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quarta-feira, 28 de julho de 2021

Uso excessivo de eletrônicos causa problemas de visão

Desde os tempos em que a única tela para a qual as crianças olhavam durante muito tempo era a dos aparelhos de TV, os pais já eram advertidos acerca dos problemas que isso poderia trazer à visão delas.

Com a popularização dos computadores, tablets, smartphones e outros dispositivos, as crianças aumentaram o tempo passado diante de telas; a pandemia tornou esse tempo ainda maior e os problemas derivados disso também se tornaram maiores, causados principalmente por olhar fixamente para telas e piscar pouco.

Os oftalmologistas americanos David Epley, porta-voz da American Academy of Ophthalmology e Sylvia Yoo, professora da Tufts University School of Medicine, dizem estar aumentando o número de novos casos de miopia entre crianças e adolescentes, bem como estar acontecendo uma aceleração do agravamento dos casos já existentes.

Miopia já era um problema que crescia nos Estados Unidos (e provavelmente também no Brasil) antes da pandemia: nos anos 1970, 25% dos americanos eram míopes e no início dos anos 2000 esse número já chegava a 42%. Outros problemas, como dores de cabeça e olhos secos tem a mesma origem.

Para minorar esses problemas, os médicos recomendam mais atividades ao ar livre, pois a diminuição do tempo diante de telas e a luz solar são úteis nesse sentido.

Adotar a regra 20-20-20 também ajuda: para cada 20 minutos diante de uma tela, deve-se olhar para alguma coisa situada a 20 pés (cerca de 6 metros) de distância, durante 20 segundos.

Muitos pais têm dado aos filhos óculos com lentes que filtram a luz azul emitida por essas telas, tentando resolver esse problema. Ocorre que eles não têm maior utilidade, exceto em casos de hipersensibilidade a esse tipo de luz - a luz azul emitida pelas telas não é suficiente para criar problemas.

Além desses cuidados, os médicos recomendam observar as crianças, procurando detectar problemas como dores de cabeça, irritação nos olhos, dificuldade de enxergar objetos a diversas distâncias ou ler revistas, por exemplo; quando isso acontecer, deve-se procurar um oftalmologista rapidamente.

 


Vivaldo José Breternitz - Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Pfizer submete Ibrance, terapia inovadora para tratamento de câncer de mama avançado, para a CONITEC

Os tumores mamários correspondem a quase um terço do total de neoplasias nas mulheres brasileiras e pelo menos 30% dos quadros evoluem para metástases, mesmo quando o diagnóstico é feito precocemente


 

A Pfizer enviou para a CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS - os documentos para submissão de Ibrance, terapia inovadora para tratamento de câncer de mama avançado do tipo hormônio (estrogênio) receptor positivo (HR+) e HER2 negativo. O produto foi lançado no país em 2018 e é indicado a pacientes com tumores que crescem em resposta ao hormônio estrogênio e não estão relacionados à proteína HER2 (human epidermal growth factor receptor-type 2).1 Há mais de 10 anos não se ouvia falar em um tratamento inovador de primeira linha para esse tipo de câncer, que representa a maioria dos casos de tumores mamários. Espera-se que a Consulta Pública para esse e outros medicamentos seja aberta entre o final de 2021 e o começo de 2022.

 

Ibrance está indicado em combinação com o fármaco letrozol como tratamento de primeira linha para pacientes que não receberam tratamento sistêmico anterior para a doença em estágio avançado. Como segunda linha, Ibrance pode ser prescrito em associação com fulvestranto para mulheres com câncer de mama avançado nas quais a doença tenha progredido durante ou após terapia endócrina.1 O medicamento é um agente-alvo oral que inibe seletivamente quinases dependentes de ciclina (CDK4 e CDK6), o que possibilita bloquear a proliferação e crescimento das células tumorais pela interrupção de seu ciclo celular.2


 

Submissões de novas tecnologias aos sistemas público e privado

 

Desde 2012, as solicitações de incorporações de tecnologias ao Sistema Único de Saúde, SUS, são avaliadas por uma comissão específica, a CONITEC, que considera as evidências disponíveis e os estudos econômicos (avaliação econômica e impacto orçamentário) para recomentar ou não a incorporação da tecnologia em análise. Após a recomendação, uma consulta pública – mecanismo de participação social que concede a oportunidade de contribuição e opinião dos interessados nas decisões de saúde, garantindo voz aos pacientes, familiares e à população em geral nos processos regulatórios, é realizada. Com base na análise prévia realizada e nas contribuições recebidas, CONITEC faz a deliberação final. Após a incorporação, o Ministério da Saúde tem até 180 dias para ofertar a tecnologia incorporada.

 

O Rol de Procedimentos em Saúde do sistema privado também avalia tecnologias para garantir o direito dos beneficiários de planos de saúde, contemplando procedimentos considerados indispensáveis ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento de doenças e eventos em saúde. A atualização, realizada pela ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, atualmente acontece a cada dois anos, porém esse processo está sendo revisado, o que pode acelerar esse período de análise.

