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quarta-feira, 18 de junho de 2025

Toxina de escorpião da Amazônia é capaz de matar células de câncer de mama

Escorpião Brotheas amazonicus 
imagem: 
Pedro Ferreira Bisneto/iNaturalist

 O veneno de uma espécie comum de escorpião amazonense pode dar origem a um potencial medicamento para o tratamento de um câncer que é uma das principais causas de morte em mulheres.

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) identificaram na toxina do Brotheas amazonicus uma molécula com ação contra células do câncer de mama comparável à de um quimioterápico comumente usado no tratamento da doença.

Resultados preliminares do estudo, feito em colaboração com pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), foram apresentados durante a FAPESP Week França, que aconteceu entre os dias 10 e 12 de junho na capital da região da Occitânia, no sul do país europeu.

“Conseguimos identificar por meio de um trabalho de bioprospecção uma molécula na espécie desse escorpião amazônico que é semelhante à encontrada em peçonhas de outros escorpiões e com ação contra as células do câncer de mama”, disse à Agência FAPESP Eliane Candiani Arantes, professora da FCFRP-USP e coordenadora do projeto.

Por meio de projetos apoiados pela FAPESP no âmbito do Centro de Ciência Translacional e Desenvolvimento de Biofármacos (CTS), situado no Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, os pesquisadores vinculados à instituição têm se dedicado a realizar a clonagem e expressão de moléculas bioativas, como proteínas de peçonha de cobras cascavel e de escorpiões, por exemplo.

O trabalho já resultou no desenvolvimento de um produto patenteado pelo Cevap chamado selante de fibrina – uma “cola biológica” que utiliza uma serinoproteinase extraída de veneno de serpentes, como a Bothrops neuwiedi pauloensis e a Crotalus durissus terrificus, combinada com um crioprecipitado rico em fibrinogênio, extraído do sangue de bubalinos, bovinos ou ovinos.

Esse componentes são combinados no momento da aplicação e formam uma rede de fibrina que imita o processo natural de coagulação e cicatrização. O selante tem sido estudado para colagem de nervos, tratamento de lesões ósseas e até mesmo na recuperação do movimento após lesões medulares e está em avaliação em estudos clínicos de fase 3 – a etapa final de análise de um novo medicamento antes de ser aprovado para comercialização.

Mais recentemente, os pesquisadores conseguiram clonar e expressar outra serinoprotease de cascavel, denominada colineína-1, que apresenta um aminoácido diferente da toxina giroxina, extraída diretamente da peçonha de cascavel e usada na produção do selante de fibrina.

“Nossa ideia, agora, é obter essa serinoprotease por expressão heteróloga [em um fragmento ou gene completo de um organismo hospedeiro que não o possui naturalmente] em Pichia pastoris“, disse Arantes.

Por meio da expressão heteróloga nessa levedura isolada em 1950, na França, os pesquisadores também pretendem obter um fator de crescimento endotelial, chamado CdtVEGF, identificado na espécie de cascavel Crotalus durissus terrificus.

“Esse fator de crescimento favorece a formação de novos vasos. Se juntarmos ele com a colineína-1, podemos criar um selante de fibrina melhorado em relação ao que está sendo desenvolvido no Cevap, com possibilidade de ampliar a escala industrial, uma vez que pode ser obtido por expressão heteróloga”, comparou a pesquisadora.

Ainda por meio da expressão heteróloga, os pesquisadores identificaram em escorpiões duas neurotoxinas com ação imunossupressora. E em parceria com colegas do Inpa e da UEA constataram que o veneno do escorpião Brotheas amazonicus possui uma molécula bioativa, batizada BamazScplp1, com potenciais propriedades antitumorais.

Os resultados de testes do peptídeo em células de câncer de mama revelaram que ele apresenta resposta comparável ao paclitaxel, um quimioterápico comumente utilizado no tratamento da doença, induzindo a morte das células principalmente por necrose – um ação semelhante à de moléculas identificadas em outras espécies de escorpiões.

“Também pretendemos obter essas moléculas por expressão heteróloga”, antecipou Arantes.

Novas terapias

Já em Campinas, no interior de São Paulo, um grupo de pesquisadores vinculados a um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), financiado pela FAPESP – o Centro de Inovação Teranóstica em Câncer (CancerThera) –, pretende viabilizar no Brasil uma nova abordagem no combate da doença, que integra diagnóstico e tratamento direcionado.

