Estamos diante de uma guerra cujo inimigo é
invisível. O coronavírus fez com que todos os planos, pessoais e de negócios,
tivessem de ser revistos. Viagens, investimentos, compras diversas: tudo começa
a ser repensado para daqui a dois ou três meses, no mínimo.
Enquanto os mais pessimistas já classificam o ano
como perdido, resolvi me manter positivo e procurar informações seguras sobre
como o mundo já se recuperou de outras crises. Foi então que me recordei que a
ISO (International Organization for Standardization), maior referência mundial
em sistemas de gestão, foi criada por delegados de 25 países, em 1947, dois
anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
Com o objetivo de reconstruir o mudo devastado pela
guerra, a ISO criou normas para padronizar a produção dos países, facilitando o
comércio internacional. Uma curiosidade interessante é que o próprio nome ISO
deriva da palavra grega "isos", que significa “igual”. Inclusive, o
lema da ISO é “Whatever the country. Whatever the language. We
are always ISO" (Todos os países. Todas as línguas. Somos
todos ISO), o que demostra como a instituição prega a igualdade e o padrão para
todos.
Nas primeiras décadas de existência, a ISO se
concentrou no desenvolvimento de padrões para produtos e tecnologias. Entre as
normas mais conhecidas estão a ISO 9001, com foco em gestão de qualidade, e a
ISO 14001, com padrões para gestão ambiental. Hoje, essa organização
fundamental para o funcionamento da economia mundial já conta com 164
países-membro e mais de 3 mil órgãos técnicos.
Apesar de não estarmos em um cenário pós-guerra
como o de 1947, a solução para reerguer as empresas diante da pandemia do novo coronavírus
também pode partir de uma norma internacional, como por exemplo, a ISO 22301,
de continuidade de negócios (ou gestão de crises, como alguns preferem), ou a
mais recente norma ISO 56.002, de gestão da inovação.
Curiosamente, a ISO de inovação começou a ser
estudada durante a crise econômica de 2008, após a falência do tradicional
banco de investimento norte-americano Lehman Brothers. Depois de 11 anos de
estudos, a norma foi lançada em julho de 2019. Ela surge como uma nova
metodologia para ajudar as empresas a se preparem para um futuro que se
apresenta cada vez mais incerto.
Contudo, o fato demonstra que as crises sempre
acabam gerando novas oportunidades e, muitas vezes, impulsionando a inovação. A
PALAS, empresa que ajudei a fundar, sempre acreditou nisso. Tanto que
implementamos a ISO 56002 com pioneirismo. Conquistamos a primeira certificação
da América Latina - para uma indústria de transformação do ramo de nylon - na
mesma semana em que a norma foi oficialmente publicada, em Genebra, Suíça,
cidade sede da ISO.
Mesmo em tão pouco tempo, essa empresa já coleciona
vários resultados, sendo o mais relevante deles o fato de que 9% de seu
faturamento total, em 2019, ser advindo dos 133 novos produtos que foram
lançados a partir do processo de implementação e certificação da ISO 56.002.
Entre outros benefícios, eles notaram a redução do turn over, a queda
dos juros bancários e a maior abertura do mercado internacional, visto que a
ISO é a língua mundial dos negócios.
Sabemos que o momento é de muita cautela e cuidado,
porém se vermos ao longo da história, muitas oportunidades e inovações
ocorreram logo após épocas de grande crises humanitárias, como a peste
bubônica, em meados do sec XIV, que culminou na criação da medicina moderna, ou
a pandemia de cólera na Inglaterra, em meados do século XIX, que
impulsionou a Revolução Industrial. Isso mostra que passados tempos difíceis,
muitas oportunidades aparecem. É hora de ver o copo “meio cheio” e estar
preparado para as oportunidades que irão aparecer. As normas ISO certamente
podem ajudar muito nessa nova jornada.
Alexandre
Pierro - sócio-fundador da PALAS e um dos únicos
brasileiros a participar ativamente da formatação da ISO 56.002, de gestão da
inovação.
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