No Dia do Colesterol (08/08),
cardiologista fala sobre novas evidências que podem mudar a forma como lidamos
com a gordura no sangue
O colesterol
é um tipo de lipídio que, em excesso na corrente sanguínea, é considerado o
vilão na cena das temidas doenças cardiovasculares - ainda hoje elas matam uma
pessoa a cada 40 segundos no Brasil. Trata-se de uma substância gordurosa
naturalmente presente na membrana das células de todo o organismo, mas que se
não for controlado pode ser danoso e comprometer a saúde.
A maior
parte do colesterol é sintetizada no fígado e é transportada no sangue por
proteínas especiais, as “lipoproteínas”. Elas são encarregadas da distribuição
deste colesterol por todas as células do corpo. As mais imporantes são o LDL e
o HDL.
“O LDL –
conhecido como colesterol ruim – leva este nome porque deposita o excesso de
colesterol na parede das artérias, provocando a formação de placas gordurosas
que estreitam os vasos e podem impedir a circulação do sangue. Estas placas de
ateriosclerose podem localizar-se nas artérias que nutrem o coração, as
coronárias, dificultando a circulação do sangue. Este quadro pode levar à
isquemia do músculo cardíaco, ou seja, ao sofrimento do coração por falta de
sangue e oxigenação adequada”, explica Dr. Marcelo Sampaio, cardiologista e
membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.
Ele
complementa que a isquemia pode provocar dor no peito (angina) e um coágulo
formado na região da placa, bloqueando completamente a passagem do sangue. “É
aí que ocorre o infarto”, diz o médico
No entanto,
sabe-se que o colesterol é necessário ao organismo, uma vez que é essencial
para o funcionamento destas células. “O colesterol é importante para a
formação de hormônios de vitamina D e até ácidos biliares, que ajudam na
digestão das gorduras da alimentação”, afirma Dr. Sampaio.
É certo que
não existe substância mais perfeitamente ligada à incidência de doenças
cardiovasculares quanto o colesterol. “A relação entre elas é direta e causal”,
diz ele. Por isso, para reduzir o colesterol, o médico recomenda cinco medidas
fundamentais: não fumar, alimentação saudável, exercitar-se, combater o
estresse e manter o peso saudável.
Pesquisadores
do mundo inteiro ainda estudam para desmistificar como exatamente o colesterol
atua no organismo. Por isso, Dr. Marcelo listou 5 descobertas recentes e
surpreendentes sobre o assunto:
1 - HDL pode não ser tão bom
A sabedoria
popular diz que o HDL é o colesterol bom, enquanto o LDL é o ruim. Logo,
acreditava-se que uma taxa de HDL alta no sangue significaria baixo risco de
desenvolver doenças no coração. Entretanto, estudos recentes sugerem que não há
uma relação causal; ao contrário, os níveis de HDL podem ser marcadores de
outros fatores.
Uma pesquisa
realizada na Universidade de Medicina de Washington mostrou que os níveis
altos ou baixos demais de colesterol HDL podem aumentar o risco da morte prematura.
Para este
estudo, os investigadores pesquisaram a função renal e níveis de colesterol HDL
em mais de 1,7 milhões de homens durante 10 anos. Os pacientes com doença renal
frequente tiveram os níveis mais baixos de colesterol HDL, o que pode explicar
o maior risco de morte prematura. No entanto, os níveis de colesterol HDL
intermediário podem aumentar a longevidade, de acordo com a pesquisa.
2 - Novas drogas estão a caminho
Quando se
trata de estudar a eficácia de novas drogas para baixar o colesterol, Dr.
Sampaio afirma que o mair importante é baixar a incidência de doenças. Por
exemplo, as estatinas reduzem os índices de mortalidade, especialmente em
pacientes que já sofreram ataques cardíacos ou eventos similares.
O médico
menciona dois tipos de drogas que hoje estão em fase de testes. A primeira
delas inibe uma enzima chamada CETP, que resultou em altos níveis de HDL. O
outro é uma nova classe que afeta diretamente como o corpo metaboliza o
colesterol. As duas medicações estão sendo estudadas para ver não apenas como
elas atuam nos níveis de colesterol, mas também como elas influenciam na
redução de mortes por doenças cardíacas.
3 - Níveis de risco cardíaco podem ser afinados
O médico
calcula muitos fatores para saber seu risco de doença cardíaca. Além dos níveis
de colesterol, ele pode levantar seu histórico familiar, peso, pressão
sanguínea, quantidade de exercícios que você pratica e se é um fumante. Por
isso, saiba que os níveis de colesterol estão relacionados com outros índices.
Dependendo de um conjunto de fatores, você precisará ou não de medicação.
4 - Colesterol abaixo do indicado pode estar ligado
à incidência de câncer
Baixar ao
máximo o nível de colesterol reduz consideravelmente o risco de problemas
cardíacos, mas o preço poderia ser alto: um colesterol muito baixo poderia
estar relacionado ao aumento do risco de câncer, de acordo com um estudo
publicado na Journal of the American College of Cardiology.
Na análise,
que envolveu dados sobre 40 mil pessoas, os pacientes que tomam estatinas para
reduzir o colesterol apresentaram um risco de desenvolver câncer ligeiramente
maior - muito embora o estudo não indique que as drogas seriam as responsáveis
por esse aumento.
Se há algum
elo com o aumento do risco de câncer é em relação à queda do colesterol. De
qualquer forma, os próprios autores dizem que é uma geração de hipóteses e que
não têm como afirmar que o colesterol baixo aumenta risco de desenvolver
câncer.
5 - Testes de colesterol sem exame de sangue
Esta é uma
possibilidade para o futuro. Trata-se de um novo método, que vem sendo
desenvolvido por pesquisadores na India, capaz de usar uma foto da parte de
trás da mão pra detectar o nível de colesterol.
De acordo
com o estudo, isso é possível porque o colesterol é acumulado nas dobras dos
dedos. Por isso, as fotografias são inseridas em um programa de computador que
as compara com um banco de dados de imagens, as associando com os níveis de
colesterol conhecido.
Por
enquanto, o teste ainda não pode substituir o exame de sangue completo. Mas já
é uma ferramenta útil para testar populações a um custo mais baixo do que os
métodos tradicionais.
Instituto Lado a Lado pela Vida
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