A nova abordagem, iniciada na Alemanha, consiste em marcar com diferentes radioisótopos moléculas-alvo de vários tipos de tumores e utilizá-las tanto para o diagnóstico por imagem como para o tratamento.

“Dependendo do tipo de radiação emitida pelo isótopo que acoplamos à molécula – se pósitron ou gama –, conseguimos produzir imagens dela por meio de equipamentos de tomografia disponíveis no CancerThera. Ao documentarmos que um isótopo capta muito uma determinada molécula, podemos substituí-lo por outro que emite uma radiação mais intensa localmente e, dessa forma, tratar tumores”, explicou Celso Darío Ramos, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) e um dos pesquisadores principais do CancerThera.

Um grupo de pesquisa básica do centro tem se dedicado a identificar novas moléculas e avaliar se elas se acumulam em determinados tipos de cânceres. Já uma equipe clínica tem se voltado a identificar novas aplicações para moléculas já conhecidas.

“Temos estudado moléculas conhecidas de cânceres hematológicos, principalmente mielomas múltiplos, além de outras não conhecidas de câncer de cabeça e pescoço, de fígado, sarcomas, de pulmão, colorretal e gástrico, entre outros. Além disso, também temos estudado câncer de tireoide, que já é tratado com material radioativo há muitos anos, o iodo radioativo, mas alguns pacientes têm resistência. Por isso, estamos tentando identificar outra possibilidade de tratamento, com um material radioativo diferente, para esses pacientes”, disse Ramos à Agência FAPESP.


Vacina contra o câncer

Outra nova abordagem em desenvolvimento por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) é uma imunoterapia contra o câncer baseada em células dendríticas.

Esse tipo de célula desempenha um papel único na fisiologia do sistema imunológico e é afetada em pacientes com câncer, explicou José Alexandre Marzagão Barbuto, professor do ICB-USP e coordenador do projeto.

“Há alguns anos se descobriu que é possível pegar monócitos de células do sangue de pacientes com câncer e transformá-las em células dendríticas, no laboratório. Mas as células dendríticas produzidas dessa forma são muitas vezes desviadas para induzir tolerância.”

A fim de contornar esse viés da função dessas células, os pesquisadores produziram células dendríticas de doadores saudáveis e as fundiram com as células de pacientes com câncer a fim de criar uma vacina para imunizá-los contra seus próprios tumores.

Os resultados obtidos em vários tipos de câncer e, mais recentemente, em pacientes com glioblastoma, sugerem que isso pode ser uma abordagem eficaz, uma vez que seja possível conduzir e controlar a resposta imune induzida pela vacina.

“O sistema imune interpreta essa vacina, baseada em células dendríticas de um doador saudável fundidas com as células do tumor do paciente, como um transplante e reage com violência”, afirmou Barbuto. “Fizemos os primeiros estudos em pacientes com melanoma e câncer de rim, cujos resultados foram muito bons, e outros com glioblastoma. Agora, estamos na expectativa de realizar um estudo clínico de fase 3.”


IA na ressonância magnética

O avanço na compreensão e tratamento do glioblastoma também tem sido o foco de pesquisadores do Instituto Universitário do Câncer de Toulouse, que têm avaliado se a inteligência artificial aplicada à ressonância magnética pode determinar com precisão se pacientes em quimioterapia apresentam uma modificação no DNA que é útil para prever quanto tempo poderão viver e como responderão ao tratamento.

A modificação é conhecida como “metilação da região promotora da MGMT” e também pode afetar a maneira como a proteína MGMT é produzida e modificada.

“O estado de metilação da MGMT é um importante fator prognóstico, mas requer biópsias que não são necessariamente representativas de todo o tumor e podem variar na recidiva”, explicou Elizabeth Moyal, pesquisadora do IUCT-Oncopole e coordenadora do projeto.

A pesquisadora, em colaboração com o cientista da computação Ahmda Berjaoui, da IRT Saint-Exupéry, tem empregado técnicas de inteligência artificial já aplicadas no setor aeroespacial para superar essas barreiras.

