Dispositivos
móveis nas escolas: o dilema entre desconectar alunos e trazer inovação à sala
de aula
No Brasil, cerca
de 50 escolas encontram alternativas para garantir que os dispositivos móveis
em sala de aula sejam instrumentos pedagógicos. Ao adotar o Geekie One -
plataforma que conversa com a preocupação da exposição de crianças e
adolescentes aos riscos apresentados pela conectividade - a escola passa a ter
acesso, entre os conteúdos didáticos, à Educação Digital. A disciplina tem por finalidade
auxiliar jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de
estarem conectados. O conteúdo da disciplina prepara os alunos para entender a
complexidade da vida digital. Habilidades como a argumentação, a empatia, o
pensamento crítico e a autorreflexão são parte importante desse conteúdo.
No Brasil, embora a questão da proibição de
smartphonesnão seja regulada por políticas educacionais, o tema preocupa a
comunidade escolar que, como na França – que optou pela proibição de celulares
–, está dividida entre os que têm medo e os que adotam uma atitude inovadora
perante os desafios da tecnologia e das redes sociais. Na contramão de uma
postura conservadora, cerca de 50 escolas brasileiras adotaram o Geekie One,
plataforma que lança mão de dispositivos digitais (smartphones, Chromebook e
iPads), que passam a contribuir com o aprendizado dentro e fora da sala de aula
- explorando o que cada um tem de melhor. Enquanto os Chromebooks permitem
ações efetivas que ajudam a administrar o fator distração em sala de aula, os
smartphones, por sua vez – pela mobilidade e por já fazerem parte do dia a dia
do estudante – contribuem para que o acesso ao conhecimento possa extrapolar as
paredes da escola.
Segundo Claudio Sassaki, mestre em Educação pela
Universidade de Stanford e cofundador da Geekie – referência em educação com
apoio de inovação no Brasil e no mundo – a empresa se aliou a escolas que estão
prontas para um próximo passo, que compartilham a busca pela formação de um
cidadão ativo e engajado. “Queremos desenvolver habilidades para que os jovens
tenham sucesso no aprendizado, no trabalho e na vida; jovens capazes de não
somente enfrentar os desafios do futuro, mas transformá-lo com o exercício
pleno da cidadania e os recursos tecnológicos disponíveis. E a internet é parte
importante dessa equação”, afirma, acrescentando que essa visão vai além da
“liberação” do uso de dispositivos digitais.
Pesquisador independente de Educação e
empreendedor, Sassaki defende que a tecnologia deve estar próxima da linguagem
do estudante, gerando
identificação e motivação. Na prática, a tecnologia não é mais
um diferencial para os jovens; diferente é o fato de a escola ser o único lugar
onde a tecnologia fica de lado na vida deles. “A escola e a família precisam
ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de
estarem conectados. Uma pesquisa da TIC Kids Online demonstra que quando
desafiados a julgar as próprias habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros
acreditam saberem mais do que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como
usar a rede. No entanto, da teoria à prática, em um experimento da mesma
organização, 30% dos jovens não souberam verificar se uma informação na
internet estava correta.Esse dado é relevante, porque prova que o nativo
digital precisa de orientação; da mediação de professores”, avalia Sassaki.
O empreendedor ressalta que a Geekie adota o modelo
híbrido, no qual o uso de dispositivos – como computadores, celulares e tablets
– preenche, no máximo, 20% da aula. "Não investimos em uma solução 100%
digital. Acreditamos em um modelo híbrido com uso de lousa, caderno, conteúdo
significativo e a mediação do professor; um modelo que representa inovação ao
colocar o humano, professor e aluno, no centro do processo educacional",
comenta.
Na percepção do especialista – que é pai de quatro
crianças – a proibição demanda, na prática, um grau de vigilância impossível
para a família e destoa de uma demanda muito pertinente e expressa na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC): auxiliar o estudante a desenvolver autonomia.