 

Desde o início de 2021, Ibrance, assim como outros tratamentos oncológicos, exames e cirurgias e procedimentos para tumores de mama, foram incorporados ao ROL pela ANS e são oferecidos aos pacientes por planos de saúde em todo o Brasil. 


 

Uma doença multifatorial

 

O câncer de mama é uma doença multifatorial e o maior fator de risco é a idade: três em cada quatro casos são diagnosticados em mulheres a partir dos 50 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Mas há outras condições relacionadas ao desenvolvimento da doença, entre elas aspectos ambientais, reprodutivos e genéticos. Cerca de 30% dos casos poderiam ser evitados, por exemplo, a partir da adoção de hábitos saudáveis de vida, como a manutenção do peso adequado, a prática de exercícios físicos e restrições quanto à ingestão de bebidas alcoólicas.3,4



 

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REFERÊNCIAS:

1.    Bula de Ibrance aprovada pela ANVISA.

2.    Finn RS, Crown JP, Lang I, et al. The cyclin-dependent kinase 4/6 inhibitor palbociclib in combination with letrozole versus letrozole alone as first-line treatment of estrogen receptor-positive, HER2-negative, advanced breast cancer (PALOMA-1/TRIO-18): a randomised phase 2 study. Lancet Oncol. 2015;16(1):25-35.

3.    Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. 1estimativa 2020 de Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf , acessado em julho de 2021.

4.    Unger-Saldaña K. Challenges to the early diagnosis and treatment of breast cancer in developing countries. World J Clin Oncol. 2014 Aug 10;5(3):465-77.


Saiba como tratar as alergias desencadeadas pelo frio

A médica Camilla Pereira, do Plunes Centro Médico, dá dicas sobre como evitar a proliferação dos causadores das alergias


Os principais causadores das alergias são mofo e ácaros, que se proliferam nesta época do ano
Divulgação

Cerca de 30% da população brasileira sofre com algum tipo de alergia e a chegada do inverno pode piorar alguns dos sintomas, principalmente para quem sofre com asma, rinite e dermatite atópica. Os principais causadores das alergias são mofo e ácaros, que se proliferam nesta época do ano, além dos vírus e bactérias que circulam em ambientes fechados.

“Nos dias frios as pessoas tendem a ficar mais tempo dentro de casa, com portas e janelas fechadas. Também evitam locais abertos e abusam do banho quente, o que afeta a camada protetora da pele, tornando-a ressecada e sujeita a coceiras”, conta a médica especialista em alergias Camilla Pereira, do Plunes Centro Médico, de Curitiba (PR).

Além dos agentes causadores mais conhecidos, como mofo, ácaros, vírus e bactérias, em algumas residências a fumaça intradomiciliar aumenta nessa época devido ao uso de lareiras e fogões a lenha. “Além dessa, a fumaça do cigarro também é grande causadora de piora nas alergias”, enfatiza a médica.

Outra doença muito comum nesta época do ano é a "urticária do frio", que ocorre devido à queda da temperatura e leva ao aparecimento de placas avermelhadas e elevadas na pele, prurido e inchaço. Segundo Camilla Pereira, essa doença pode atingir trabalhadores de frigoríficos, açougues e outros ambientes com baixas temperaturas.

Para minimizar os sintomas das alergias é preciso abusar da limpeza da casa e do ambiente de trabalho. “Sugiro sempre aos pacientes limpar os cômodos e móveis com um pano umedecido em água e vinagre de álcool, evitando produtos com odor forte. Outra boa dica é não usar vassouras e, sim, aspiradores. Também é indicado evitar cortinas de tecido, carpete, tapetes, almofadas de tecido e outros objetos que concentram muita poeira”, conta.

Manter os cômodos ventilados, evitar banhos quentes e demorados e hidratar a pele regularmente também contribui para minimizar os efeitos desagradáveis das alergias. “O paciente com alergia deve ser olhado com cuidado durante o ano inteiro, porém uma visita ao médico no início do inverno é muito importante. As orientações quanto ao reconhecimento da piora das alergias e medidas a serem tomadas devem ser frequentes. Quem possui alguma doença alérgica deve procurar o seu médico e evitar que algo atrapalhe a qualidade de vida no inverno”, finaliza a especialista.


Plano de saúde é obrigado a custear prótese peniana a segurado

Justiça entendeu que operadora de plano de saúde deve arcar com implante de prótese peniana inflável a segurado com disfunção erétil, com o argumento de que o consumidor que não pode ser privado de usufruir dos avanços da medicina, sob pena de violação da finalidade do contrato de assistência à saúde.

 


Questões relacionadas aos planos de saúde e seus associados permeiam os tribunais com mais frequência do que deveriam. É cada vez mais comum ver consumidores acionar a justiça para fazerem valer seus direitos junto aos planos de saúde que tentam camuflar em letras miúdas nos contratos de prestação de serviço.

