Nas últimas semanas, a imprensa
brasileira e internacional vêm publicando uma série de reportagens e artigos
sobre a crise migratória na União Europeia, com foco especial na Hungria. Para
melhor entendimento dos desafios, gostaria de compartilhar algumas
considerações sobre o assunto:
A Hungria
é um pequeno país com uma grande tarefa. O país – com uma
população igual à de Pernambuco – deve controlar as fronteiras externas da
União Europeia na região, cadastrar todos os imigrantes e refugiados que entram
por lá, fornecendo lhes toda a ajuda humanitária e processar suas aplicações de
asilo. A Europa está
enfrentando a maior onda de migração desde a Segunda Guerra Mundial.
Este ano, mais de 400 000 imigrantes cruzaram a fronteira da Hungria – é
10 vezes superior ao registrado no ano passado. Para entender a dimensão da
crise: é como se o Brasil tivesse que receber, cadastrar e auxiliar 8 milhões
de imigrantes e refugiados durante um ano.
As
fronteiras da Hungria estão abertas. A Hungria construiu uma cerca
na fronteira com a Sérvia e Croácia para que os imigrantes não entrem de forma
ilegal, que é crime. A cerca serve para dirigir os imigrantes aos pontos de
entrada legais. Na fronteira com a Sérvia e Croácia temos vários pontos de
entrada - um por cada 25 km. Todos aqueles que solicitam asilo podem e devem
entrar por ali. A
Hungria ajuda além dos seus limites. Todos os requerentes são
conduzidos pelas autoridades aos centros de acolhimento onde recebem abrigo,
alimentação, assistência médica, ajuda financeira e toda a ajuda humanitária
necessária.
Os
húngaros são acolhedores porque, infelizmente, sabem muito
bem o que significa ser refugiado. Antes de 1990, centenas de milhares de
húngaros fugiram da Hungria e somos, até hoje, gratos aos países que os
acolheram, incluído o Brasil. Nas últimas décadas, o nosso país concedeu asilo
a milhares de pessoas, entre elas, a muitas famílias sírias. Temos problemas só com os que não
respeitam as nossas leis. Muitos passavam pela fronteira
ilegalmente, não cooperavam com as autoridades e mais: atacaram as nossas
fronteiras lançando pedras, garrafas e outros objetos contra a polícia húngara
e derrubaram as barreiras.
É um
desafio global que requer uma solução global. A
comunidade internacional tem que atuar nas raízes da crise e concentrar-se em
estabilizar os países de origem dos refugiados, mudando as condições que
levaram à migração em massa. A Hungria propôs a criação de um sistema de cotas
globais, já que a distribuição dos migrantes não deve estar apenas a cargo da
Europa.
Razão e coração.
A Hungria sempre concedeu e sempre concederá asilo àqueles que
fogem de países em conflito. Temos feito isso e continuamos a fazer. Penso que
quando se trata de refugiados, devemos usar o nosso coração. Porém, quanto aos
imigrantes económicos, é necessário ouvir também a razão. Acesse: http://www.mfa.gov.hu/kulkepviselet/BR/pt/
e o facebook: https://www.facebook.com/embaixadahungara?fref=ts
.
Norbert Konkoly -É o
Embaixador da Hungria no Brasil, possui formação em Comércio Exterior e Pós-
Graduação em Economia pela Universidade de Economia em Budapeste, Mestrado em
Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais de Moscou e,
cursou também Comunhão de Desarmamento das Nações Unidas em Nova Iorque,
Genebra e Viena. Em sua carreira diplomática foi Cônsul e Adido de Imprensa na
Embaixada da Hungria em Ottawa, no Canadá, bem como foi Vice Chefe do Gabinete
do Secretario de Estado do Ministério das Relações Exteriores da Hungria. Foi
ainda Conselheiro na Embaixada da Hungria em Londres, no Reino Unido, foi Chefe
do Departamento das Américas do Ministério das Relações Exteriores na Hungria
e, antes de vir para sua função no Brasil, foi o Embaixador da Hungria em
Lisboa, Portugal de 2010 a 2014. O Embaixador da Hungria no Brasil, que é
fluente em português, russo, inglês e francês, veio para o Brasil cumprir uma
missão especial de estreitar relações culturais e comerciais entre os dois
países
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