Reprodução: Twitter | @UnicefBulgaria
Professor de
geografia explica como a magnitude do tremor considerado um dos mais mortais do
mundo pode intensificar os problemas sociais da região
Desde o dia do abalo, as equipes de resgate da
Turquia e da Síria conseguiram retirar mais de 8 mil pessoas dos escombros dos
terremotos e o número de mortos passou dos 7 mil. Os países se encontram em uma
verdadeira corrida contra o tempo, visto que as primeiras 72 horas após uma
destruição como essa são consideradas críticas para encontrar pessoas com vida.
Por isso, cada salvamento é muito comemorado pelos socorristas e pelos
parentes.
Desde a madrugada de segunda-feira, a Turquia
registrou mais de 280 tremores secundários e outros abalos mais fortes. As
autoridades turcas estimam que a quantidade de prédios destruídos pode chegar a
11 mil. O presidente Recep Tayyip Erdogan decretou estado de emergência em 10
províncias pelos próximos 3 meses, além de abrir hotéis para receber
desabrigados e agradecer o apoio da comunidade internacional. Na Turquia e na
Síria, mais de 23 milhões de pessoas foram afetadas, sendo 1.400.000 apenas
crianças.
O que causa o terremoto?
Com a magnitude de 7.8, o ocorrido levanta dúvidas
sobre como esses tremores se manifestam e quais são as consequências para a
região afetada. Os terremotos acontecem devido ao encontro das placas
tectônicas que compõem a crosta terrestre. As regiões próximas destes encontros
possuem terremotos ou maremotos (nos oceanos) com maior intensidade e maior
frequência.
De acordo com Marcos Dihl, professor de geografia
do Colégio Adventista de Santo André, os terremotos ainda não são possíveis de
prever ou antecipar para que haja um plano de evacuação com antecedência, como
ocorre no caso de eventos climáticos como furacões ou tempestades. “O número de
mortos e feridos está tão relacionado com a intensidade dos tremores, mas sim a
fatores como tipo do relevo da região, qualidade das construções, horário em
que ocorre o tremor e se a região possui planos emergenciais”, explica.
No caso da Turquia e da Síria, a região possui o
encontro das placas tectônicas Euroasiática, Arábica, Africana, Anatólia e do
Mar Egeu. O terremoto desta segunda-feira teve o seu epicentro próximo das
placas de Anatólia e Arábica. “As construções da região, que não são preparadas
para enfrentar este tipo de tremor, levam a um maior número de desabamentos. O
fato de o tremor ter ocorrido de madrugada enquanto muitos dormiam também
aumenta a tragédia, bem como o clima frio que também dificulta as buscas e
diminui a expectativa de se encontrar sobreviventes a cada minuto que passa”.
De acordo com o professor, por ser uma região
subdesenvolvida e com problemas de infraestrutura nas construções e serviços de
saúde, a tendência é que a população tenha grandes problemas para se
restabelecer. “Muitos podem se deslocar para outros locais dentro da própria
Turquia buscando refúgio em outras regiões enquanto os lugares atingidos sejam
reconstruídos. Isso não costuma ser rápido e amplia as diferenças sociais na
região”, aponta. “A Síria, por exemplo, já enfrenta uma grande crise de
refugiados desde 2011 com a Primavera Árabe e depois com a invasão do grupo
terrorista Estado Islâmico. Este terremoto irá contribuir para o aumento do
deslocamento de refugiados nas regiões afetadas”.
O professor destaca que, quando abordado em sala de
aula, o tema vai muito além do ensino e traz ao aluno um olhar empático sobre
as diferentes realidades presentes nos outros países. “Além de mostrar imagens
sobre as placas tectônicas para ajudar na hora de contextualizar, é sempre
importante fazer uma comparação com outros tremores para explicar que a
infraestrutura dos diferentes lugares é o fator decisivo na hora de salvar
vidas”, finaliza.
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