“Desenvolvemos um modelo capaz de prever a sobrevida com alta precisão, variando de 80% a 90%, e que supera outras técnicas existentes”, afirmou Berjaoui.

Leia mais notícias e informações sobre a FAPESP Week França em fapesp.br/week/2025/france.

 

Elton Alisson, de Toulouse

Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/toxina-de-escorpiao-da-amazonia-e-capaz-de-matar-celulas-de-cancer-de-mama/55080

A Importância da vacinação e da prevenção contra doenças respiratórias no Brasil


Com a chegada dos meses mais frios, o Brasil se prepara para enfrentar um aumento nas doenças respiratórias, incluindo aquelas causadas pelo Streptococcus pneumoniae1, a bactéria responsável por infecções graves como pneumonia, meningite, otite média e pneumonia adquirida na comunidade (PAC)2. Entre os agentes causadores de doenças respiratórias, também estão incluídos o vírus influenza, responsável pela gripe, e o vírus sincicial respiratório (VSR), principal agente responsável pela PAC em crianças de até dois anos de idade3. A vacinação é uma ferramenta crucial na luta contra essas doenças, que afetam desproporcionalmente as populações mais vulneráveis, como crianças e idosos6.

  • A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) alerta que mais de 95% de todos os episódios de pneumonia clínica e mais de 99% das mortes por pneumonia aguda entre crianças menores de 5 anos ocorrem em países em desenvolvimento4.
  • As infecções respiratórias, especialmente as PACs, são as principais causas de hospitalização e morte entre crianças menores de cinco anos nesses países4.
  • A vacinação contra as doenças pneumocócicas deve ser realizada ainda na infância5, mas é importante ressaltar que o risco de doenças relacionadas ao pneumococo não se limita à primeira infância; pessoas idosas também estão em risco, tornando a vacinação uma medida essencial em diferentes fases da vida5. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia, a pneumonia é a infecção que mais mata no mundo6. Dados do Ministério da Saúde revelam que a pneumonia é uma das principais causas de morte em crianças menores de cinco anos no Brasil, especialmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte7. Anualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) registra mais de 600 mil internações por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Influenza8.

Além disso, as meningites, embora menos comuns, representam uma preocupação significativa: dados do Ministério da Saúde apontam que de dezembro de 2023 a setembro de 2024 foram notificados mais de 14 mil casos suspeitos no Brasil, sendo a meningite pneumocócica a mais frequente e letal, com 30,4% dos óbitos durante o período9. A média de óbitos por meningites no Brasil entre 2010 e 2014 foi na ordem de 1.500 óbitos por ano9.

 

A Vacinação como Ferramenta de Prevenção

As principais vacinas usadas para prevenir doenças respiratórias incluem a vacinação contra a gripe (influenza)10, a vacinação contra pneumonia (pneumocócica)10 e, mais recentemente, a vacinação contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A vacinação contra a gripe é anual e protege contra os vírus influenza10, enquanto a vacinação pneumocócica protege contra doenças causadas pelo pneumococo, como pneumonia10. A vacinação contra o VSR é recomendada para idosos e gestantes, e protege contra a infecção grave causada pelo VSR11, que pode levar à bronquiolite e pneumonia, especialmente em crianças e bebês11.

A vacinação pneumocócica pode proteger contra múltiplos tipos de pneumococos5. Sua administração é recomendada para crianças a partir de 2 meses de idade e pode ser indicada para adultos a partir dos 50 anos de idade, a critério médico5. A vacinação não apenas protege o indivíduo, mas também contribui para a imunidade coletiva, reduzindo a propagação da doença.

 

Fatores Climáticos e Comportamentais

Durante os meses de inverno, a incidência de doenças respiratórias tende a aumentar devido a permanência em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que favorece a circulação de vírus12.

Para minimizar os riscos de infecções respiratórias, os cuidadores devem adotar uma série de medidas preventivas:

  1. Vacinação em Dia: assegurar que as crianças e adultos em grupos de risco estejam vacinados6.
  2. Higiene Pessoal: promover a higienização frequente das mãos12.
  3. Ambientes Saudáveis: manter os ambientes ventilados e limpos, reduzindo a exposição a germes12.
  4. Hábitos saudáveis: manter-se hidratado, com alimentação adequada e prática de atividades físicas regulares12.