É o que aconteceu com um cidadão de 37 anos diagnosticado com disfunção erétil venogênica refratária, cujo tratamento indicado foi o implante de prótese peniana inflável. A operadora do plano de saúde se recusou a custear a prótese prescrita pelo médico sob o argumento de não estar prevista no rol de coberturas obrigatórias editada pela Agência Nacional de Saúde - ANS. Ou seja, em nenhum momento foi cogitada a necessidade do autor de se submeter ao procedimento, mas apenas a obrigatoriedade, ou não, de a operadora arcar com os custos da prótese inflável.

“Tal justificativa mostra-se abusiva e contrária à finalidade do contrato”, avaliam Leo Rosenbaum e Fernanda Glezer Szpiz, sócios do Rosenbaum Advogados, escritório especializado em Direito à Saúde e do Consumidor. “Inclusive a jurisprudência majoritária entende que é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS”, esclarecem.

O juiz de primeira instância julgou improcedente, porém, houve recurso e o Tribunal de Justiça de São Paulo reverteu a decisão, com base no entendimento de que o consumidor não pode ser privado de usufruir dos avanços da medicina, sob pena de violação da finalidade do contrato de assistência à saúde. Além disso, esses contratos têm natureza aleatória e relevante finalidade social, não prevalecendo a exclusão de cobertura de tratamento prescrito por médico sob a alegação de que o procedimento não está previsto no rol da ANS, que estabelece somente a cobertura mínima obrigatória. Tal justificativa mostra-se abusiva e contrária à finalidade do contrato.

“Melhor dizendo, não prospera a tese de que a cobertura contratada é restrita aos procedimentos consignados expressamente no contrato e elencados no rol da ANS, sob pena da limitação desequilibrar a avença em desfavor do consumidor, que ficaria privado de usufruir de qualquer procedimento decorrente do avanço na medicina”, consideram os especialistas e continuam, “além disso, não cabe à operadora do plano de saúde avaliar a prescrição médica e escolher o material a ser utilizado no ato cirúrgico, uma vez que o relatório médico é claro quanto à necessidade de implantação da prótese, com brevidade, por se tratar de doença de rápida progressão e que pode culminar na perda total da ereção de modo irreversível”.

Dessa forma, é correto dizer que se o contrato não restringe a cobertura da doença, tampouco estabelece expressamente a exclusão do material utilizado, devendo ser garantido ao paciente o acesso à prótese inflável nos exatos termos da prescrição médica.

O relator julgou procedente o pedido para condenar operadora de plano de saúde na obrigação de custear a cirurgia do segurado, bem como a prótese, nos exatos termos da prescrição médica, arcando com a integralidade das despesas médicas e hospitalares decorrentes do procedimento, desde que realizado na rede credenciada, ou mediante reembolso, nos limites do contrato, caso o autor opte por realizá-la por profissional de sua confiança, não credenciado à seguradora contratada.

Trabalho em home office e os riscos da trombose

Médico Vascular Gustavo Marcatto explica porque o trabalho em casa pode gerar o problema e dá dicas de prevenção


            Há pouco mais de um ano grande parte dos trabalhadores viu sua rotina com a jornada de trabalho mudar totalmente devido à pandemia da Covid-19. De um dia para o outro fomos obrigados a passar todo tempo possível em casa e o lar acabou virando local de trabalho, nosso escritório. E precisamos nos adaptar rapidamente a essa nova realidade.

            Além da disciplina e concentração nem sempre fáceis no chamado home office, o fato de fazermos menos movimentos e passarmos longos períodos sentamos pode refletir, e muito, na saúde do nosso corpo.

            “Com a mudança da rotina de trabalho dos brasileiros temos observado, sim, aumento nos riscos do desenvolvimento da trombose. E por que isso acontece? Quando estamos em home office a tendência é permanecer longos períodos sentados, o que não é nada saudável para o sistema circulatório”, explica o médico vascular, Dr. Gustavo Marcatto.

Dr. Gustavo Marcatto/Divulgação

            Antes da pandemia, quando todos saíamos de casa para exercer nossas atividades no escritório, na fábrica ou empresa, nos movimentávamos mais. Primeiro com o deslocamento do lar para o trabalho; depois com as atividades e rotinas diárias dentro da empresa, saídas para almoço ou um café e a volta para a casa ao final do expediente. “Em casa passamos muito tempo parados, sentados. E aí está o problema já que a circulação de retorno sofre para acontecer e, com isso, os riscos de um quadro de trombose são elevados”, alerta o especialista.

            Ainda segundo Dr. Gustavo outro ponto importante é que no home office as pessoas acabam ingerindo menos água do que seria o ideal. “Então, esses dois pontos (falta de movimento e menor quantidade de água ingerida) é um prato cheio para o desenvolvimento da trombose”.


E o que fazer?

            Para evitar desenvolver esse grave problema circulatório, batam algumas medidas e simples mudanças de hábito enquanto estiver trabalhando em casa. A primeira coisa, segundo o vascular, é sempre se movimentar durante a jornada de trabalho. “O ideal é programar o despertador do celular, de preferência a cada duas horas, para levantar, caminhar pelo ambiente, fazer algum tipo de movimento, e só então sentar novamente”.

