Considerada uma patologia potencialmente grave, a septicemia, ou sepse, é desencadeada por uma infecção que ativa um processo inflamatório por todo corpo, que pode levar à morte. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que anualmente a doença é responsável por cerca de 11 milhões de mortes em todo o mundo.
A principal causa da sepse é a pneumonia, no entanto, a doença também pode ocorrer por infecções urinárias, intra-abdominais, após procedimentos cirúrgicos, entre outras. Além de se manifestar por meio de sintomas como hipotensão arterial -- queda da pressão --, respiração rápida, diminuição do volume de urina e até sonolência.
A infectologista Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, alerta para a importância de a população se munir de informações acerca do problema.
“Ao contrário do que as pessoas imaginam, a sepse não acontece somente no ambiente hospitalar. É importante que a população tenha mais informações sobre o assunto para evitar procurar o hospital só quando as coisas se agravarem. As pessoas estão habituadas a falar sobre questões como infarto do coração, por exemplo, mas pouco sabem sobre a sepse que é uma questão importante”, destaca.
A médica explica que a automedicação e o uso indiscriminado de antibióticos podem levar a quadros ainda mais graves de sepse, justamente por aumentar o risco de infecção por bactérias resistentes a muitos antibióticos.
O Brasil está entre os países com as maiores taxas de letalidade pela doença, conhecida em âmbito nacional por infecção generalizada. “A mortalidade nos hospitais brasileiros por sepse é, em média, de 55%. Esse índice é muito alto quando comparado com dados de países de 1º mundo, onde o percentual fica em torno de 20%”, explica.
Apesar de as chances de contrair a doença serem maiores para pessoas hospitalizadas para tratamento de quadro infeccioso, qualquer pessoa pode sofrer de infecção generalizada.
Dra.
Rebecca explica que entre os indivíduos com maior risco para desenvolverem
quadros mais graves de infecção são grupos como crianças com menos de um ano,
bebês prematuros, idosos, pacientes que passaram por quimioterapia, usuários de
corticosteróides, portadores do vírus HIV, pacientes com câncer, diabéticos e
portadores de doenças crônicas.
Sintomas e diagnóstico
Segundo a especialista, os sintomas da doença podem variar de acordo com o grau de evolução do quadro clínico. Entre os mais comuns estão a febre alta ou hipotermia -- como é chamada a queda significativa e potencialmente perigosa na temperatura do corpo -- dificuldade para respirar, que podem envolver respiração acelerada, aceleração no ritmo cardíaco, calafrios, agitação e confusão mental.
Para o
diagnóstico da sepse, avaliações clínica e laboratorial são realizadas de forma
criteriosa, a fim de identificar e tratar a doença que possa ter originado o
processo infeccioso. Exames laboratoriais como hemograma, dosagem de proteína C
reativa e culturas de sangue e de urina, e/ou exames de imagem, como
radiografia, tomografia e ultrassonografia devem ser solicitados.
Tratamento
Conforme Dra. Rebecca, para que haja eficácia, o tratamento da sepse deve ser iniciado o mais rápido possível por profissionais de saúde com experiência na assistência a pacientes criticamente doentes.
“O diagnóstico precoce e início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da doença e suas complicações. Como a maioria dos casos ocorre devido a bactérias, a administração de antibióticos -- estes sob prescrição médica --, pode ser recomendada para controlar a infecção.”
A médica explica que a cura da doença pode depender do status clínico do paciente, bem como da expertise da equipe médica de atuação no caso. “Os profissionais devem ter ampla sensibilidade na detecção precoce dos sinais de que o indivíduo apresenta”, orienta.
Segundo Dra. Rebecca, assim como para a maioria das patologias, a melhor forma de evitar a sepse é por meio de ações preventivas, aliando hábitos saudáveis ao uso de medicamentos apenas quando prescrito por um médico.
“Outra
questão fundamental é que os hospitais tenham bons serviços de controle de
infecção hospitalar (SCIH) para orientar o melhor tratamento em casos de sepse
que ocorrerem dentro da unidade hospitalar ou que venham da comunidade. Isso
geralmente é feito por meio de protocolos de tratamento do hospital. Todos os
hospitais geridos pelo CEJAM têm tudo isso instituído”, finaliza.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas
“Dr. João Amorim”
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