 

 

Referêcias:

  1. Fundação Oswaldo Cruz – Observatório de Clima e Saúde. Disponível em: Link (visita: 28/05/2025)
  2. Antimicrobial Resistance Among Streptococcus pneumoniae. Disponível em: Link (visita: 28/05/2025)
  3. Vírus sincicial respiratório (VSR) – Sociedade Brasileira de Imunizações. Disponível em: Link (vista: 28/05/2025)
  4. Pneumococcus – PAHO. Disponível em: Link (visita: 28/05/2025)
  5. Vacinas pneumocócicas conjugadas – Sociedade Brasileira de Imunizações. Disponível em: Link (visita: 28/05/2025)
  6. Dia Mundial da Pneumonia: 12 de Novembro. Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia. Disponível em: Link (visita: 14/05/2025)
  7. Perfil epidemiológico dos óbitos na faixa etária pediátrica por pneumonia, no Brasil, no período de 2019 a 2023. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences. Disponível em: Link. (visita: 14/05/2025)
  8. Dia Mundial da Pneumonia é lembrado em 12 de novembro. Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia. Disponível em: Link (visita: 14/05/2025)
  9. Informe: Meningites. Ministério da Saúde. Disponível em: Link (visita: 14/05/2025)
  10. Imunização: saiba quais são as vacinas para cada fase da vida - Ministério da Saúde. Disponível em: Link (visita: 20/05/2025)
  11. Imunização: Saúde incorpora vacina para proteger gestantes e bebês do vírus sincicial respiratório. Disponível em: Link (visita: 20/05/2025)
  12. Inverno aumenta riscos de doenças respiratórias. Ministério da Saúde. Disponível em: Link (visita: 14/05/2025)

 

Pacientes com dermatite atópica agora têm acesso a tratamento no SUS

Medida deve beneficiar milhares de brasileiros que sofrem com a condição crônica

 

Recentemente foi divulgado que o SUS introduziu o tratamento para dermatite atópica no protocolo de atendimento, representando um avanço valioso na garantia de cuidado às pessoas que convivem com essa condição. A dermatite atópica (DA) é uma condição crônica, recorrente, inflamatória e pruriginosa da pele e, muitas vezes, debilitante.

Essa abordagem integral proporciona um cuidado mais completo e eficaz, oferecendo ao paciente acompanhamento médico, orientações específicas, acesso a medicamentos, inclusive os imunobiológicos nos casos moderados a graves, e suporte multiprofissional quando necessário. 

“A dermatite atópica vai além das lesões na pele. Ela impacta o sono, a autoestima, o convívio social e a saúde mental de quem convive com a doença”, explica a especialista em pele da Clínica Verte, Dra. Giovanna Funari. “É por isso que o acesso ampliado ao tratamento pelo SUS representa uma conquista imensa para esses pacientes.” 

A dermatite atópica ocorre com maior frequência em crianças (início precoce). Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a prevalência da condição é de 7,3% em crianças entre 6 e 7 anos e 5,3% entre 13 e 14 anos.

Segundo a Dra. Giovanna, o diagnóstico precoce é essencial: “Permitir o início do tratamento logo nos primeiros sinais ajuda a evitar que a doença evolua e cause ainda mais sofrimento. Isso também reduz a chance de infecções secundárias, comuns em lesões abertas pela coceira intensa.” 

Ela destaca ainda a importância do acompanhamento contínuo: “O tratamento da dermatite atópica é individualizado e pode precisar ser ajustado ao longo do tempo. Ter um dermatologista acompanhando de perto significa poder avaliar os efeitos colaterais, a eficácia da medicação e fazer as intervenções necessárias.” 

Para quem tem dermatite atópica moderada a grave, os desafios são muitos. Há uma certa limitação no acesso a especialistas e tratamentos específicos. “Esses pacientes enfrentam dor, coceira intensa, lesões visíveis na pele e um impacto emocional importante. Muitos relatam que se sentem envergonhados ou constrangidos em situações sociais”, comenta a médica.

Isso pode interferir no sono, nas atividades diárias e até no convívio social. “É comum que a dermatite atópica tire o sono de adultos e crianças. A coceira é constante, exaustiva, e afeta diretamente a qualidade de vida”, alerta. 

