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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Como a melhoria de gestão pode ajudar o Brasil na crise pós-coronavírus?


Estamos diante de uma guerra cujo inimigo é invisível. O coronavírus fez com que todos os planos, pessoais e de negócios, tivessem de ser revistos. Viagens, investimentos, compras diversas: tudo começa a ser repensado para daqui a dois ou três meses, no mínimo.

Enquanto os mais pessimistas já classificam o ano como perdido, resolvi me manter positivo e procurar informações seguras sobre como o mundo já se recuperou de outras crises. Foi então que me recordei que a ISO (International Organization for Standardization), maior referência mundial em sistemas de gestão, foi criada por delegados de 25 países, em 1947, dois anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. 

Com o objetivo de reconstruir o mudo devastado pela guerra, a ISO criou normas para padronizar a produção dos países, facilitando o comércio internacional. Uma curiosidade interessante é que o próprio nome ISO deriva da palavra grega "isos", que significa “igual”. Inclusive, o lema da ISO é “Whatever the country. Whatever the language. We are always ISO" (Todos os países. Todas as línguas. Somos todos ISO), o que demostra como a instituição prega a igualdade e o padrão para todos.

Nas primeiras décadas de existência, a ISO se concentrou no desenvolvimento de padrões para produtos e tecnologias. Entre as normas mais conhecidas estão a ISO 9001, com foco em gestão de qualidade, e a ISO 14001, com padrões para gestão ambiental. Hoje, essa organização fundamental para o funcionamento da economia mundial já conta com 164 países-membro e mais de 3 mil órgãos técnicos.

Apesar de não estarmos em um cenário pós-guerra como o de 1947, a solução para reerguer as empresas diante da pandemia do novo coronavírus também pode partir de uma norma internacional, como por exemplo, a ISO 22301, de continuidade de negócios (ou gestão de crises, como alguns preferem), ou a mais recente norma ISO 56.002, de gestão da inovação. 

Curiosamente, a ISO de inovação começou a ser estudada durante a crise econômica de 2008, após a falência do tradicional banco de investimento norte-americano Lehman Brothers. Depois de 11 anos de estudos, a norma foi lançada em julho de 2019. Ela surge como uma nova metodologia para ajudar as empresas a se preparem para um futuro que se apresenta cada vez mais incerto.

Contudo, o fato demonstra que as crises sempre acabam gerando novas oportunidades e, muitas vezes, impulsionando a inovação. A PALAS, empresa que ajudei a fundar, sempre acreditou nisso. Tanto que implementamos a ISO 56002 com pioneirismo. Conquistamos a primeira certificação da América Latina - para uma indústria de transformação do ramo de nylon - na mesma semana em que a norma foi oficialmente publicada, em Genebra, Suíça, cidade sede da ISO. 

Mesmo em tão pouco tempo, essa empresa já coleciona vários resultados, sendo o mais relevante deles o fato de que 9% de seu faturamento total, em 2019, ser advindo dos 133 novos produtos que foram lançados a partir do processo de implementação e certificação da ISO 56.002. Entre outros benefícios, eles notaram a redução do turn over, a queda dos juros bancários e a maior abertura do mercado internacional, visto que a ISO é a língua mundial dos negócios. 

Sabemos que o momento é de muita cautela e cuidado, porém se vermos ao longo da história, muitas oportunidades e inovações ocorreram logo após épocas de grande crises humanitárias, como a peste bubônica, em meados do sec XIV, que culminou na criação da medicina moderna, ou a pandemia de cólera na Inglaterra, em meados do século XIX,  que impulsionou a Revolução Industrial. Isso mostra que passados tempos difíceis, muitas oportunidades aparecem. É hora de ver o copo “meio cheio” e estar preparado para as oportunidades que irão aparecer. As normas ISO certamente podem ajudar muito nessa nova jornada.






Alexandre Pierro - sócio-fundador da PALAS e um dos únicos brasileiros a participar ativamente da formatação da ISO 56.002, de gestão da inovação.


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