Que tal falarmos de coisas práticas,
objetivas e com as quais nos esbarramos diuturnamente? Refletia sobre tristes
realidades que lamentavelmente podem ocorrer a qualquer momento. Pensei no
prédio de 3 andares foi consumido pelo fogo, afetando, minimamente, quatro
empresas que operavam na rua 25 de Março, no centro de São Paulo (uma
lanchonete, uma loja de fantasias, uma loja de tecidos e um depósito de tecidos
e outros materiais) no final de 2018.
O único dado positivo do ocorrido é
que, aparentemente, não houve feridos. Mas, tirante este fato “menos ruim”,
todo o contexto é um oceano de lamentações. A começar pelo fato de que o
prédio, de 1924, não possuía o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), o
que é uma afronta à Lei. E não estamos falando de uma construção irregular no
meio da Mata Atlântica, mas de um imóvel localizado em um dos pontos mais
movimentados da maior cidade brasileira.
A ausência do AVCB elimina a
possibilidade destes 4 empresários fazerem uso de uma das mais importantes
ferramentas de planejamento financeiro e de proteção de patrimônio: o Seguro
Empresarial.
Esta importante ferramenta não só
cobriria o risco de incêndio do prédio severamente afetado, mas, também,
poderia ser utilizada para cobrir os prejuízos sofridos pelos empresários
ocupantes dos prédios vizinhos, através de uma cobertura ainda pouco
compreendida pelos brasileiros: Responsabilidade Civil (RC).
Se o prejuízo patrimonial é uma
tragédia, o que dizer se alguma das pessoas que trabalham no prédio incendiado
ou vizinhos viessem a se machucar? Nestas horas, por mais que as dores
psicológicas sejam irreparáveis, um seguro de vida serviria, ao menos, para
minimizar as perdas econômicas das famílias afetadas.
O pior deste cenário talvez seja o
fato de que o seguro contra incêndio, uma das coberturas do Seguro Empresarial,
é obrigatório por Lei para toda empresa; e o Seguro de Vida é item presente em
Acordos Coletivos de inúmeras categorias.
Ainda assim, apenas cerca de 30% das
empresas brasileiras contratam o Seguro Empresarial e, quando o contratam, em
boa parte das vezes as coberturas e capitais não são os adequados. No caso do
Seguro de Vida, as estatísticas são ainda piores, pois nem 10% da população
possui tal produto.
Duas boas ferramentas de planejamento
financeiro acabam deixando de ser usadas por... desconhecimento e falta de
cultura de seguro. Estas são as únicas explicações plausíveis, pois um Seguro
de Vida para pequenas e médias empresas pode custar, mensalmente, algo como R$5
a R$7 por funcionário. E, mesmo que o empresário não queira assumir esta
despesa, ele pode apenas abrir as portas do seu CNPJ e permitir que seus
colaboradores tenham acesso a esta importante proteção a um custo inferior ao
que ele encontraria no mercado.
Da mesma sorte, há desenhos de
Seguros Empresariais que custam anualmente algo como R$80 a R$100. Obviamente,
que um desenho tão enxuto como este não serve para empresas de maior porte e
que necessitam de coberturas mais amplas, como as de lucros cessantes e
despesas fixas. Ou para empresas que possuem mais de uma fábrica e podem
contratar um Seguro Empresarial Multilocal, uma forma mais simples de se
proteger o patrimônio de mais de uma planta em uma única apólice: gestão mais
fácil e, também, econômica.
Culpa dos empresários?
Definitivamente, não. O empresário brasileiro é um verdadeiro herói da
resistência, que luta diuturnamente pela própria sobrevivência, tendo que se
virar com carga tributária excessiva, regulamentações descabidas, burocracia,
etc.
Assim, se ele, empresário, não recebe
o aconselhamento correto e apropriado, acaba fazendo uso apenas de algumas
ferramentas de proteção que estão mais frequentemente sendo utilizadas no seu
negócio ou que ele percebe como mais prementes. No caso das empresas têxteis,
os Seguros de Transportes, Máquinas e Equipamentos (para ser mais preciso, RD -
Riscos Diversos) e Garantia, definitivamente, acabam se encaixando neste
contexto; e podem, realmente, prevenir prejuízos recorrentes e de cifras
elevadas ou serem necessários para a participação em licitações.
Enfim, os seguros acima mencionados
são apenas o básico do que deveria ser parte do planejamento financeiro de uma
empresa têxtil e são essenciais para quem sabe o significado da palavra
“planejar”.
Apenas como mero exemplo, dado que
estamos no século XXI, como não pensar em benefícios para o colaborador como
forma de incentivá-lo a produzir mais e melhor? Não são também ferramentas de
planejamento e gestão de pessoas?
Planos de saúde, odonto e previdência
privada são, hoje, ferramentas essenciais em um bom pacote de benefícios de uma
empresa. Infelizmente, nem sempre as empresas sabem que todas estas ferramentas
não precisam gerar despesas para o CNPJ. Pelo contrário, cada vez é mais fácil
a abertura de portas do CNPJ para que os colaboradores tenham acesso a produtos
mais adequados às suas necessidades e paguem integralmente pela contratação do
produto (em regra, bastante mais em conta do que encontrariam no mercado).
Enfim, que tal se revisitássemos o
conjunto de proteções patrimoniais e pessoais das nossas empresas e, também, o
pacote de benefícios oferecido aos colaboradores? Um ex-chefe me dizia que o
planejamento anual, por melhor que seja, nunca será integralmente cumprido,
pois sempre aparecem fatos inesperados e impossíveis de serem sequer
imaginados, alterando o contexto empresarial da noite para o dia.
Isto até é verdade, mas o ponto
fundamental é: um bom plano de seguros de uma empresa pode minimizar prejuízos
de 98% destes fatos inesperados. Os outros 2% são ações que dependem do pessoal
de Brasília e, para esses eventos, só nos cabe torcer pelo melhor.
Richard Freitas - sócio-diretor da
protect Soluções, microfranquia de operação home based especializada na saúde
financeira de pequenas e médias empresas.
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