Para ter acesso aos tratamentos de alta complexidade, como os imunobiológicos, o paciente deve ser avaliado por um dermatologista da rede pública ou de um ambulatório de especialidades, que seguirá os critérios definidos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde. Isso inclui, por exemplo, ter diagnóstico confirmado de dermatite atópica moderada a grave e não ter respondido adequadamente aos tratamentos convencionais. O médico deverá preencher os formulários exigidos e incluir o paciente no sistema do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF).

 Com a nova diretriz, o SUS passa a oferecer, além do tratamento tópico tradicional (como corticoides e hidratantes), terapias sistêmicas em casos moderados a graves, incluindo medicamentos imunobiológicos como o dupilumabe, já incorporado ao SUS pelo Ministério da Saúde. Esses tratamentos são mais modernos e atuam na causa inflamatória da doença, oferecendo uma melhora significativa em muitos casos. 

De acordo com a Dra. Giovanna, o tratamento tem potencial para transformar a vida do paciente. “Ao controlar melhor a inflamação e os sintomas, o paciente passa a dormir melhor, sente menos coceira, tem melhora da autoestima e maior liberdade para realizar suas atividades diárias”, ressalta. 

“Além disso, o acompanhamento contínuo reduz complicações e hospitalizações, melhorando o bem-estar físico, emocional e social.”

Por fim, ela reforça: “A inclusão desse tratamento no SUS representa um avanço não só no cuidado clínico, mas na valorização da qualidade de vida dessas pessoas. É um passo importante em direção à equidade na saúde dermatológica.”

 

Dra. Giovanna Funari (CRM-SP 168156 / CRM-MS 10582) - médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC, em 2014, com ampla experiência em cirurgia e dermatologia. Concluiu residência médica em Cirurgia Geral pelo SUS-SP no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, em 2017 (RQE-SP 69611 / RQE-MS 6311), e atua em Cirurgia Dermatológica desde 2018. Pós-graduada em Medicina Estética pelo ISBRAE (2022) e em Dermatologia pela mesma instituição (2025), a Dra. Giovanna une o olhar clínico à estética com foco na saúde integral dos pacientes. Desde 2025, realiza atendimentos dermatológicos pelo convênio HapVida em Dourados e também na Verte Clinique, em Santos (SP), reforçando sua atuação em diferentes regiões do país.



Alta no número de casos de síndromes respiratórias acende alerta e fisioterapia respiratória vira aliada no cuidado infantil

Técnica ajuda a reduzir internações e aliviar sintomas em casos de bronquiolite e outras complicações; especialista orienta pais com dicas práticas 

 

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) já confirmou mais de 10 mil casos relacionados às Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs), com 523 óbitos registrados, desde o início do ano. Esse número representa um aumento de 43% em relação ao mesmo período de 2024. Diante do avanço, o governo estadual decretou estado de alerta em saúde pública. Para conter esse aumento, medidas de prevenção e cuidado ganham destaque, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.

 

Crianças pequenas, principalmente os bebês, estão entre os mais suscetíveis a complicações respiratórias, isso porque suas vias aéreas são mais estreitas e eles possuem pouca capacidade de eliminar secreções sozinhos. Nesse cenário, a fisioterapia respiratória surge como uma importante aliada no cuidado e recuperação de doenças como a bronquiolite e outras síndromes.

 

De acordo com a fisioterapeuta Juliana Muzzillo, especialista na área, esse tipo de tratamento utiliza técnicas específicas e adaptadas à idade da criança, com o objetivo de reduzir a congestão pulmonar e aliviar sintomas como a falta de ar. “Tudo isso contribui para uma respiração mais eficiente e confortável, além de melhorar a oxigenação e a função pulmonar do paciente, o que acelera a recuperação e pode até diminuir a necessidade de medicamentos como broncodilatadores ou antibióticos”, explica.

 

Além disso, a fisioterapia pode ser indicada em diferentes fases da doença. Nos casos leves, a atuação precoce pode evitar o agravamento do quadro. Durante a internação hospitalar, o tratamento contribui diretamente para a melhora clínica e redução do tempo de permanência. E no pós-alta, o acompanhamento fisioterapêutico ajuda a prevenir recaídas, principalmente em crianças com histórico de infecções respiratórias frequentes. 