            Outra dica importante do doutor Gustavo, e que serve para o bom funcionamento de todo o organismo, é sobre o consumo de água. “É essencial que a pessoa aumente a quantidade de água ingerida durante o dia. O recomendável é no mínimo 2,5 litros diariamente”, ressalta o profissional.

            Por último também é necessário utilizar um suporte para apoiar os pés enquanto estiver sentado. “De vez em quando levante os pés do suporte e balance as pernas, alongue, faça exercícios que movimentem os membros inferiores, ajudando assim a circulação de retorno acontecer”.

            O médico vascular pontua que a trombose pelo trabalho em home office sem cuidados podem ser acontecer, mas tem maneiras de se prevenir e evitar o quadro. “Vale lembrar que quem tem risco adicional, quadro de hereditariedade ou já teve trombose, deve procurar o médico para fazer sempre um acompanhamento”.


Linfoma: 80% dos casos do câncer que afeta o sistema imunológico tem chances de recuperação quando feito o diagnóstico precoce

Na última década o termo Linfoma ganhou as manchetes após uma série de personalidades dos meios artístico e político revelarem o diagnóstico da doença.

E não é à toa que ouvir falar sobre esse tipo de câncer está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano sejam diagnosticados ao menos 15 mil novos casos da doença. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.



Mas, do que se trata esse tipo de tumor?

De forma simplificada, os linfomas podem ser classificados como Hodgkin, mais raro e que afeta em especial jovens entre 15 e 25 anos e, em menor escala, adultos na faixa etária de 50 a 60 anos, ou não-Hodgkin, cujo grupo de risco é composto por pessoas na terceira idade (mais de 60 anos). Para Mariana Oliveira, hematologista do CPO Oncoclínicas, apesar de não haver prevenção por desconhecimento do que leva ao surgimento da neoplasia, a chave para deter a evolução progressiva do tumor é o conhecimento. "A boa notícia é o fato de os linfomas terem alto potencial curativo. O diagnóstico precoce é fundamental para alcançar o êxito no processo terapêutico, por isso o esclarecimento à população é essencial", afirma.

As chances de remissão em pacientes com linfomas de Hodgkin chega a superar 80% dos casos quando o diagnóstico acontece ainda no estágio inicial, enquanto os não-Hodgkin de baixo-grau (não agressivos) têm altas taxas de sobrevida, superando a marca de 10 anos.



Sintomas e Tratamento

Os sintomas em geral são aumento nos gânglios linfáticos (linfonodos ou ínguas, em linguagem popular) nas axilas, na virilha e/ou no pescoço, dor abdominal, perda de peso, fadiga, coceira no corpo, febre e, eventualmente, pode acometer órgãos como baço, fígado, medula óssea, estômago, intestino, pele e cérebro.
"As duas categorias - Hodgkin e não-Hodgkin -, contudo, apresentam outros subtipos específicos, com características clínicas diferentes entre si e prognósticos variáveis. Por isso, o tratamento não segue um padrão, mas usualmente consiste em quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambas as modalidades", explica Mariana Oliveira.

Em certos casos, terapias alvo-moleculares, que tem como meta de ataque uma molécula da superfície do linfócito doente, podem ser indicadas. "Estas proteínas feitas em laboratório atuam como se fosse um ‘míssil teleguiado’ - que reconhece e destrói a célula cancerosa do organismo", ressalta o médico. Ainda, dependendo da extensão dos tumores e eficácia das medicações, pode haver a indicação de transplante de medula óssea.

Diante dos desafios impostos pela crescente incidência da doença, novas alternativas terapêuticas vêm surgindo para combater os linfomas, especialmente para os que não respondem aos tratamentos convencionalmente indicados. "A medicina tem avançado nos últimos anos principalmente através da terapia celular", afirma a especialista.

Ela conta que o autotransplante ,tratamento no qual é realizada uma quimioterapia mais intensa seguida pela infusão da medula do próprio paciente é uma delas. A terapia com CAR T é outra, e a principal novidade da área. Altamente especializadas, foram desenvolvidas, a partir de uma modificação genética das células, para atacar especificamente o tipo do câncer do paciente e aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), órgão regularizador do setor nos Estados Unidos. As drogas utilizadas nestas situações obtiveram taxas de sucesso que variaram de 50% a 80% dos casos, o que é animador.

E o recente arsenal de combate aos linfomas também incluí a imunoterapia. Com bons resultados apontados por estudos e pesquisas de referência global, o tratamento estimula o organismo do paciente a reconhecer e combater as células tumorais. "De forma bastante simplificada, podemos dizer que os imunoterápicos desativam os receptores dos linfócitos e, assim, permite que as células doentes sejam reconhecidas. Isso faz com que o organismo volte a combater o tumor - e sem causar efeitos colaterais comuns a outras medicações habitualmente adotadas nos processos terapêuticos", finaliza Mariana Oliveira.


Especialista explica o que é aneurisma de Aorta e por que é tão importante o diagnóstico precoce

O rastreamento dos pacientes com fatores de risco pode auxiliar no diagnóstico precoce do Aneurisma de Aorta

 

A Aorta é a maior e a principal artéria do corpo humano, responsável por transportar o sangue do coração para todos os órgãos, passando pelo tórax e abdômen. O aneurisma é caracterizado pela dilatação localizada de um vaso, podendo não apresentar sintomas inicialmente.

Segundo o Cirurgião Vascular e Endovascular Dr. Josualdo Euzébio da Silva, o aneurisma pode acometer todos os vasos do corpo. Em relação a Aorta pode acometer a Aorta torácica e abdominal. "O aneurisma é caracterizado por uma dilatação permanente de todas as camadas da parede de uma artéria de, pelo menos 50% maior que o diâmetro normal do vaso naquela pessoa", explica o especialista.

Geralmente, o problema é mais prevalente na população masculina, a partir dos 50 anos de idade, e a incidência aumenta aos 60 anos. Além disso, outros fatores também podem aumentar o risco de desenvolver um aneurisma, como aterosclerose, níveis elevados de colesterol, pressão alta, sedentarismo e tabagismo.

O maior risco do aneurisma de aorta é o seu rompimento, que pode causar uma hemorragia grave, colocando a vida em risco. "A taxa de mortalidade desta doença quando ocorre a ruptura pode atingir níveis elevados, por conta do quadro de hemorragia grave que vai ocasionar", esclarece Dr. Josualdo Euzébio. Apesar de apresentar risco alto de complicações, o aneurisma pode ser controlado e tratado em fases mais precoces, com redução importante de risco.

Dr. Josualdo Euzébio enfatiza que o controle clinico geral, controle dos fatores de risco, realização do checkup vascular podem orientar a prevenção de doenças vasculares e também a detecção precoce, sendo que o tratamento apresenta melhores resultados nesta fase.

A indicação do tratamento cirúrgico segue as recomendações mundiais, e são vários aspectos a serem analisados pra definir o momento exato para tratamento e qual a técnica a ser utilizada

"A cirurgia pode ser realizada pela técnica convencional com abertura de abdômen ou tórax e utilização de um prótese vascular especifica ou através de um procedimento minimamente invasivo com pequenas incisões na virilha e implante de uma endoprotese." Ressalta que a indicação do melhor tratamento é avaliado pelo cirurgião para cada paciente, sendo analisado de maneira minuciosa várias informações, exames, quadro clinico do paciente...

O médico orienta ainda que uma as formas de prevenir os aneurismas é manter o estilo de vida saudável, por meio de uma alimentação balanceada, prática de atividades físicas, não fumar, controle de pressão arterial e níveis de colesterol e triglicérides. ". A população deve ter consciência de que seus hábitos são escolhas, e estas escolhas podem prolongar ou não a vida", finaliza o médico.

 


DR. Josualdo Euzébio da Silva - CRM-MG 26.128  - RQE 17502/31642


Trombose: o perigo silencioso de mãos dadas à COVID-19

Especialista explica qual a relação entre as duas doenças e o que fazer para se prevenir


Com o avanço da pandemia, cerca de um ano e meio após o surgimento dos primeiros casos, já é de amplo conhecimento que o SARS-CoV-2 é causador de problemas agudos no sistema respiratório. No entanto, o que pouco se discute é o grande número de casos envolvendo coágulos de sangue em pacientes infectados pela COVID-19. Estima-se que de 5% a 10% dos pacientes internados em enfermaria tenham apresentado algum evento trombótico durante o tratamento de coronavírus, podendo chegar a 30% para pacientes internados em UTI – taxas muito altas se comparadas ao período pré-pandemia. A trombose é uma obstrução causada por coágulos de sangue em veias e artérias, podendo resultar em quadros graves, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e embolia pulmonar - podendo levar, em casos extremos, à parada cardíaca.  

A infecção causada pela COVID-19 não afeta somente os pulmões, mas também pode lesar a camada interna da parede dos vasos sanguíneos.  “Essa camada, chamada de endotélio, é parte responsável por não permitir que o sangue coagule, então se o vírus danifica essa camada, a deixa mais propensa à formação de trombo”, explica Dr. Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) e da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). “A trombose é causada pelo que chamamos de Tríade de Virchow, que envolve a estase, a hipercoagulabilidade e o dano vascular. O vírus gera lesão no vaso e ativa a cascata inflamatória, que são questões relacionadas à coagulação. Isso acaba levando algumas pessoa a ficarem prostradas e acamadas,  como é o caso de pacientes  com necessidade de suplementação de oxigênio, com pouca mobilidade e gerando a estase”. 

