Pesquisa do IB
mostrou pela primeira vez no Brasil contaminação do peixe pela bactéria Campylobacter
jejuni
Frequentar restaurante japonês e comer peixe cru já
são hábitos de parte da população, especialmente os paulistanos. A visita a
esses estabelecimentos e o consumo de peixes sem cozimento requer, porém,
alguns cuidados para evitar contaminação e problemas intestinais. Pesquisa
desenvolvida na Pós-Graduação em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no
Agronegócio do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, em 2012, avaliou 85 amostras de atuns
frescos, pescados no litoral de Santa Catarina e vendidos no comércio
atacadista em São Paulo. A pesquisa de mestrado mostrou que 11,7% das amostras
estavam contaminadas com a bactéria Campylobacter jejuni. Esta é a primeira
vez que a bactéria é encontrada em atum fresco no Brasil. O consumo da carne
contaminada com esse patógeno pode causar diarreia, vômitos, e até mesmo a
síndrome de Guillain-Barré, dependendo da cepa.
O estudo mostrou também que 13% das amostras
estavam contaminadas com a bactéria Aeromonas hydrophila, mais comum de ser
encontrada em pescado e que pode causar diarreia e outras complicações, como
septicemia – uma infecção grave no sangue.
"Para evitar a contaminação, a população e os
restaurantes devem congelar o atum, assim como é feito com o salmão. No
congelamento, o desenvolvimento dessas bactérias é praticamente inviabilizado.
Não elimina 100% das chances de contaminação, mas diminui bastante o
risco", afirma a pesquisadora do IB, Eliana Scarcelli Pinheiro, que foi
orientadora de mestrado de Andréa Moura Costa, autora da dissertação
"Detecção de Aeromonas hydrophila e Campylobacter jejuni em atum (Thunnus
spp.) fresco comercializado em São Paulo, Brasil".
A pesquisadora explica que a população não deve se
alarmar e deixar de consumir o atum cru, mas precisa tomar alguns cuidados para
evitar a contaminação. Além do congelamento, Eliana afirma que os restaurantes
e consumidores em geral devem comprar o peixe apenas de fontes seguras e
manipular os alimentos em local de muita higiene.
"Não é possível identificar a olho nu os
peixes contaminados com Campylobacter jejuni. A Aeromonas
hydrophila pode causar lesão na pele do animal e ele é normalmente
descartado, porém, ela pode colonizar o intestino dos peixes, não sendo possível
sua detecção. Por isso, é muito importante que a faca e tábua sejam bem
higienizadas, para evitar a contaminação cruzada com outros alimentos ingeridos
crus", explica a pesquisadora do Instituto Biológico.
A pesquisa publicada na revista Brazilian
Journal of Veterinary Research and Animal Science, da Universidade
de São Paulo (USP), fez parte de um grande projeto da PG-IB relacionado à
detecção de perigos biológicos em alimentos de origem animal e vegetal.
Grandes animais
Segundo Eliana, a bactéria Campylobacter
jejuni é considerada uma zoonose, ou seja, doença que pode ser
transmitida dos animais para os seres humanos, tanto por animais de companhia,
como gatos e cães, quanto por animais de produção, como bovinos, por meio do
consumo de leite cru e pela carne contaminada de aves e suínos. "Essa
bactéria nos animais causa, principalmente, problemas intestinais e
relacionados à reprodução, como o abortamento", afirma.
Fernanda Domiciano
APTA
A Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, tem a missão de coordenar e gerenciar as atividades de ciência e
tecnologia voltadas para o agronegócio. Sua estrutura compreende o Instituto
Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola
(IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e
Instituto de Zootecnia (IZ), além dos 11 Polos Regionais distribuídos
estrategicamente no Estado de São Paulo.Balanço Social realizado pela Agência
no biênio 2016/2017 mostrou que a cada real investido, a APTA retornou R$ 12,20
para a sociedade. As 48 tecnologias analisadas e adotas pelo setor produtivo
tiveram R$ 10,9 bilhões de impacto econômico no período. Isso significa mais
produtividade no campo, sustentabilidade da produção, renda para o produtor
rural e alimentos de qualidade para a população
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