"Devemos preparar os nossos filhos para a tomada de decisão; para ter
autonomia e a proibição vai contra o exercício dessa autonomia. Do ponto de
vista dos pais e educadores, vale fazer a distinção entre o uso recreativo da
internet e a utilização pedagógica, na sala de aula. Essa diferenciação é
essencial para entender a questão", salienta.
A iniciativa também apoia a conscientização,
autogestão e responsabilidade – pilares que a Geekie busca desenvolver ao longo
da trajetória escolar. "Em vez do caráter proibitivo, trabalhamos com
todas as turmas a Educação Digital, disciplina regular na grade horária com uma
aula por semana. Nesses encontros, professores e turma debatem e experimentam
os riscos, desafios e oportunidades do ambiente digital, abordando temas como
autoimagem, privacidade, fake news, saúde e bem-estar, cyberbullyinge
relacionamentos online", detalha Sassaki.
Educação Digital: modos de uso
Alinhado a essa forma de pensar, uma novidade da
Geekie é o Geekie One –que conversa a preocupação da exposição de
crianças e adolescentes aos riscos apresentados pela conectividade. A
plataforma tem, entre os conteúdos didáticos, a disciplina de Educação
Digital,que tem por finalidade auxiliar jovens a lidar com as
oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. O conteúdo
prepara os alunos para lidar com a complexidade da vida digital. Habilidades
como a argumentação, a empatia, o pensamento crítico e a autorreflexão são
parte importante desse conteúdo. Lançada em 2018, o Geekie Onerepresenta
a mais completa iniciativa de personalização da aprendizagem; resulta da
experiência de uma empresa que alcançou mais de 5 mil escolas públicas e
privadas de todo país, impactando cerca de 12 milhões de estudantes.
De acordo com Sassaki, a disciplina Educação
Digitalestá pautada no tripé oportunidades, riscos e desafios que o
mundo digital proporciona. A condução ocorre dentro de um processo de
aprendizagem significativa que leva para a sala de aula casos reais e próximos
da vida de cada estudante. Com metodologias ativas, abre-se espaço para
discussões sobre fatos reais – casos que agregam valor não apenas ao que é
aprendido, mas que impulsionam o desenvolvimento da autonomia do aluno para
criar um ambiente de aprendizagem colaborativa dentro da sala de aula. Como
resultado, torna-se possível desenvolver competências bastante relevantes para
a formação de estudantes, alinhadas inclusive à BNCC. “O aluno exercita, na
sala de aula, a empatia, o diálogo, o desenvolvimento do pensamento crítico, a
cooperação e a capacidade de resolução de problemas. Essa capacitação tem o
potencial incrível de formar cidadãos com escuta ativa e sensibilidade para as
questões coletivas”, ressalta Sassaki.
O caso francês
Como o presidente Emmanuel Macron havia prometido
em campanha eleitoral, os 12 milhões de estudantes de escolas públicas
francesas – do ensino básico e collèges, que atendem adolescentes de até 15
anos – voltaram às aulas, no início de setembro, com uma legislação que proíbe
os aparelhos em salas de aula.
Aprovada pelo parlamento francês, a medida dividiu
pais, alunos e educadores entre os que defendem o uso da tecnologia pelo
potencial pedagógico e os que apoiam a decisão, alegando o enorme potencial de
dispersão e cyberbullyingpropiciado pelos celulares. Na França, a cada 10
jovens com idade entre 13 e 19 anos, nove têm smartphone. Classificada pelo
governo como “medida de desintoxicação”, a lei restringe não apenas os
celulares como tablets– exceto os pedagógicos, devidamente aprovados pela
instituição no regulamento interno.
De acordo com Jean-Michel Blanquer, ministro
francês da Educação, a lei envia uma mensagem à sociedade francesa e ao
exterior – outros países interessados, segundo ele – por apresentar uma
“abordagem moderna das tecnologias”, caracterizada pelo “discernimento”. O
político acredita que estar aberto a tecnologias do futuro não significa que
temos que aceitar todos os seus usos.
Com a medida, as autoridades francesas almejam
criar um marco jurídicovoltado à proteção de crianças e adolescentes de
conteúdos perigosos online, violência, pornografia e cyberbullying.
Geekie
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