A trombose pode atingir qualquer paciente diagnosticado com COVID-19, inclusive casos leves, domiciliares e que não apresentaram síndrome respiratória. “Logo nos primeiros casos, na China, os médicos perceberam a elevação de um elemento identificado no sangue, que está relacionado à trombose: o D-dímero”, comenta o cirurgião. Quando temos um trombo, nosso organismo tenta desfazê-lo e, nesse processo, libera substâncias no sangue que acabam funcionando como marcadores. Um desses marcadores é o D-dímero. “No início da pandemia, logo que os colegas identificavam essa elevação do D-dímero, solicitavam a avaliação vascular. Parecia certo exagero, pois muitos pacientes não apresentavam nenhuma manifestação clínica de trombose, mas quando fazíamos avaliação com ultrassom (ecodoppler) em muitos desses casos achávamos um trombo. Assim, percebemos que não se tratava de uma situação comum”. 

A relação entre a COVID-19 e a presença de tromboses gerou, no meio médico, discussões, não somente acerca das consequências da infecção, mas também sobre qual seria o tratamento mais adequado, já que o paciente infectado além de apresentar risco aumentado de trombose, também tem risco de sangramento. “Até o momento, um paciente com diagnóstico de infecção pelo coronavírus que necessita internação e não tem diagnóstico de trombose vai receber uma dose menor de anticoagulante, preventiva, chamada de dose profilática. Agora se ele tem diagnóstico confirmado de trombose durante o tratamento, vai receber a dose de anticoagulante terapêutica, que é aproximadamente o dobro da dose de prevenção”, afirma Teruchkin, que completa que, a cada mês, novos estudos são lançados e novos paradigmas quebrados.  


As vacinas causam trombose? 

Logo que as vacinas começaram a ser utilizadas em escala populacional, na Europa e na América do Norte, no início de 2021, foram relatados alguns casos de tromboses graves em vasos cerebrais e viscerais, associados à redução do nível de plaquetas, após a vacinação com os imunizantes AstraZeneca e Janssen, o que gerou muita polêmica acerca da sua segurança.  

No entanto, Dr. Marcelo explica que esses são casos bastante raros. No início dos relatos, a trombose induzida por vacina era tratada com heparina, uma medicação anticoagulante de uso consagrado, mas que, especialmente nesses casos, resultava em uma reação imunológica que piorava o quadro do paciente. “Hoje, passados alguns meses, já sabemos qual a melhor forma de tratar essa trombose atípica relacionada à vacina. Se usa a imunoglobulina, uma substância para diminuir a resposta imunológica, e anticoagulantes não relacionados à heparina”, completa.  

Contudo, ele ressalta: “O risco de ocorrer uma trombose grave por COVID é muito maior que o risco de uma trombose rara pela vacina. A vacina, salvo raras exceções, sempre vai ser benéfica. É a melhor solução para a retomada de uma vida normal!”. 


Prevenção 

Apesar do cenário, existem pequenas e simples ações que podem contribuir para que o paciente se previna de desenvolver uma trombose em meio a um caso de coronavírus. Pacientes em síndrome gripal (casos leves) devem se manter bem hidratados e, mesmo em isolamento, buscar se movimentar e evitar a restrição ao leito. Aqueles que já passaram para síndrome inflamatória com baixa oxigenação (casos mais graves), devem agir somente sob recomendação médica, com medicação profilática para trombose. “O paciente deve evitar, a todo custo, a automedicação, porque, caso ele tenha algum risco aumentado de sangramento, o uso de anticoagulantes por conta própria pode ser extremamente arriscado”, explica o médico.  

Os sintomas da trombose podem variar de acordo com o local atingido. Trombose nas veias das pernas podem ocasionar inchaço, dor e mudança de coloração. Para as artérias dos membros inferiores, dor, ausência de pulso, palidez, resfriamento e formigamento do membro. Trombos no sistema pulmonar causarão falta de ar, dor torácica e tosse. Na circulação dos rins, o paciente pode sofrer de insuficiência renal. Além disso, coração e cérebro podem ser atingidos. “O trombo pode se formar em vaso único, como em vários sítios. É muito relativo e tem correlação com a gravidade da doença”, relata o especialista. 

À medida que o processo infeccioso e inflamatório vai se resolvendo, o risco de trombose vai, progressivamente, diminuindo – um processo que pode durar alguns meses até se normalizar. “É vital que todo o paciente que se recupera da COVID marque um checkup clínico. Pelo menos cardiológico, pulmonar e vascular. Ele vai ter orientações para que os seus riscos de complicações sejam amplamente reduzidos”, finaliza.  


Pandemia prejudicou a saúde mental de crianças e adolescente com a falta da rotina escolar

Pedagoga Georgya Correa acredita que a falta de limite complementar traz insegurança, ansiedade e angústias para as crianças e adolescentes.

 

É inegável que a pandemia impactou diretamente as vidas de todas as pessoas. Afinal, as medidas restritivas, aliadas ao distanciamento físico e o isolamento social, trouxeram novas formas de estar juntos às pessoas amadas, ao ritmo de trabalho e às necessidades diárias. 

Mas um problema que se observa nessas horas é o quanto a educação de crianças e adolescentes estão sendo abaladas com tudo que a sociedade tem vivido neste período tão difícil. Longe de contato diário com professores, colegas e familiares, as crianças e jovens acabam se rendendo ao mundo dos computadores, e isso pode trazer sérios problemas para sua saúde mental. 

