Envolvimento do
pai contribui para o desenvolvimento cognitivo do bebê
Dizem que, quando nasce um filho, nasce também uma
mãe. Mas, a verdade é que essa afirmação cai como uma luva quando o assunto é o
pai, que vai precisar aprender com esse novo integrante da família. Filhos não
chegam com manual de instrução e todo o aprendizado envolvido vale para os
dois. Mas porque, então, os pais ainda ficam em segundo plano na criação dos
filhos?
“A figura do pai é muito importante na criação de
uma criança. Ele precisa atuar em parceria com a mãe, que, por sua vez, deve
dar espaço para a participação do pai na vida da criança. O filho é dos dois,
portanto, a troca de opinião deve ser constante, cabendo a ambos a
responsabilidade sobre as decisões e os cuidados desde os primeiros momentos de
vida do bebê”, explica Flora Victoria, embaixadora da psicologia positiva,
mestre na área, pela Universidade da Pensilvânia, e presidente da SBCoaching.
Com mais um Dia dos Pais se aproximando, a reflexão
sobre o papel da figura paterna nos tempos atuais se torna ainda mais
relevante. O comportamento masculino em todos os estágios do desenvolvimento
infantil tem mudado bastante nos últimos tempos. Entre os anos 1940 e 1950, o
pai era visto como mero provedor, cabendo à mãe o papel de cuidadora. Mas essa
relação já não é a mesma, cabendo, hoje, também ao pai o protagonismo na
construção em parceria com a mãe de uma relação de troca de valores,
compreensão mútua, comunicação, respeito e equilíbrio em todas as decisões que
dizem respeito aos filhos.
E, assim como as mães, os pais de participação e
voz ativa também enfrentam desafios à frente desse papel. A rotina profissional
agitada, a volta para casa sempre tarde da noite, aliada ao cansaço, fazem com
que, nem sempre, sobre tempo ou disposição para os filhos. Isso também gera
sentimento de culpa paterna - o que não significa que eles não sejam capazes de
cuidar das crianças.
“O importante não é a quantidade de tempo com os
filhos, mas sim a qualidade da convivência. Meia hora de brincadeira vale muito
mais do que uma hora, sentados juntos na sala, com o pai mexendo no seu celular
e o filho no videogame, sem nenhuma interação entre eles”, explica Flora.
Instinto materno
Atualmente, os homens têm uma participação mais
ativa na criação dos filhos. Hoje, um pai passa mais tempo com seus filhos do
que os pais de 50 anos atrás. Ainda assim, 58,3% dos pais brasileiros acham que
não passam tempo suficiente com sua família, segundo pesquisa realizada pela
Catho. Se no passado a figura do provedor da família era motivo de orgulho,
para o homem de hoje o papel de pai vai muito além disso, seguindo por vezes
caminhos inusitados como o instinto materno.
Um estudo da Universidade de Bar-Ilan, em Israel,
revelou que o ato de cuidar dos filhos aciona no cérebro do pai alguns
circuitos similares aos que são ativados no cérebro das mães. Ou seja, o
‘instinto materno’ não é uma exclusividade das mulheres.
O envolvimento do pai contribui para o
desenvolvimento cognitivo do bebê, o que prossegue ao longo do seu crescimento.
A presença paterna estimula as competências emocionais da criança, como a
habilidade de resolver problemas, interesse, motivação e valorização do
aprendizado e o próprio desempenho escolar.
Ser um bom pai
Os benefícios de ser um bom pai não se limitam aos
efeitos positivos experimentados pela família. Pais satisfeitos com sua atuação
sentem-se mais eficazes e confiantes. Geralmente, são mais estimulados a ter
uma vida social ativa e apresentam uma maior capacidade de controlar o estresse
relacionado ao trabalho. Além disso, a motivação de suprir as necessidades dos
filhos pode representar um poderoso impulso na carreira. Como isso é possível?
Por meio da qualidade do tempo que o pai passa com os filhos.
Conciliar família e trabalho é possível, mas essa
combinação é fruto de escolhas planejadas que envolvem toda a família, como a
construção de redes de apoio em casa e no trabalho, além de um constante
autogerenciamento para cumprir as obrigações, tanto familiares quanto
profissionais.
Dicas da psicologia positiva para os pais ajudarem
os filhos a florescer
De acordo com a psicologia positiva, forças de
caráter (qualidades, virtudes e forças pessoais) estão ligadas ao
nosso potencial e trabalhá-las é um modo de desenvolver competências. Abaixo
algumas dicas do que você pode começar a praticar neste domingo, em comemoração
ao Dias dos Pais e depois, guardar, como mandamentos para a sua vida paterna.
- Promova
novas competências nas crianças. Isso significa mais do que consertar o que
está errado, identifique e nutra qualidades mais fortes que expressam o
que elas têm de melhor e ajude-as a encontrar nichos nos quais possam
viver melhor essas forças;
- Não
elogie apenas o talento. A cada conquista do seu filho cumprimente-o
também pelo esforço que ele empreendeu;
- Seja
engajado: esteja
sempre envolvido nas atividades do filho, seja nos estudos, brincadeiras e
nos esportes. O pai deve ter participação ativa;
- Evite
usar palavras do tipo“você é burro, você é ignorante, você não sabe
fazer as coisas direito, você não tem jeito, você não tem dom para fazer
isso”. Elimine, evite ao máximo este tipo de linguajar com o seu filho.
- Quando
ele está falando, escute ativamente sem interrompê-lo.
Escute, entenda palavra por palavra do que ele está falando e não apenas
ouça superficialmente, fazendo uma interpretação, muitas vezes,
equivocada.
- Faça
seu filho refletir sobre o processo que o levou a realizar
alguma coisa. Pergunte: Como você teve essa ideia? O que você fez para
chegar a esse resultado? Conte-me, como foi que você fez isso?
- Ao
invés de reclamar dos seus filhos, seja grato com a natureza que te
presenteou com eles.Quando você olhar para eles e estiverem
fazendo alguma coisa, ao invés de somente reclamar, busque a gratidão.
Enquanto você os tem, muitos pais gostariam de ter e não podem.
SBCoaching
(Sociedade Brasileira de Coaching)
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