Como
melhorar o ingresso de jovens no mercado de trabalho a partir da educação
Quando olhamos o cenário atual, vemos alguns pontos
de atenção que deverão ser geridos por estruturas com culturas corporativas
ágeis, e para as empresas que pretendem atuar no cenário 4.0, entender sobre
jovens será fundamental para garantir pessoas aptas a criar soluções que
atendam às novas demandas do mercado quanto às boas práticas ESG, e que serão
cidadãs globais, que buscam mais equidade, qualidade de vida e acessos às
oportunidades.
Hoje no Brasil, são 35 milhões de jovens, ou seja,
23% da população tem entre 14 a 24 anos, e 20% não estudam nem trabalham...
Em paralelo a esses cenários, temos vários desafios
na Indústria 4.0 no Brasil:
- em
estudos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com
empresas brasileiras, destaca-se o desenvolvimento pouco representativo de
investimentos nas áreas-chave como Big Data, Internet das Coisas e
Inteligência Artificial;
- a
Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou no Brasil quase 700 mil
indústrias, porém apenas 1,6% delas iniciaram o movimento 4.0;
- o
Brasil não é um país digital, seu parque tecnológico está muito defasado
em relação ao mercado global, e há pouca formação de novos talentos nas
novas tecnologias.
Esses pontos são fundamentais para entendermos que
todas as empresas, nos mais diversos segmentos, irão demandar especialistas conectados
a dados, e com habilidades pessoais diversas, entre elas, atuação em times
multidisciplinares e plurais, práticas de pensamento ágil e disposição para
solucionar problemas, gerar melhorias, a partir da análise e integração de
dados, e que irão gerar entregas mais conectadas ao que o mercado demanda.
Hoje, os jovens usuários de internet, sofrem com um
senso de tempo distorcido por uma urgência de estar conectado o tempo todo, ou
seja, vitimados pelo FoMO, ou Fear of Missing Out (medo de ficar por fora, em
português). Há uma certa percepção de que liderar é fácil, crescer na carreira
é rápido, e que as pessoas, inclusive entre pares etários, são lentas e que
caminhar sozinho, lhes faz chegar mais rápido. Por outro lado, há mais
consciência sobre as questões ambientais e sociais, menos oportunidades de
trabalho, o que gera preocupações sociais, financeiras, e aumenta sua
“temeridade” ao risco.
Portanto, atuar na formação de talentos durante a
fase anterior à entrada no mercado de trabalho, não pode ficar apenas na alçada
das escolas, é preciso criar oportunidades para que desenvolvam suas
habilidades e para que tenham seus direitos básicos respeitados. A Promulgação
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei n. 8.069, que neste dia 13
de julho, celebra 33 anos, é uma iniciativa para a proteção integral aos
direitos da criança (a pessoa de até 12 anos de idade incompletos), e
adolescente (a pessoa com idade entre 12 e 18 anos de idade) - art. 2º do ECA,
adequando a legislação nacional à Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização
das Nações Unidas, promulgada pelo Brasil em 1990. Sua empresa conhece essa Lei?
As empresas que embasam suas políticas sob as boas
práticas do ESG (Ambiental, Social e Governança), precisam agir, preparando
para gerir o futuro das economias globais nas ondas integradas do universo
globalizado da internet com esses talentos jovens que vivem em cenários não
vistos antes.
Uma das premissas da Lei, é o direito à educação, e
para atuar na indústria 4.0, algumas especializações serão fundamentais como o
letramento digital, as habilidades de leitura e escrita, o pensamento crítico e
matemático, a lógica aplicada na tratativa de dados, a capacidade de produzir
conteúdo. E para garantir inovação e solução de problemas, necessita-se de
habilidades para gerir projetos e otimizar recursos, construir uma boa cadeia
produtiva com impactos diretos e indiretos nos marcadores ESG. Estruturar times
exige melhorias na performance das produções de serviços e de produtos, e um
olhar para a preservação do planeta e sustentabilidade, desde as premissas da
ideação.
As áreas conectadas à biotecnologia, biomedicina,
produção de alimentos, energias renováveis, lean manufacturing (sistema de
produção enxuta), análise de big data, monitoramento e controle remoto da produção,
digitalização, robótica, controle de/e produção, rastreabilidade, controle de
qualidade, sistematização de processos, e engenharia de desenvolvimento de
novos produtos, entre outras ligadas à indústria 4.0, precisarão acelerar a
captação de talentos para aumentar a produtividade, e atuar dentro das normas
de cibersegurança sem perderem o foco na sustentabilidade e na humanização das
relações dentro do ambiente de trabalho, além da atenção aos “stakeholders” que
influenciam mudanças nas regras do jogo social.
Então, reconhecer que temos de valorizar as
crianças e jovens, e iniciar a jornada formativa de pessoas cidadãs desde a
infância pode fomentar pessoas mais tolerantes, com gosto por aprender, com
habilidades de lidar com falhas e frustrações, e com mais abertura para
pensarem em soluções para problemas reais como criadoras da inovação. É um bom
começo para torná-las aptas a serem protagonistas das mudanças que o mundo
precisa. Há um mercado mais consciente sobre os direitos humanos, sobre os impactos
ambientais, sobre as mudanças nos estilos de vida, disposto a investir, - o
conceito não é mais consumir em produtos e serviços que irão aumentar a
qualidade de vida global – e sim cuidar dos recursos, do planeta e das pessoas.
Samanta Lopes - coordenadora MDI da um.a
um.a
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