A ciência nunca
teve tanto prestígio quanto nestes tempos difíceis. Praticamente o mundo todo
espera dela a solução para o grande desafio que enfrentamos, chamado Covid-19.
Na luta para salvar vidas, a ciência está por todos os lados, seja no
desenvolvimento de testes para diagnóstico, medicamentos ou equipamentos, como
os respiradores ou as máscaras de proteção para os heroicos trabalhadores da
área da saúde.
Ao encararmos uma
pandemia que nos desafia em uma situação quase de ficção científica, as
soluções para os problemas também precisam ser incríveis. Ou seja: rápidas e
eficazes. Mas elas não são mágicas, uma vez que na ciência quase sempre só
existe o método científico, que não é infalível, já que demanda tempo, esforço,
estudo, persistência e investimento financeiro.
Gráficos, números,
previsões, fórmulas químicas, simulações e ilustrações da Covid-19 estão em
todos os meios de comunicação disponíveis. O vocabulário científico da
população certamente cresceu muito, e aqueles que conseguem compreender tais
informações ajudam a salvar vidas, inclusive a própria.
Com o auxílio da
matemática e da computação, os modelos de crescimento de contágio são levados
em consideração na tomada de decisões importantes, que envolvem desde a
determinação do isolamento da população até a construção emergencial de
hospitais.
Não se pode
esquecer, porém, que para que se faça ciência - e por meio dela tenhamos todo o
tipo de benefício que a sociedade atual pode oferecer -, é preciso ter uma
educação de qualidade que possa inspirar estudantes, em especial os do Ensino
Básico, a serem os cientistas que desenvolverão as vacinas, os medicamentos e
até mesmo cobots médicos, um robô colaborativo que poderia trabalhar segura e
incansavelmente em situações extremas, como esta em que vivem os profissionais
de saúde em tempos de Covid-19, no Brasil.
Educar nossos
estudantes para que sejam resolvedores de problemas com conhecimento técnico e
científico, atitudes e habilidades necessárias no século XXI, demanda um
investimento comprometido com a qualidade de professores que proporcionem um
ambiente de aprendizagem na escola no qual seja permitido aplicar o que se aprende
em situações relacionadas ao mundo real (que é basicamente mostrar a razão pela
qual se está estudando determinado assunto), testar e experimentar ideias em
espaços físicos e virtuais de laboratórios, além de desenvolver nos alunos
habilidades de trabalho em equipe, empatia, pensamento crítico, gerenciamento
de projetos e outras habilidades necessárias a praticamente qualquer
profissional.
Um dos caminhos
para colocar esses elementos dentro das escolas, no dia a dia, é a aplicação da
metodologia STEM, acrônimo em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e
Matemática. O STEM Brasil é um programa pioneiro que atua há mais de 10 anos no
Brasil, proporcionando formações aos professores das escolas públicas de todas
as regiões do país, apoiando-os na aplicação de uma metodologia ativa e
prática, para citar apenas um exemplo da iniciativa de sucesso dentre as
diversas que começam a se espalhar pelo país.
Em um momento em
que a ciência não está apenas na cabeça dos brasileiros, mas também nos seus
corações, precisamos pensar com carinho no futuro que ela terá no Brasil.
Precisamos cuidar melhor da educação que oferecemos aos jovens, com um olhar
especial para a preparação dos professores que ensinam em áreas desafiadoras,
como matemática e ciências naturais, uma vez que eles podem fazer uma grande
contribuição para que a ciência brasileira seja nosso porto seguro para uma
vida cada vez melhor.
Marcos Paim - professor e diretor do programa STEM
Brasil, da ONG Educando
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