado à genética, estresse, excesso de bebidas alcoólicas, obesidade,
hipertensão, dieta muito calórica que inclui alto consumo de açúcar, entre
outros. O médico afirma que o diabetes também acelera a catarata por degenerar
as células do cristalino.
Retinopatia
diabética
Outra doença ocular
que geralmente surge após 10 anos de convívio com a hiperglicemia é a
retinopatia diabética, importante causa de perda da visão na terceira idade. O
especialista diz que o diabetes lentamente obstrui os vasos da retina. Inicialmente
leva à diminuição da visão e à formação de manchas quando atinge parte da
mácula. Conforme evolui pode levar à
formação de novos vasos. Por serem mais frágeis, estes neovasos podem romper e
causar grande hemorragia no fundo do olho que leva à cegueira definitiva.
Queiroz Neto alerta que
alguns alimentos aumentam o risco de obstrução dos vasos e artérias. São os que
combinam glicose e frutose, como por exemplo os refrigerantes, sucos
industrializados, entre outros. Isso porque, explica, quando este coquetel cai
no fígado é convertido em gordura. Para manter a visão, recomenda manter a
glicemia sob controle e checar a
composição dos alimentos. Sempre que combinar açúcar e frutose representa um
risco maior para a circulação, inclusive dos olhos.
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