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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Arboviroses: Dengue, zika e chikungunya



Arbovírus incluem os vírus da febre amarela, dengue, chikungunya e zika, entre outros, e têm sido motivo de grande preocupação para a saúde pública em todo o mundo. As manifestações clínicas de infecções por arbovírus podem variar de doença febril leve à síndromes febris hemorrágicas, articulares e neurológicas. Nos últimos anos, a incidência de doenças causadas por arbovírus apresentou um aumento global relevante e está relacionado a fatores como a dispersão mais rápida do vírus em razão do crescimento dos sistemas de transportes globais, adaptação dos vetores (mosquitos) à urbanização crescente, incapacidade de conter a população de mosquitos e alterações de fatores ambientais.  Apesar de a maioria dos pacientes apresentar recuperação completa após a fase aguda da doença, alguns sintomas podem durar semanas ou meses, interferindo nas atividades laborais, e algumas síndromes podem cursar com incapacidades permanentes. Nas últimas décadas houve a disseminação da dengue nas Américas. Em 2015, mais de dois milhões de casos dessa doença foram notificados e, entre eles, 1,5 milhão foram registrados no Brasil, com 811 óbitos. O custo associado ao manejo da dengue no Brasil é considerado o maior das Américas. As primeiras infecções autóctones (própria da região) por chikungunya no Brasil ocorreram em 2014, nas regiões Norte e Nordeste.

Em 2015, 38.499 casos prováveis de febre de chikungunya foram registrados no Brasil e, em 2016, 271.824 casos. Os sinais e os sintomas são clinicamente parecidos com os da dengue e a principal manifestação clínica que as difere são as dores articulares intensas. Após a fase inicial, a doença pode evoluir para as fases subaguda e crônica, com duração de até três anos. Nestes casos, é importante o encaminhamento do paciente ao reumatologista, pois, além de dor articular intensa e persistente, pode haver artrite destrutiva, com consequentes perda de produtividade e redução da qualidade de vida. Em 2016, 215.319 casos prováveis de febre por zika vírus foram reportados no Brasil. A infecção clássica por zika vírus cursa como uma doença febril autolimitada, com duração de três a seis dias e sintomas como conjuntivite, dor de cabeça, dor nas articulações, perda ou diminuição da força e manifestações cutâneas. Em alguns casos, pode levar à síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune neurológica, que causa fraqueza muscular generalizada, paralisia e síndrome congênita do Zika nos recém-nascidos, identificada pela primeira vez no Brasil. Ambas as doenças podem acometer as articulações e o reumatologista deve ser consultado o mais breve possível, prevenindo sequelas.




Mara Suzana Cerentini Loreto – Reumatologista e presidente da Sociedade Catarinense de Reumatologia



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