Estimativas do IBGE indicam inversão na pirâmide etária brasileira nas próximas décadas e aumentam os desafios por mais segurança e dignidade na terceira idade
A população brasileira
está em franco envelhecimento. O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística aponta uma inversão na pirâmide etária do país nas próximas
décadas. Em 2010, os brasileiros com mais de 65 anos representam 7,32% da
população. Em 2060, estimativas indicam que esse universo será de 25,49%.
O pesquisador Sergey
Young, autor do livro “The Science and Technology of Growing Young” –
recém-lançado nos Estados Unidos e já na lista dos mais vendidos – aposta que a
primeira pessoa a chegar aos 200 anos já tenha nascido. Para ele, celebrar dois
séculos de vida será possível graças aos avanços da engenharia genética, da
medicina regenerativa, dos implantes cibernéticos e da inteligência de dados.
Enquanto o mundo caminha
para a convivência com uma população cada vez mais velha, a professora do curso
de Direito do UniCuritiba, Adriana Martins Silva, advogada nas áreas cível, de
família e sucessão, alerta para o aumento nos casos de violência contra os
idosos. “Infelizmente, o problema é real, se agravou com a pandemia e precisa
de medidas urgentes para evitar o avanço das estatísticas”, diz.
No primeiro semestre de 2021, o Disque 100 registrou mais de 33,6 mil casos de violação de direitos humanos contra idosos no Brasil. A negligência é o tipo mais comum de violência, seguido pela violência psicológica, abuso financeiro e violência física. O Paraná é o oitavo estado com o maior número de denúncias.
Cenário preocupante
Orientadora dos
trabalhos de conclusão de curso na área de direito cível do UniCuritiba, a
professora e advogada Adriana Martins diz que a pandemia levou à restrição do
convívio social e aumentou as tensões familiares. Segundo a especialista, as
principais vítimas são as mulheres idosas e os casos ocorrem mais comumente na
população com menor renda e baixa escolaridade.
“Temos dois cenários
igualmente preocupantes. O convívio em casa agravado por tensões, dificuldades
financeiras, irresponsabilidade e negligência dos familiares e o abandono em
casas de repouso, onde a fiscalização é mais difícil”, comenta a advogada.
Estatuto do Idoso
A violência contra o idoso é crime e ainda que o Brasil tenha o Estatuto do Idoso para assegurar os direitos dessa população, o envelhecimento dos brasileiros coloca à prova o futuro desses indivíduos. “Não estamos falando apenas de agressão física, mas também de violência psicológica e contra o patrimônio. Infelizmente, os crimes contra os idosos não são casos isolados e acontecem em várias regiões do país. A melhor forma de combatê-los é denunciando.”
A mestre em Direito
orienta qualquer pessoa que presenciar uma agressão contra um idoso a ligar
para a autoridade policial imediatamente, pelo telefone 190. Há ainda outros
canais para denúncias, como o 180 (Delegacia da Mulher) e 181 (Disque-Denúncia).
“É nosso dever de cidadão
fazer com que a lei e a justiça sejam cumpridas, assim como é papel do Estado
zelar pela integridade dessa camada da população. A segurança dos idosos
envolve os poderes legislativo, judiciário, Ministério Público e conselhos
municipais, estaduais e federais que podem oportunizar ações protetivas e
coibir qualquer ato de violência”, finaliza a professora.
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