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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Miopia pode ser controlada em crianças



Estudo mostra que a progressão  da miopia em crianças pode ser interrompida  pelo uso 'off label' do colírio de atropina e outras terapias 


A miopia, dificuldade de enxergar à distância, atinge hoje 1 bilhão de pessoas e está piorando no mundo todo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que em 2050 metade da população global seja míope. No Brasil,  a prevalência deve passar de 27,7% em 2020 para 50,7% em 2050 conforme metanálise publicada por pesquisadores da AAO (Academia Americana de Oftalmologia).

De acordo com o  oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier em Campinas, a alteração miópica geralmente é permanente. "Se nada for feito para interromper a progressão vamos ter um aumento exponencial de graves doenças oculares", afirma. Isso porque, explica, a miopia acima de 6 graus aumenta o risco de catarata e outras doenças como o descolamento da retina, glaucoma e maculopatia miópica que estão entre as principais causas de perda permanente da visão entre pessoas economicamente ativas.

O uso de óculos, comenta, corrige a dificuldade de enxergar, mas não interrompe a evolução do grau que é mais intensa na infância e início da adolescência.


Tratamento

A boa notícia é que pesquisas feitas em diversas partes do mundo mostram  que a progressão da miopia em crianças pode ser interrompida mas, quanto antes for iniciado o tratamento, melhor é o resultado. Queiroz Neto afirma que de todos os medicamentos testados, o mais eficaz é o colírio de Atropina na concentração de  0,01%. Em uma pesquisa realizada com crianças de 6 a 12 anos que foram acompanhadas por 5 anos reduziu em 50% a progressão da miopia já no segundo ano e causou pouco  efeito adverso: visão embaçada, ardência e aversão à claridade.

Segundo o  médico a atropina é indicada para tratar estrabismo, uveite e irite, além de ser utilizada na paralisação de dois músculos oculares: o esfíncter responsável pela dilatação/contração da pupila e os músculos ciliares responsáveis pelo foco visual. É a paralisação desses músculo, explica, que evita  o aumento do comprimento axial do olho,  característico da alta miopia.

Queiroz Neto destaca que no Brasil a Atropina não é aprovada para controlar miopia, mas pode ser usada 'off label'. Significa que o médico pode indicar a Atropina para uma finalidade não prevista nabula como acontece com vários medicamentos, entre eles a aspirina indicada na prevenção de infarto.


Indicação

O consenso médico é de que para controlar a miopia a Atropina deve ser usado uma vez ao dia por crianças de 5 a 15 anos que apresentem aumento de 0,5 grau a cada seis meses. Significa que o colírio não é indicado para toda criança míope. O especialista afirma que antes de iniciar o tratamento é necessário passar por exame oftalmológico completo. Por se tratar de uso off label os pais devem assinar uma carta de consentimento informando estar cientes disso e de que o efeito pode não ser o esperado, como aconteceu em outros países.

O oftalmologista adverte que a concentração de  Atropina nos colírios disponíveis nas farmácias é de 1%. Caso seja usado nesta concentração  e por tempo prolongado sem acompanhamento médico pode causar importantes efeitos colaterais,, entre eles o glaucoma.


Risco da tecnologia

Outro alerta aos pais é o abuso das telas eletrônicas. Isso porque um estudo feito por Queiroz Neto com 360 crianças mostra que na infância  o excesso de tecnologia e  esforço visual para perto provoca a miopia acomodativa. Trata-se de uma dificuldade temporária de enxergar à distância causada pelo stress da musculatura ciliar. Caso os hábitos não sejam modificados pode levar à miopia permanente. .Por isso, a recomendação para crianças é descansar de 15 a 30 minuto a cada hora de  uso do computador, videogame ou outro equipamento.