Segundo a pedagoga com mestrado em educação e neuropsicopedagogia, Georgya Correa, “as escolas tinham um papel de algo certo na vida da criança. Afinal, a convivência com os mestres e amigos era algo tão comum e sólido que fica agora uma sensação de vazio muito grande quando isso é retirado de suas vidas”. Ela lembra ainda que durante a infância a criança precisa da participação conjunta da família e dos educadores para sua formação, e a pandemia afetou profundamente esta situação: “As crianças ainda não possuem autonomia para aprender os conceitos morais e as necessidades da vida, daí essa parceria entre a escola e os pais vem exatamente para atender isso. Só que neste momento as escolas fechadas e os pais perdidos com a pandemia, os pequenos acabam ficando sem essas referências, e assim podem colocar em risco sua saúde mental”, observa. 

Depois de tanto tempo de pandemia, crianças e adolescentes acabaram se acostumando com a rotina em casa. E agora voltar à rotina não é tão fácil como parece, observa Georgya. Independentemente da idade, o fato é que os alunos nesse momento estão apresentando essas angústias e dificuldades, ainda que cada um à sua maneira específica de acordo com a faixa etária. “As crianças, por exemplo, já se acostumaram a estar em casa e a ficar com os pais. Ela não tem essa facilidade de se organizar para retomar ao normal. Já o adolescente passou todo este período recluso, dedicando boa parte do tempo à diversão no meio online ou nos videogames, então para ele entrar novamente na rotina não é uma tarefa fácil. Ele ficou durante todo este período usando a liberdade para atender suas responsabilidades diárias, sem a mesma disciplina de horários como era antigamente. Elas acabam desenvolvendo essas crises ao chegar a este momento em que é hora de retomar a vida como era antes da pandemia”, completa.


Para evitar que as crianças e adolescentes caiam nessa situação tão preocupante, Georgya lista algumas dicas: “Suporte ao seu filho nesse processo de retomada. Se necessário, crie um passo a passo da rotina, pois ele precisa se sentir seguro. No caso da escola, uma boa ideia é ter um mentor para refazer a ponte entre estudante e o ambiente acadêmico. Além disso, deixe as regras e rotinas claras com apoio para cruzar as linhas imaginárias que impedem a passagem de uma ação ou ambiente ao outro faz com que o/a estudante se sinta mais confiante”, completa.


Atletas Olímpicos expostos ao adoecimento psíquico frente à superação de seus próprios limites


Em tempos de Olimpíadas e Paraolimpíadas no Japão, um tema complexo e muito relevante desponta em meio às disputas por medalhas: a relação entre as emoções e o rendimento esportivo dos atletas. Ou melhor, o equilíbrio emocional dos competidores diante das pressões psicológicas por expectativas constantes por resultados positivos e superação de seus limites. Um assunto sério que nos leva a pensar em todos os aspectos físicos e psíquicos envolvidos nesse cenário mágico do esporte.

 

A discussão sobre a saúde mental dos atletas e as cobranças internas ou externas por uma alta performance veio à tona, principalmente, pelo fato de que a norte-americana Simone Biles (EUA) abandonou, essa semana, a final por equipes da ginástica artística, mesmo sendo uma das favoritas à medalha de outro, deixando em aberto sua presença na decisão. Biles declarou: “ Eu apenas não queria continuar. Não houve lesão, mas sim um pouco de orgulho ferido por uma prova ruim e um tanto mais de cuidado com a saúde mental”. Fortes palavras que, sem dúvidas, jogam para fora do tapete as omissões e negligências em relação a um assunto de extrema importância que é a saúde mental dos competidores: Não adianta estar 100% preparado fisicamente se a mente não estiver equilibrada e saudável. A saúde mental precisa estar em dia. Do contrário, a performance do atleta estará comprometida. Estamos lidando com seres humanos - e não máquinas preparadas apenas para conquistar títulos.

 

Fato é que, em uma competição de tamanha proporção como uma olimpíada, é inevitável que a tensão e pressão atinjam níveis surreais para o atleta que vem se preparando a alguns anos para conquistar resultados positivos e levar medalhas para seu país. A grande questão é: será que estes atletas estão mesmo sendo preparados de forma adequada para esse turbilhão emocional que vai da euforia (quando a medalha chega) ou a frustração e tristeza (quando a medalha não vem)? Estão preparados para as perdas?

 

O único objetivo em uma grande disputa é a vitória. Mas existem outros ingredientes que fazem parte do caldeirão olímpico e que devem ser considerados e avaliados com muita cautela visando o bem-estar físico e mental do atleta, pois, além do talento e da potencialização das habilidades esportivas, o emocional saudável do competidor também é fundamental para que, nos momentos mais decisivos, este consiga se sentir seguro e preparado psicologicamente para trabalhar questões internas que influenciam no seu alto rendimento e na performance esperada por todos.

