Consulta regular é
fundamental para tirar dúvidas e conhecer mais sobre o funcionamento do corpo
Após a primeira menstruação, é imprescindível
visitar o ginecologista pelo menos uma vez por ano. Além de garantir a saúde, o
encontro com o especialista é uma excelente oportunidade para sanar todas
aquelas dúvidas que ficam na cabeça. No entanto, seja por vergonha ou
esquecimento, nem sempre as mulheres perguntam tudo o que gostariam e acabam
continuando sem essas respostas. “Muitas guardam as dúvidas por um bom tempo
por constrangimento ou medo de ser uma dúvida boba. Toda dúvida deve ser esclarecida
e não há melhor local para isso que o consultório médico, ressalta o Renato de
Oliveira, ginecologista responsável pela área de Reprodução Humana da
Criogênesis.
Abaixo, o especialista listou nove perguntas que
devem ser esclarecidas durante a consulta ginecológica. Confira:
- Quais
os cuidados diários que se deve ter com a região íntima?
As medidas são simples, mas essenciais. No banho,
lavar adequadamente a região, com movimentos delicados e sabonetes próprios
para o equilíbrio da flora natural e com pH próximo ao da pele. Evitar
protetores diários, pois abafam a região e podem provocar corrimentos, coceiras
e infecções. Evite o uso de roupas muito justas e de tecidos grossos, prefira
roupas mais leves e evite papéis higiênicos perfumados. Quanto às calcinhas,
priorizar as de algodão e colocá-las para secar sempre em um ambiente fresco e
seco. Dormir sem calcinha é uma boa medida para permitir a ventilação vaginal.
Jamais realizar duchas vaginais para a limpeza, pois pode alterar o pH normal
da vagina, que está na faixa de 3,8 e 4,2.
- Há
um momento correto para utilizar a pílula do dia seguinte?
Quanto antes a pílula for tomada, maior a chance de
sucesso. Estudos relatam que, nas primeiras 24 horas a eficácia da pílula gira
em torno de 90%. Apesar de poder utilizá-la nos primeiros cinco dias,
recomenda-se o uso em até 72 horas após o ato sexual.
- Existe
tratamento para a TPM (Tensão Pré-Menstrual)?
Sim, e de uma forma geral, há a abordagem
conservadora (tratamento não medicamentoso) até tratamento medicamentoso ou
mesmo cirúrgico. Dentre as intervenções não-medicamentosas, são propostas
mudanças no estilo de vida, incluindo-se a prática de exercícios aeróbicos e
modificações na dieta. Pode-se citar alimentos ricos em vitamina B6, como pães
integrais, atum, soja, lentilha, banana, batata e feijão. Os
anticoncepcionais hormonais combinados ("pílula anticoncepcional")
podem ser muito úteis, porém, sua prescrição seguirá os critérios de
elegibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os medicamentos
antidepressivos da classe inibidores da recaptação seletiva da serotonina são
uma excelente opção, muitas vezes a primeira linha de tratamento dos sintomas
relacionados a TPM, bem como sua forma mais intensa, o TDPM (transtorno
disfórico pré-menstrual). O tratamento deve ser adaptado à gravidade dos
sintomas e individualizado, portanto, sempre procurar um médico para uma melhor
orientação.
- Como
devo escolher o melhor método contraceptivo?
Não existe o melhor método contraceptivo e sim o
aquele que está de acordo com os critérios de elegibilidade da Organização
Mundial de Saúde (OMS), conforme a avaliação de um profissional. Por
exemplo, se a mulher apresenta dificuldades para ingerir medicamentos orais,
ela deve analisar alternativas não orais, como o anel contraceptivo, o implante
subcutâneo, os anticoncepcionais injetáveis, o adesivo e os dispositivos
intrauterinos. Outro exemplo serve para as mães que ainda estão
amamentando, pois estas devem evitar métodos que contenham estrogênio,
pois o hormônio altera a produção de leite. Para elas, os mais indicados são
métodos não hormonais ou que tenham apenas o hormônio progesterona. A
escolha fica entre o DIU, tanto o de cobre quanto o hormonal, o implante
subcutâneo, injeção trimestral e comprimidos à base de progesterona.
- Se
eu esquecer de tomar a pílula, como proceder?
Em caso de esquecimento, tome-a assim que lembrar,
e a próxima, no horário regular. Se passar um dia, tome os dois em conjunto e
mantenha a ordem dos demais. Caso haja o esquecimento de mais de dois
comprimidos, deve-se orientar à utilização de preservativos durante sete dias,
tomando as pílulas restantes de forma habitual.
- Quais
os benefícios e os malefícios de suspender a menstruação?
Para uma mulher que não usa nenhum método
contraceptivo e não está grávida, a ausência de menstruação pode indicar algum
distúrbio. A menstruação também pode representar incômodos como dores,
inchaços, cólicas e a tensão pré-menstrual (TPM). O mais importante desta
discussão é entender que, exceto em situações nas quais a não menstruação é
decorrente de algum distúrbio, menstruar ou não é uma opção da mulher moderna e
deve ser conversado com o médico sobre estas condição.
- Usar
anticoncepcional engorda ou causa infertilidade?
Os métodos estão cada vez mais modernos e utilizam
baixas doses de hormônios, causando o mínimo possível de transtorno em relação
ao peso e, desde que não existam contraindicações, costumam ser bem tolerados.
No entanto, cada organismo responde de uma forma e a não adaptação a algum método
pode ocorrer. Acompanhamento médico é fundamental. Quanto ao risco de
câncer, o uso de métodos contraceptivos contínuos pode diminuí-lo no
endométrio e no ovário. É muito importante frisar que os métodos hormonais não
causam infertilidade. A interrupção do método e o retorno dos ciclos menstruais
sugere o retorno à fertilidade. No entanto, há outros fatores que podem
associar-se à dificuldade de engravidar, como a idade. Dessa forma, não é
o fato de ter usado 10 a 15 anos de anticoncepcional, por exemplo, que
dificulta a gravidez; mas sim, ter estes anos a mais no momento que desejar
engravidar.
- Ter
dor na relação sexual é normal?
Não. Entretanto, deve-se entender que em alguns
momentos a dor pode ocorrer. Na hora da penetração, pode estar
associada à falta de lubrificação adequada, traumas, lesões vaginais e
dificuldade de relaxamento da musculatura da vagina. Quando a dor é de
profundidade, pode estar relacionada apenas à posição ou algumas patologias,
como endometriose, cistos ovarianos ou miomas de grandes dimensões.
- As
pílulas anticoncepcionais previnem doençassexualmente
transmissíveis?
Não, a pílula anticoncepcional pode prevenir a
gravidez. A forma mais segura de prevenir doenças é usando preservativo, que
pode ser feminino ou masculino.
Criogênesis