Brasil reduziu em 6,4% as mortes por câncer de mama e 6,6% na próstata, dois dos tumores mais comuns no país. A comunidade médica busca promover o tratamento personalizado e humanizado
O tratamento oncológico é um momento de muita tristeza e apreensão para qualquer paciente e seus familiares. O medo dos efeitos colaterais e da cura não acontecer desmotivam desde o início do processo. No entanto, com o avanço da tecnologia em terapias e em ferramentas diagnósticas, cada vez mais, os tratamentos oncológicos alcançam melhores resultados.
Os avanços mostram resultados na redução da mortalidade pela doença. Nos Estados Unidos, segundo o NIH, Instituto Nacional de Saúde do país, o número de mortes caiu 2,3% por ano em homens e 1,9% em mulheres entre 2015 e 2019. Os tumores com maior redução foram o melanoma e os que acometem o pulmão.
No Brasil, os números também diminuíram entre 2019 e
2021. De acordo com o 12º Fórum Nacional Oncoguia, o país viu uma redução de
6,4% das mortes por câncer de mama; 6,6% por câncer de próstata; 8,1% por
câncer de traqueia, brônquios e pulmão; 10,3% por câncer de esôfago; 13,4% por
linfoma de Hodgkin; e 13,7% por câncer da cavidade oral. Por outro lado, o
estudo aponta que a pandemia atrapalhou o diagnóstico de grande parte dos
casos.
“O principal recurso nesta última década para o
tratamento oncológico tem sido a terapia-alvo, uma tecnologia que veio para
ficar e dar mais potência no processo. Atualmente, com essas novas terapias, os
efeitos colaterais são menores, quando comparados aos de quimioterápicos
convencionais, o que ajuda na melhora da qualidade de vida do paciente”,
explica o Dr. Gregório Pinheiro Soares, oncologista do Hospital Santa Catarina
-- Paulista.
A escolha do tratamento é feita por diversos fatores como
tipo, localização e tamanho do tumor. Além da faixa etária e das condições de
saúde prévias do paciente.
“Hoje, o foco do tratamento oncológico é personalizarmos
o tratamento, desenvolvendo uma terapia que seja efetiva para o paciente e, ao
mesmo tempo, evite efeitos colaterais. Estudamos cada tipo de perfil e
percebemos que um medicamento voltado para o que acomete o pulmão, pode ter o
perfil genético parecido com o de um que atinge o cérebro, por exemplo. Dessa
forma, podemos usar a mesma medicação para ambos”, afirma o Dr. Aumilto Silva
Júnior, oncologista do Hospital Santa Catarina -- Paulista.
Outra tecnologia cada vez mais consolidada que permite o
desenvolvimento de uma terapia personalizada é a Oncogenética. O teste genético
possibilita que determinadas alterações sejam identificadas previamente ao
surgimento de doença e possíveis tratamentos ou ações preventivas sejam tomadas
para reduzir a possibilidade do desenvolvimento do câncer ou identificá-lo de
maneira precoce.
Em certos casos, a descoberta de um gene cancerígeno
possibilita ações preventivas e a possibilidade de intervenções precoces antes
do desenvolvimento do tumor. Por exemplo, a retirada preventiva das mamas, em
situações em que a mulher é portadora de um gene que predispõe ao surgimento do
câncer de mama.
“Cerca de uma a dez pessoas com câncer possuem alterações
genéticas herdadas e que estão circulando pela família. Antes bastante
restrita, a Oncogenética está cada vez mais acessível e mais avançada em termos
de tecnologia”, comenta o Dr. Gregório Pinheiro. “Entre as novas tecnologias
para diagnóstico, podemos destacar a biópsia líquida, que é a utilização de
exame de sangue para análise do DNA do tumor, sem precisar de um pedaço dele,
ou seja, é um método menos invasivo. No Hospital Santa Catarina - Paulista,
utilizamos a biópsia líquida em casos de tumores no pulmão para pesquisa de
mutação de drive (genes cancerígenos) ” completa o médico.
Referência em tratamento humanizado, o Hospital Santa
Catarina - Paulista inaugurou, em dezembro, seu novo Centro de Oncologia e
Hematologia. O espaço aumentou em 120% os boxes dedicados à quimioterapia e à
infusão de medicamentos não oncológicos e triplicou o número atual de
consultórios oncológicos.
Cuidados paliativos no tratamento oncológico
Visando promover os benefícios de um tratamento
humanizado e responsável, muitos médicos optam por realizar os cuidados
paliativos concomitante a terapia convencional. Seus objetivos é permitir que o
paciente e seus familiares experenciem uma abordagem que permite um bem-estar
físico e psicológico.
Para esse método ser efetivo, a equipe médica toma
algumas medidas como uso de analgésicos e a redução ao máximo de procedimentos
incômodos, que visam sempre a qualidade de vida da pessoa em tratamento. Mesmo
nos casos de fim de vida, os cuidados paliativos funcionam como promotores da
melhor qualidade de vida, confortando e cuidando do paciente e familiares.
Não são raros os casos de famosos que passaram pelos
cuidados paliativos na oncologia. O ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, e o
maior jogador da história do futebol, Pelé, realizaram essa abordagem para
diminuir a dor e aumentar o bem-estar.