Pixabay
Redução de internações e complicações

Outro benefício importante da fisioterapia respiratória é a redução de complicações e do tempo de hospitalização. “Ao facilitar a limpeza das vias aéreas e melhorar a ventilação, diminuímos o risco de agravamento do quadro, como infecções secundárias ou necessidade de oxigenoterapia prolongada. Isso torna a recuperação mais rápida e segura”, explica a fisioterapeuta Juliana.

 

No atual cenário epidemiológico do Paraná - com estimativa de mais de 26 mil casos de SRAG em 2025 -, a incorporação da fisioterapia respiratória no cuidado de crianças ganha ainda mais relevância. Trata-se de uma prática segura, não invasiva e altamente eficaz, que oferece conforto e qualidade de vida ao paciente e tranquilidade à família.

 

Para a especialista Juliana Muzzillo, mais do que tratar, é preciso educar e prevenir. “Quando bem orientados, pais e responsáveis conseguem adotar medidas simples que fazem toda a diferença. A fisioterapia respiratória é uma aliada valiosa nesse processo, tanto no combate às doenças quanto na promoção da saúde respiratória das crianças”, afirma.


 

Prevenção também é tratamento


Com a chegada do inverno e o aumento dos casos de bronquiolite, asma, resfriados e gripes, a fisioterapia respiratória pode ser usada de forma preventiva. Isso é ainda mais relevante para crianças com fatores de risco, como prematuridade, alergias ou contato frequente com ambientes fechados, como creches. “As sessões preventivas ajudam a manter as vias aéreas limpas, fortalecem a musculatura respiratória e ainda orientam os pais sobre cuidados em casa”, aponta Juliana.

 

A especialista também compartilha três dicas simples e eficazes para que pais e responsáveis ajudem a proteger a saúde respiratória das crianças durante os meses mais frios:

 

  1. Ambiente arejado e limpo: mantenha a casa ventilada, mesmo nos dias frios, e evite acúmulo de poeira. Cortinas, tapetes e bichos de pelúcia devem ser higienizados com frequência. O uso excessivo de aquecedores, que ressecam o ar, também deve ser evitado.
  2. Hidratação constante: oferecer água regularmente é essencial, mesmo que a criança não peça. A boa hidratação mantém as secreções mais fluidas, facilitando sua eliminação pelo organismo.
  3. Higiene nasal diária: a lavagem com soro fisiológico ajuda a remover impurezas e secreções, prevenindo a obstrução das vias respiratórias e possíveis infecções. 


Juliana Muzzillo Lopes – fisioterapeuta, formada pela PUC-PR desde 2007, especializada em raciocínio clínico avançado, tração cíclica, manejos no tratamento as deformidades da coluna neuropedriatrica, laserterapia, reabilitação ocular e vestibular e Reeducação Tóraco Abdominal (RTA) para COVID 19. É proprietária da PhysioConfort e também trabalha com fisioterapia domiciliar para o atendimento dos pacientes, em Curitiba e região metropolitana.
@fisiojumuzzillo



Doença Falciforme: cinco fatos que você deveria saber sobre uma das patologias hereditárias mais comuns na população

Anualmente, cerca de 3,5 mil bebês nascem com a doença no paísi 

 

A doença falciforme é a patologia hereditária monogênica, ou seja, que afeta um único gene, mais frequente no Brasil e no mundoii. O Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, lembrado anualmente em 19 de junho, tem como objetivo dar visibilidade à patologia que pode causar anemia crônica, crises dolorosas associadas ou não a infecções, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, inflamações e úlcerasi.

 

A doença falciforme pode causar graves quadros de anemia e, se não diagnosticada de forma precoce, pode levar ao óbito 

A patologia afeta os glóbulos vermelhos do sangue, levando as hemácias a adquirirem formato de foice, o que causa anemia crônica, obstrução vascular, episódios de dor e lesão de órgãosii. Segundo estudo realizado com base nos dados das certidões de óbito registradas no país entre 2015 e 2019, a doença falciforme está associada a uma redução de 37 anos na expectativa de vida. Ainda de acordo com a pesquisa, a estimativa é que hoje existam 60 mil pessoas vivendo com a condição no Brasiliii. O reconhecimento tardio dessas doenças pode levar à morte nos primeiros anos de vida.

