Exames
preventivos e consulta ao urologista levam a detecção precoce e melhoram
prognóstico da doença
Homens,
historicamente, são menos preocupados com a própria saúde. Na pandemia, esse
cenário se agravou ainda mais, o que pode refletir no número de diagnósticos de
cânceres que os atingem, principalmente o de próstata, cuja detecção precoce é
feita através de exames regulares e preventivos, assunto que ainda é tabu para
muitos. Uma pesquisa de 2020,realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU), mostrou que a procura por cirurgias eletivas urológicas caiu 50% na
pandemia. Desses, cerca de 90% afirmaram que houve uma redução em 50% das
cirurgias eletivas, e 54,8% relataram que as cirurgias de emergências
diminuíram pela metade.
Os dados assustaram os
médicos e especialistas e essa realidade mostra a importância de campanhas de
conscientização como o Novembro Azul, que promove ações informativas e
práticas para estimular que homens se previnam contra o câncer de próstata, o
segundo mais comum do Brasil (atrás apenas do câncer de pele e, em números
absolutos, com mais ocorrências do que o câncer de mama feminino).
A partir dos 50 anos,
como recomenda a SBU, é muito importante que os homens façam o acompanhamento
médico de prevenção. Já as pessoas com parentes de primeiro grau que
enfrentaram a doença, ou ainda afrodescendentes, é necessário realizar os
exames de rotina antes dos 45 anos, pois possuem maiores chances de desenvolver
o câncer de próstata.
O câncer de próstata
atingiu 65.840 pessoas em média em 2020, segundo o Instituto Nacional do Câncer
(INCA). Todos os anos, a doença tem 75% dos casos registrados em homens com 65
anos ou mais e chega a levar à óbito 15,5 mil brasileiros. Ainda é necessário
quebrar o tabu da barreira sociocultural, pois essa questão faz com que muitos
pacientes só descubram o tumor já em estágio avançado.
No caso do câncer de
pênis, por exemplo, apesar de ainda ser pouco falado, o diagnóstico tardio leva
a mais de mil amputações por ano no Brasil. Apesar do câncer de próstata ser
mais comentado, é necessário chamar a atenção para outros casos que afetam o
público masculino. É fundamental incentivar uma rotina de consultas e exames,
podendo salvar assim a vida de milhares de pacientes anualmente.
Mesmo quando os sinais
de problemas se tornam inegáveis, em muitos casos o diagnóstico efetivo da
doença só acontece após insistência das parceiras. Não à toa, 70% das mulheres
comparecem às consultas médicas do companheiro, segundo levantamento realizado
pelo Centro de Referência em Saúde do Homem do Estado de São Paulo.
"Um dos
principais objetivos do diagnóstico precoce, além de permitir a adoção de
tratamentos menos invasivos e promover chances de cura que podem passar de 90%,
é evitar que o paciente tenha outros impactos à saúde em geral. A vigilância
ativa poupa os pacientes de possíveis efeitos colaterais do tratamento
cirúrgico ou radioterápico. Por outro lado, quando o câncer de próstata é
identificado em estágios mais avançados, o tratamento indicado acaba sendo mais
agressivo, podendo comprometer inclusive a produção de testosterona. A falta
desse hormônio gera, entre outros, elevação no risco de doenças
cardiovasculares, impotência sexual e distúrbios cognitivos", completa o
oncologista clínico Andrey Soares, do Grupo Oncoclínicas e Diretor Científico
do LACOG-GU (Latin American Cooperative Oncology Group-Genitourinary).
Tratamentos têm
evoluído
O tratamento do câncer
de próstata, assim como outros, depende da avaliação da extensão da doença. Nos
casos de doença localizada e sem características agressivas o tratamento pode
variar de cirurgia, radioterapia ou vigilância ativa, dependendo do caso.
"Em casos
localizados, mas com achados de agressividade, o tratamento definitivo se faz
necessário. A conduta nestes casos pode ser cirurgia, radioterapia combinada a
tratamento hormonal ou até mesmo a união de todos eles. Nos casos de doença
metastática, os últimos anos têm trazido ótimas notícias para os pacientes com
a chegada de diversas novas drogas, tais como uma nova geração de
quimioterápicos, terapias hormonais e radioisótopos, moléculas inteligentes com
pequena ação radiante que pode tratar diretamente os tumores", afirma
Andrey Soares.
Ele frisa ainda que
novas perspectivas de tratamento pregam união de terapias, foco nas informações
para conscientização sobre a doença e condutas voltadas ao olhar integral e
individualizado para cada paciente, prezando pela qualidade de vida.
Atenção aos sintomas e
formas de prevenção
A próstata é uma
glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. É
um órgão pequeno e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. Ela
envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga
é eliminada. Cabe à próstata produzir parte do sêmen.
Por conta dessas
atribuições, alguns dos sintomas do câncer de próstata são dor ao urinar ou
presença de sangue na urina. Não existem indícios que apontem medidas
preventivas que possam contribuir ativamente na redução dos riscos de
desenvolvimento deste tipo de tumor, mas investir em uma rotina alimentar
equilibrada e exercícios físicos é sempre recomendável.
"Há uma
associação - ainda que pequena - entre atividade física e a diminuição de
chances de aparecer câncer de próstata. Ainda que não haja conclusões mais
detalhadas sobre a associação dos hábitos de vida e a incidência desta tipo de
tumor masculino, o INCA e o Ministério da Saúde concordam que uma rotina
saudável, alimentação balanceada e outros fatores ligados ao bem-estar podem
ajudar na prevenção não só deste, como de diversos outros tipos de carcinomas",
pontua Andrey Soares.
Por isso, a relação
mais importante, segundo o oncologista do Grupo Oncoclínicas, é o autocuidado
proativo e preventivo, além de uma mudança significativa sobre a importância da
prevenção.
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