 

São anos de preparação, treinos, cobranças, privações, disciplina rigorosa, suor, dor e exaustão para superar seus próprios limites. O físico é extremamente cobrado, assim como a mente - que precisa estar alinhada para suportar possíveis adversidades que possam surgir. Entre elas: uma lesão inesperada, o baixo rendimento e até uma triste derrota. Um dos maiores temores é o medo do fracasso, do julgamento de fãs, familiares, amigos, do treinador e delegação, além da perda por patrocínios, castigos, afastamentos da equipe e exclusão da competição. Fatores altamente relevantes que podem despertar sentimentos nocivos que, se não forem tratados ou acompanhados adequadamente por um profissional de saúde mental, certamente influenciarão negativamente na construção da personalidade, da autoestima e na capacidade de absorção de desafios por parte deste atleta.

 

Neste rol de dores emocionais, entram a insegurança, o estresse, a ansiedade, a frustração, o pânico, a exaustão, os distúrbios alimentares, a insônia, as mudanças bruscas de humor, falta de autoconfiança, falta de autocontrole, falta de concentração, falta de motivação e a saudade pelo distanciamento da família, dos amigos e a geração infinita de expectativas, além do medo do monstro impiedoso do fracasso. Claro que não podemos nos esquecer que, por sermos seres individuais, cada um irá reagir e responder de forma individualizada a cada desafio que for surgindo. Inclusive, alguns competidores até preferem vivenciar situações de pressão, por se sentirem ainda mais motivados, enquanto outros entendem que, tanto a pressão quanto a ansiedade, são grandes vilões do seu desempenho pessoal.

 

Essa pressão psicológica, sem dúvida, irá influenciar o comportamento, o resultado final e o ritmo do competidor, tanto que ao longo da história dos jogos olímpicos tivemos alguns campões de medalhas que não figuravam entre os favoritos e que, por conta disso, não experimentavam o peso massacrante das cobranças externas e internas por uma vitória. Enquanto alguns favoritos de diversos países podem ter perdido a tão sonhada medalha pela falta do equilíbrio emocional tão precioso no momento da disputa.

 

A performance ideal do atleta, segundo especialistas do esporte e da saúde mental, passa por uma equação que contemple motivação, autoconfiança, autocontrole, concentração, foco e suporte emocional adequado para gerir emoções e administrar as frustrações, comuns em um ambiente competitivo. Por este motivo, a preparação física deve andar de mãos dadas com a preparação mental desde o primeiro momento em que o indivíduo opta por participar de eventos esportivos,  visando evitar adoecimentos psíquicos que suscitem sofrimento por ansiedade, surgimento de distúrbios alimentares, transtornos depressivos, transtornos de estresse pós-traumático, devastação da autoestima ou até mesmo pensamentos suicidas.

 

O problema ainda tem um lado negro e oculto, do qual tivemos notícias pela mídia ao longo dos anos nas grandes competições: os abusos no esporte. Violências contra os atletas, seja ela verbal, psicológica ou até mesmo física. Uma cultura insana que acredita que vale tudo para se conquistar o pódio. Uma epidemia de dor que provoca depressão, suicídio e traumas permanentes e severos em pessoas que trocam o sonho do sucesso pelo pesadelo do medo e da frustração.

 

E o que fazer para mudar esse ciclo de horror? Promover a cultura do diálogo; acolher o atleta para que se sinta confortável em respeitar seu limite; potencializar o cuidado permanente e o acompanhamento da saúde mental dos competidores; trabalhar emoções; facilitar a fala e provocar a escuta sensível; motivar pelo esforço e respeito; incentivar a autoconfiança e o autocontrole, associados ao foco e concentração; e desenvolver a autoestima e a consciência de si mesmo. Sem esquecer um ponto muito importante: o incentivo a denúncias de abusos e violência.

 

Portanto, o caso da ginasta Simone Biles não pode passar despercebido. O momento pede reflexões mais profundas sobre o assunto, visto que o corpo precisa ser percebido como um todo e não apenas de forma fragmentada. A conexão mente e físico - e a valorização do modo de gerir emoções, estruturas mentais e comportamentais - é a mola mestra para uma compreensão correta da prevenção do adoecimento psíquico do indivíduo, seja ele um competidor ou não. Afinal, a vida do ser humano vale muito, e a interação entre o corpo e a mente nos mostra, cada vez mais, que uma competição saudável é aquela em que se leva em conta não somente as habilidades técnicas, mas também habilidades mentais estruturadas, onde o conjunto da obra irá propiciar indivíduos mais leves, felizes, cientes de sua força e com maior capacidade de interação e absorção de adversidades. Enfim, por trás de cada atleta existe um indivíduo único que busca no esporte a superação de seus limites e uma vitória como recompensa pelo seu desempenho. Entretanto, essa busca pode e deve ser melhor trabalhada considerando o fator psíquico e emocional envolvido. 

 

 

Dra. Andréa Ladislau- doutora em psicanálise. Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais;  Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde; Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social;  Professora na Graduação em Psicanálise;  Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói;  Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa emPsicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; e Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.


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