 

O principal meio de diagnóstico é o Teste do Pezinho 

Para o tratamento adequado, o diagnóstico precoce é essencial. A doença falciforme pode e deve ser diagnosticada nos primeiros momentos de vida pelo Teste do Pezinho para o rápido direcionamento a exames, acompanhamento e tratamentos para amenizar seus impactos.

"É fundamental que a sociedade esteja ciente dos desafios enfrentados pelos indivíduos com doença falciforme. A condição causa muitas complicações agudas e crônicas ao longo da vida do paciente. O primeiro passo para lidar com esse desafio é a triagem neonatal, essencial para identificação dos casos e correto encaminhamento para centros de referência para acompanhamento regular, realização de exames e recebimento de toda atenção necessária. Só assim o paciente conseguirá ter melhores condições de vida com uma doença que, na maioria dos casos, o acompanhará por toda a vida", ressalta a Dra. Ana Cristina Silva Pinto, médica da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (SP) e professora da Universidade de São Paulo (USP).

 

A doença falciforme possui tratamento e há chance de cura 

Os pacientes contam com medicamentos que mantêm as hemácias redondas ou controlam infecções. Também podem fazer transfusões de sangue regulares para minimizar efeitos da doença. Essas terapias oferecem a possibilidade de um cotidiano com mais qualidade de vida. A cura é possível apenas em casos muito específicos, em que é indicado o transplante de medula para quem possui doador compatível, mas, mesmo nessas situações, o médico deve acompanhar o paciente continuamenteii.

 

Embora seja uma anemia, o excesso de ferro no sangue é uma ameaça para portadores da doença 

A sobrecarga de ferro é perigosa, sendo o comprometimento cardíaco uma das principais complicações associadas ao quadroii. As transfusões recorrentes podem levar ao acúmulo de ferro no sangue, já que o mineral presente no sangue transfundido não é eliminado de forma natural pelo organismo. "A sobrecarga crônica de ferro pode causar danos irreversíveis em órgãos vitais, como o coração e o fígado", aponta a Dra. Ana Cristina Silva Pinto. Tradicionalmente, a terapia de quelação, feita com medicamentos que ajudam a eliminar o excesso de ferro do corpo tem sido a abordagem padrão. "Caso o paciente apresente alguma intolerância ou contraindicação a um quelante, pode-se trocar a terapia por outro", explica a médica especialista em Hematologia e Hemoterapia.

 

Ter o gene da doença falciforme não significa que a pessoa desenvolverá a patologia 

O único meio de transmissão da doença falciforme é entre gerações. Como a condição é recessiva, para desenvolver a doença a pessoa precisa herdar duas cópias defeituosas do gene (uma de cada progenitor). Não há a possibilidade de transmissão da enfermidade pelo contato com outras pessoas.

  



Grupo Chiesi
www.chiesi.com


Chiesi Brasil
www.chiesi.com.br





Referências Bibliográficas

[1] Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde [homepage na internet]. 27/10 – Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doenças Falciformes [acesso em 11/06/25]. Disponível em: Link

[1] Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária [homepage na internet]. Manual de diagnóstico e tratamento de doenças falciformes. Brasília (DF): Anvisa; 2002. p.9-11 [acesso em 16 Junho 2025]. Disponível em: Link

[1] Rodolfo Delfini Cançado, Fernando Ferreira Costa, Lopes C, Celina Borges Migliavaca, Maicon Falavigna, Rocha C, et al. Estimated mortality rates of individuals with sickle cell disease in Brazil: real-world evidence. Blood Advances [Internet]. 2023




7 dicas para aproveitar as festas juninas sem atrapalhar a dieta

Milho cozido e pipoca são ótimas opções de petisco
Crédito: Freepik
O médico Danilo Almeida compartilha orientações para manter o equilíbrio sem abrir mão das comidas típicas.

 

As festas juninas são uma das tradições mais amadas do Brasil — e com razão. Bandeirinhas, quadrilhas, fogueiras e, claro, aquela variedade de comidas típicas que despertam a memória afetiva de qualquer um. Mas para quem está em processo de emagrecimento ou tentando manter uma alimentação equilibrada, os exageros alimentares dessa época podem parecer um desafio. 