Outras terapias

Uma pesquisa da AAO também revela que  uma hora/dia de atividade ao ar livre, preferencialmente durante a manhã ou no final da tarde, quando a radiação UV (ultravioleta) é mais baixa, também contribui com o controle da miopia. O oftalmologista explica que a exposição ao sol, estimula a produção de dopamina ocular e os neurotransmissores da retina responsáveis pela modulação das imagens. Os estudos feitos com lente ortoceratológica que aplana a córnea a noite, óculos bifocais e lentes progressiva não têm resultados expressivos sobre a miopia.






Bebês não devem usar protetor solar antes dos 6 meses



Dermatologista Livia Pino dá uma série de dicas a pais e responsáveis sobre os riscos de alergia e exposição ao sol inadequada. Calcula-se que 70% das radiações que irão causar câncer de pele na vida foram recebidas na infância



No início deste ano circulou pelas redes sociais e sites de notícia a história de um bebê australiano de três meses que teve uma alergia grave após sua mãe usar um protetor solar, supostamente destinado ao uso infantil e utilizando desenho animado famoso na divulgação. A criança acabou precisando ficar internada por duas noites em um hospital da cidade de Queensland, na Austrália, com queimaduras e vermelhidões em toda pele, mesmo não tendo sido exposto ao sol. A dermatologista Livia Pino alerta para o fato de este episódio não ser tão raro quanto parece. 

“O uso de protetor solar é importante para crianças e adultos, mas é fundamental que os pais e responsáveis observam a indicação adequada. Nós dermatologista só recomendamos o uso de protetor solar a partir dos 6 meses. 

Antes disso, orientamos usar apenas roupas, chapéu e outras formas de proteção física. Evite a exposição solar excessiva, saia com seu bebê ao sol apenas nos horários recomendados e consulte o dermatologista”, orienta a médica Livia Pino.

Ao mesmo tempo que é perigoso, a exposição ao sol é também benéfica e a diferença entre o bem e o mal está na dose certa e no horário. Nos primeiros banhos de sol, a duração deve ser de 2 minutos, suficientes para que o organismo dos bebês sintetize a vitamina D e previna o raquitismo. Aos poucos, a partir do sexto mês, o tempo de exposição pode ser aumentado entre 10 e 20 minutos por dia. Nessa fase, deve-se expor a criança ao sol apenas nas pernas e nos braços. Crianças com mais de 3 anos e adultos podem ficar mais tempo expostos, mas nada acima dos 30 minutos sob o sol quente. O ideal é intercalar sol e sombra. E o horário deve ser respeitado: antes das 10h e após 16h.

“Queimaduras solares na infância estão relacionadas com o desenvolvimento de câncer de pele na vida adulta. A pele do bebê é muito delicada e mais sujeita a alergias. Porém devemos lembrar que qualquer pessoa está sujeita a desenvolver reação a qualquer produto”, destaca a dra. Livia Pino. 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 70% das radiações que irão causar câncer de pele na vida foram recebidas na infância; por isso, recomenda-se que somente leve a criança à praia após os 12 meses de vida.





Livia Pino - médica dermatologista, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, tem pós-graduação em Dermatologia pela Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Livia atua ainda como professora da Faculdade de Medicina de Valença e Preceptora do ambulatório de Pós-Graduação em Dermatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro.
www.liviapino.com.br




Como ensinar os filhos a lidar com a frustração?




Muitos pais já devem ter passado por aquela situação em que o filho não quer sair da cama cedo para ir à escola. A criança se frustra e os problemas, já começam por aí: Ela faz birra, se faz de surda, de rebelde, faz corpo mole, põe em prática a “operação tartaruga”, etc., tudo para não levantar. Inúmeras outras circunstâncias como, por exemplo, jogar videogame até tarde, comer doce antes do almoço, adolescente que quer ir à balada ou que quer comprar uma roupa e não tem dinheiro, se repetem no cotidiano das famílias. E o que fazer? Como o pai pode ensinar a o filho lidar com essas pequenas frustrações do dia a dia e da vida?

