A recente e trágica morte de Henrique Chagas, um empresário
de 27 anos, em uma clínica de estética na zona sul de São Paulo, levanta
preocupações sobre a segurança e os protocolos seguidos em procedimentos
estéticos. Henrique, que procurava aliviar as marcas de acne no rosto, pagou R$
4.500 pelo procedimento de peeling de fenol. A Polícia Civil está investigando
as circunstâncias de sua morte, que ocorreu logo após a aplicação do
tratamento. É crucial compreender os riscos associados a esse tipo de
procedimento e a importância de uma avaliação médica rigorosa.
O que é o peeling de fenol?
A dermatologista Dra. Renata Castilho, explica que o peeling
de fenol é um procedimento estético profundo utilizado para renovar as camadas celulares
da pele, visando melhorar a qualidade da pele, reduzir manchas, cicatrizes de
acne e rugas, além de estimular a produção de colágeno. Embora possa oferecer
resultados significativos, é um procedimento perigoso devido aos efeitos
nefrotóxicos e cardiotóxicos do fenol. Em casos extremos, o fenol pode alterar
a repolarização do coração, levando a uma parada cardíaca, como é suspeitado no
caso de Henrique Chagas.
Indicações e contraindicações
Este procedimento é indicado para pessoas que buscam uma pele mais suave e com menos rugas. No entanto, não é adequado para todos. Pacientes com condições cardíacas, em uso de certos medicamentos (como antidepressivos, anticonvulsivantes e medicamentos para pressão arterial), ou com histórico de cicatrizes hipertróficas ou quelóides, devem evitar o peeling de fenol. Além disso, pessoas com fototipos mais altos, como pele negra, ou descendência asiática, têm maior risco de desenvolver manchas ou cicatrizes após o procedimento.
Preparação e monitoramento
A segurança durante a realização do peeling de fenol depende de uma preparação meticulosa e monitoramento constante. o paciente deve ser submetido a uma avaliação detalhada de saúde, incluindo histórico de comorbidades e uso de medicamentos. O uso de uma espuma de limpeza, hidratante, protetor solar e um ácido manipulado foi recomendado a Henrique, mas a falta de pedidos de exames e de monitoramento e a forma rápida de aplicar podem ter determinado a morte de Henrique.
Durante o procedimento, é essencial que o paciente seja constantemente hidratado e monitorado. O rosto deve ser tratado em seções, com intervalos de 15 minutos entre cada aplicação para permitir a metabolização do fenol. Cada seção deve ser seguida de uma avaliação dos parâmetros vitais do paciente e hidratação adequada. Realizar o peeling em um ambiente arejado e com monitorização constante pode reduzir significativamente os riscos de complicações graves.
Os principais riscos associados ao peeling de fenol incluem parada cardiorrespiratória, complicações renais, infecções locais e hiperpigmentação ou hipopigmetação da pele. Para evitar tais riscos, é crucial seguir protocolos rigorosos. Pacientes devem ser cuidadosamente selecionados, avaliando-se a possibilidade de suspensão temporária de medicamentos que possam interagir com o fenol. Além disso, a técnica de aplicação deve ser precisa, dividindo o tratamento em seções e monitorando o paciente em cada etapa.
O pós-tratamento requer acompanhamento médico contínuo para evitar complicações. O paciente deve seguir todas as orientações médicas, incluindo hidratação constante e evitar exposição solar sem proteção adequada.
O peeling de fenol, embora eficaz em muitos casos, deve ser realizado com extrema cautela e sob rigorosa supervisão médica. A avaliação prévia de saúde, monitoramento contínuo durante o procedimento e cuidados pós-tratamento são fundamentais para garantir a segurança do paciente.
“Este incidente destaca a necessidade de regulamentação mais rígida e conscientização sobre os riscos e requisitos para procedimentos estéticos invasivos. É essencial que os pacientes busquem clínicas credenciadas e profissionais qualificados, garantindo que todas as precauções necessárias sejam tomadas para prevenir tragédias semelhantes no futuro”, conclui a Dra Renata Castilho.
Dra. Renata Castilho - CRM/SP – 197372 - Dermatologista e Tricologista. Graduação em Medicina pela Universidade São Francisco (USF). Especialização em Dermatologia pela Faculdade Instituto Superior de Medicina e Dermatologia (ISMD -São Paulo). Mestre em estudos do Envelhecimento pela Pontifícia Universidade (PUC/SP).
Palavra da Dra:
“Procuro com meu trabalho postergar o envelhecimento e manter a pele bonita e saudável, mas gosto de beleza natural e sem excessos, cada rosto é único, e as características individuais devem ser sempre valorizadas”.