Paçoca, canjica, pé de moleque, arroz-doce, bolos e caldos são verdadeiras estrelas do arraiá, mas também costumam vir acompanhados de grandes quantidades de açúcar, gordura, sal e ingredientes ultraprocessados. O resultado? Sensação de estufamento, inchaço, culpa… e muitas vezes a falsa impressão de que “todo o progresso foi perdido”. 

A boa notícia é que não é preciso abrir mão da festa para manter a saúde e os resultados em dia. Segundo o médico Danilo Almeida, pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN e responsável pela Clínica Versio (ES), o segredo está em fazer escolhas conscientes e entender que equilíbrio não é sobre restrição, e sim sobre estratégia. “Com atenção ao corpo, hidratação adequada e escolhas mais inteligentes, é totalmente possível aproveitar os quitutes juninos sem sabotagens e sem neuras”, afirma. 

Para isso, o Dr. Danilo Almeida lista 7 orientações práticas para quem quer curtir o melhor das festas juninas com leveza e consciência:

 

1. Não vá para a festa com fome

Chegar ao evento de estômago vazio aumenta o risco de exagerar. Faça refeições equilibradas ao longo do dia, com boas fontes de proteína, vegetais e gorduras saudáveis. Isso garante saciedade e reduz o impulso de “atacar” tudo que vê pela frente.

 

2. Escolha com intenção

Você não precisa provar tudo. Foque em dois ou três pratos que realmente te trazem prazer e consuma com calma, saboreando. “Planejamento alimentar não é privação, é inteligência nutricional”, reforça o médico.

 

3. Prefira preparações mais naturais

Milho verde, batata-doce, pipoca sem excesso de óleo e caldos caseiros são ótimas opções. Evite pratos com muita calda, leite condensado ou coberturas artificiais. Quanto mais simples, melhor para sua saúde intestinal e hormonal.

 

4. Prove em pequenas quantidades

Em vez de um prato cheio de tudo, sirva porções menores e compartilhe. Isso ajuda no controle sem te afastar da experiência. Dividir é uma forma de cuidar de você e ainda criar boas memórias.

 

5. Beba com consciência (e intercale com água)

Quentão, vinho quente e licores juninos costumam ter muito açúcar. Se decidir consumir, vá com moderação e intercale com bastante água. A hidratação reduz a sobrecarga no fígado, melhora a digestão e ajuda a controlar a compulsão.

 

6. Cuidado com a “marmitinha” do pós-festa

Levar doces e sobras pra casa é tradição em muitas famílias. Mas isso pode prolongar os excessos por dias. “Às vezes, dizer não à marmita é o verdadeiro gesto de autocuidado”, comenta Danilo.

 

7. No dia seguinte: foco na hidratação e leveza

Se exagerou, tudo bem. O segredo é retomar a rotina com leveza, consistência e muita água. O médico explica que nas 72 horas após a festa, é comum notar um aumento de peso na balança. Segundo ele, na maioria dos casos, não é gordura, e sim retenção de líquidos causada pelo excesso de sódio, açúcar e álcool. “Aumente a ingestão de água nesses dias para ajudar o corpo a eliminar o inchaço e desinflamar. Combine isso com refeições leves, sono de qualidade e, se possível, algum movimento físico”, orienta. 

O mais importante, de acordo com o expert em nutrologia, é ter em mente que alimentação saudável se constrói ao longo do tempo, e não depende de um único evento. Abrir exceções em momentos especiais não é um problema. O que faz diferença é a constância das suas escolhas no dia a dia. “Aproveite a festa com consciência e volte ao seu ritmo no dia seguinte. É assim que os resultados se tornam sustentáveis”, finaliza o médico Danilo Almeida. 

 

Danilo Nunes Almeida (CRM/ES 17592) - médico pós-graduado em Nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e pós-graduando em Metabolômica pela Academia Brasileira de Medicina Funcional Integrativa. Atua com foco em emagrecimento, saúde hormonal, saúde intestinal e medicina de precisão. Fundador da Clínica Versio, localizada em Vitória (ES), é especialista em transformar dados clínicos, como genética, microbiota e hipersensibilidades alimentares, em estratégias de tratamento personalizadas, com foco em resultados reais e sustentáveis.

 

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