Para Karin Kenzler, psicóloga do Colégio Humboldt, instituição bilíngue e multicultural (português/alemão), localizada em Interlagos, não é recomendável evitar que os filhos sofram decepções na vida, mas sim, ensiná-los a lidar com a frustração. “O ideal é aprender a postergar a realização do desejo e até mesmo, quando não é possível realizá-lo, viver bem apesar desta frustração. Nós adultos sabemos como é difícil acordar cedo, mas postergamos esse desejo para aproveitar o fim de semana, quando podemos acordar mais tarde. Dá para ser feliz com as obrigações, compromissos e limitações que temos e precisamos ensinar isso, desde cedo, para as crianças”, diz.

Karin explica que é importante que os pais sigam três passos em situações como essas: 


1) Precisamos mostrar como nós lidamos com a frustração e para tanto, precisamos nos solidarizar com o desejo da criança. Em outras palavras, vamos empatizar, concordar com sua vontade.

Ex: “Concordo que é difícil sair da cama cedo para ir à escola. Também estou com vontade de dormir mais um pouco.”


2) Em segundo lugar vamos colocar algumas preocupações que nos vem à mente em relação à realização desse desejo, como obstáculos e limites indesejados. Importante até aqui é não polarizar com a criança. Ela precisa se identificar com você e se sentir compreendida.

Ex: “Mas se eu fizer isso posso levar uma advertência do meu chefe; e você perderia a brincadeira com os colegas que estarão te esperando...”


3) Em terceiro lugar vamos começar a pensar em saídas, soluções. É preciso fazer com que a criança também comece a pensar para além do desejo dela, buscando alternativas. Perguntar a ela o que podem fazer diante dos fatos dados, é uma boa estratégia. Se ela não conseguir pensar em nada, faça sugestões. Importante é que ela acompanhe o processo e não apenas o resultado final.

Ex: Daqui a dois dias é sábado. O que acha de irmos hoje e combinarmos de dormir até tarde no sábado e tomar café na cama?

Quando não há uma solução satisfatória, mostrar resignação diante do limite, mostrando que podemos aguentar e seguir em frente.

Ex: O pior é que esta semana teremos compromisso todas as manhãs. Teremos que ser muito guerreiras pra aguentar e vencer essa semana. Que tal comemorarmos quando acabar com um jantar, passeio...?”


A psicóloga explica que o principal legado que os pais podem deixar para os filhos, é fazer com que a criança aprenda a enxergar os prós e contras da situação e ajudá-las na tomada de decisão. “Os parâmetros de uma criança são os pais. Eles não devem ser permissivos ou autoritários em excesso, pois são atitudes prejudiciais”. Ela pondera que a criança que se frustra demasiadamente poderá vir a ser um adulto deprimido ou submisso e cheio de medos. Por outro lado, a falta de decepções é perigosa para a vida adulta. “Limites são frustrações e crianças criadas sem limites tornam-se mimadas, inseguras, confusas e com intolerância à frustração, podendo tornar-se adultos que desistem diante do primeiro obstáculo ou que não tem resiliência”, pondera Karin. Muitas vezes, os pais têm dificuldade em dar limites e a lidar com as frustrações dos filhos, mas devem superar esse receio e fazê-lo com tranquilidade. “Se der uma vida muito paradisíaca ao filho, ele vai ter dificuldade quando não estiver sob custódia dos pais onde terá que enfrentar situações financeiras difíceis, fazer tarefas chatas, lidar com colegas de trabalho de que não gosta...”.

Para que os filhos saibam superar essa frustração, Karin explica que é preciso que eles entendam que vai ficar tudo bem, mas que não vai ser do jeito que eles querem. “A criança não pode pensar que nunca terá alguma insatisfação, pois desapontamentos fazem parte da vida. Ela deve desenvolver uma postura de aceitação e tolerância diante das dificuldades, pois a vida está longe de ser perfeita. Tolerar frustração é lidar bem com a vida. Quem sabe lidar com frustração, tem mais chances de ser uma pessoa feliz”.



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