Especialistas
da SBOC explicam porque a obesidade é um dos principais fatores de risco
Manter
uma alimentação saudável e equilibrada, praticar atividade física e, em alguns
casos, fazer exames preventivos são orientações simples para prevenir o câncer,
mas difíceis de seguir. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica (SBOC), realizada em 2017, metade das pessoas ouvidas não faz exercício
físico e uma em cada quatro não vê a obesidade como problema relacionado ao
câncer.
O
levantamento mostrou, ainda, que as pessoas
sabem da importância dessas medidas, mas resistem ou têm dificuldade de mudar
seu estilo de vida. “Os cuidados necessários já são conhecidos
pela população, mas o medo ainda não é suficiente para a mudança de hábito. Por
isso, é extremamente importante investir em prevenção e campanhas de
conscientização”, afirma a Dra. Renata Gangussú, oncologista membro da
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
A
dificuldade de entender qual o impacto real de uma alimentação com muito açúcar
ou alimentos processados também pode ser um dos motivos para postergar mudanças
de hábitos. Mas qual é então a real relação entre uma alimentação com muito
açúcar e câncer? “Ainda que não exista uma relação direta entre o consumo de
açúcar e o desenvolvimento do câncer. O consumo em excesso pode acarretar em
outras doenças crônicas, como o diabetes além de contribuir para quadro de
sobrepeso e obesidade”, afirma a nutricionista membro da SBOC Georgia de
Oliveira.
“Todas
as células, sadias ou cancerígenas, precisam de glicose (açúcar) para
sobreviver. Mas não há um processo seletivo para que as moléculas de glicose
sejam mais aproveitadas pelas células cancerígenas. Há casos específicos de
cânceres com características hipermetabólicas. Isso significa que
estes tumores têm um consumo ‘exagerado’ de energia, levando o indivíduo a um
estado de perda nutricional maior”, explica.
Mas
uma dieta rica em açúcar pode favorecer o câncer de outras formas. As mais
recentes pesquisas do Fundo Global de Pesquisa sobre o Câncer (WCRF) e o
Instituto Americano de Pesquisa para o Câncer (AICR) indicam que dietas
baseadas em “fast food”, alimentos processados e com alto de teor de
sódio e açúcar estão aumentando em todo mundo, levando ao aumento global de
sobrepeso e obesidade e, consequentemente, a mais casos de cânceres
relacionados à obesidade.
“Há
mais de 13 tipos de câncer associados à obesidade. O diabetes tipo 2, que
normalmente é desencadeada em dietas ricas em açúcar de rápida absorção, também
eleva o risco de câncer. No caso da doença na mama, há um aumento de quase 20%
na incidência em mulheres que têm diabetes”, destaca Cangussú.
Segundo
a OMS, a quantidade de açúcar (sacarose), para um indivíduo saudável, deve ser
o mínimo possível, limitando-se a 25g/dia, o que representa aproximadamente 5%
das necessidades calóricas de um indivíduo. É um desafio que precisa ir além
dos esforços individuais para ser superado. Por isso, o
Ministério da Saúde vem tomando medidas que vão além da conscientização ao
assinar acordos com a indústria para a redução de açúcar e sódio nos produtos
industrializados.
Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica (SBOC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário