quinta-feira, 28 de julho de 2022

Estilo de vida eleva chances de desenvolver câncer de boca


Quando falamos em câncer de cabeça e pescoço, além dos tumores da tireoide, largamente conhecidos pelo público e geralmente pouco agressivos, citamos principalmente os tumores da boca (língua, bochecha, gengiva) e da orofaringe (região das amígdalas em especial). Os carcinomas que se desenvolvem nestas partes do corpo tendem a ser mais agressivos, mas podem ser evitados a partir de hábitos saudáveis. 

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer de boca por ano é de 15.190, sendo 11.180 em homens e 4.010 em mulheres. A incidência é maior no público masculino pelo simples fato de os homens não darem tanta atenção à saúde bucal quanto o outro gênero. Os fatores de risco de grande importância têm a ver com a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas e o hábito de fumar, também mais frequentes entre os homens em comparação com as mulheres. 

Acima dos 50 anos, há uma proporção maior destes tipos de cânceres, pois é o tempo estimado que os carcinógenos do tabaco e do álcool levam até realizar mutações nas células saudáveis. É mais raro ver pessoas de menor faixa etária desenvolverem tumores de boca ou orofaringe, mas quando isso acontece, pode haver relação direta com o vírus do HPV, que tem se tornado mais comum entre os jovens não etilistas e não tabagistas. 

Quanto antes um tumor for descoberto, maiores são as chances de um tratamento eficaz. Devido à agressividade e à progressão rápida dos cânceres de boca, a taxa de mortalidade também é alta. Por isso, a principal recomendação é realizar exames com frequência, principalmente o de laringoscopia, que ajuda a ter uma visão mais detalhada da boca e órgãos próximos. 

Os tumores de boca também são, em sua maioria, tratados com cirurgia, seguido de radioterapia. Eventualmente, é utilizada quimioterapia em casos avançados. Ultimamente, tem havido avanço na pesquisa do linfonodo sentinela no pescoço, técnica que já é utilizada para o tratamento do câncer de mama e evita o esvaziamento cervical (cirurgia extensa e sujeita a complicações) em aproximadamente 75% dos casos. 

O importante a se fazer para evitar o desenvolvimento de carcinomas da boca e orofaringe é manter sempre a saúde bucal em dia, tanto com exames periódicos, quanto com a limpeza geral do dia a dia, além de evitar o tabagismo e o consumo de álcool em excesso.

 

Fábio Roberto Pinto -  chefe da Equipe de Retaguarda de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hcor e Professor Livre Docente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela Faculdade de Medicina da USP


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