Em grandes altitudes, a concentração de oxigênio é menor,
prejudicando pessoas com função pulmonar comprometida, como pode ser o caso de
pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)[i]
Aviões carregam milhões de passageiros todos
os dias ao redor do mundo e, no Brasil, desde 2010, têm sido a primeira escolha
de transporte dos brasileiros para viajar entre estadosi. Hoje,
embora os voos não representem um grande risco para a maior parte das pessoas,
ainda existem importantes cuidados a se tomar para garantir uma viagem segura,
sobretudo para pacientes com doenças respiratórias. Isso se deve principalmente
ao fato de que, quanto maior é a altitude em que nos encontramos, menor é a
pressão atmosférica, o que faz com que o ar seja menos denso e carregue uma
concentração menor de oxigênio. Para compensar essa escassez, os aviões
pressurizam as cabines, permitindo, por meio das turbinas, a entrada de ar, que
é resfriado e distribuído para os passageiros por meio de um sistema de
ventilação. No entanto, se comparada ao nível do mar, a quantidade de oxigênio
nas cabines continua baixa, apesar da pressurização[ii],
o que, normalmente, não costuma ter grandes impactos nos passageiros em geral,
mas representa um fator de risco para os que têm problemas respiratórios.
Entre os pacientes que precisam tomar cuidados importantes estão os com Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (ou DPOC), que pode se manifestar como bronquite
crônica e/ou enfisema. A doença é hoje a quarta principal causa de morte no
Brasil e estima-se que, até 2020, se torne a terceira[iii].
Em 2010, o número de pacientes com a doença no Brasil era de cerca de 7 milhões[iv]. Causada principalmente pelo
tabagismo, a DPOC tem como principais sintomas tosse e catarro constantes, além
de cansaço e falta de ar ao realizar atividades físicas de rotina. De acordo
com o Dr. Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da
Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, “Pacientes com doenças
respiratórias crônicas, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ou uma
Fibrose Pulmonar, já tendem a apresentar uma menor concentração de oxigênio no
sangue naturalmente. Os efeitos disso se acentuam durante viagens de avião,
sobretudo se o paciente for idoso e realizar esforços durante o voo, que exigem
um maior quantidade de oxigênio”.
Apesar das cabines serem um ambiente desafiador para esses pacientes, existem
cuidados importantes que podem ser adotados para se garantir uma viagem
tranquila. Consultar um especialista com antecedência para avaliar se há
necessidade de suplementação de oxigênio, verificar com a companhia aérea se o
seu aparelho que fornece oxigênio pode ser embarcado e notificá-los com
antecedência por meio de relatório médico são algumas das medidas básicas,
sobretudo para pacientes idosos com DPOC, já que a taxa de mortalidade nos
primeiros anos após uma exacerbação da doença chega a superar 50% neste grupo[v]. “Para além dos cuidados
específicos com os voos, no entanto, é preciso reforçar a importância de se
fazer um diagnóstico rápido para que pacientes possam receber tratamentos de
longo prazo, que envolvem, além de parar de fumar, o uso de broncodilatadores de
longa duração que podem reduzir em até 16% o risco de mortalidade em função da
doença”, afirma o Dr. Mauro Gomes.
Embora seja uma doença de alta prevalência, provocando cerca de 40 mil mortes
anualmente no Brasiliv e custando aos cofres públicos
aproximadamente 100 milhões de reais por ano[vi],
a DPOC é uma doença muito pouco reconhecida. Por acometer sobretudo pessoas
mais velhas, seus primeiros sinais são frequentemente confundidos com sinais de
envelhecimento, o que faz com que seu diagnóstico preciso seja feito quando o
paciente já está bastante comprometido[vii].
De acordo com a pesquisa “Panorama da Saúde do Brasileiro”, encomendada pela
farmacêutica Boehringer Ingelheim do Brasil ao IBOPE Inteligência, um em cada
dois brasileiros nunca sequer ouviu falar na doença[viii].
As doenças respiratórias são as principais causas de internação no Brasil[ix]. Segundo o Dr. Mauro Gomes, isso
ocorre pois as pessoas demoram para receber o diagnóstico correto e geralmente
não realizam o tratamento como deveriam. “É muito importante disseminar mais
informações sobre doenças respiratórias, como a DPOC e a Fibrose Pulmonar, para
que pacientes tenham cada vez mais acesso a tratamentos de qualidade e não
sejam surpreendidos por mal-estar e emergências em situações de maior risco,
como em voos, podendo fazer suas viagens em segurança”, ressalta o
especialista.
Sobre
a pesquisa PANORAMA DA SAÚDE DO BRASILEIRO
Para entender melhor o
panorama da saúde respiratória do brasileiro, a Boehringer Ingelheim do Brasil
encomendou ao IBOPE Inteligência a coleta de dados de uma pesquisa nacional com
homens e mulheres entre 18 e 65 anos das classes A, B e C, de todos os estados
do Brasil. O principal objetivo era realizar um levantamento sobre o quanto a
população conhece as doenças respiratórias, suas percepções sobre sintomas,
tratamentos e impacto nas atividades de rotina, além de saber mais sobre o
comportamento de quem respondeu apresentar alguma(s) dessas doenças. A
pesquisa, feita via entrevistas por telefone assistida por computador com 2.010
pessoas entre 22 de maio e 04 junho de 2015, demonstrou que 44% dos brasileiros
apresentam sintomas respiratórios (tosse, falta de ar, chiado no peito, coriza)
que, geralmente, são percebidos como manifestações de doenças como asma,
bronquite, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).
Boehringer Ingelheim
[i] Castillo, Vanessa Dina Palomino, and Clarissa Mari de Medeiros.
"Emergências médicas em voos comerciais: uma revisão de literatura." Saúde, Ética & Justiça 21.1 (2016): 18-27.
[ii] International Air Transport
Association (IATA). Medical manual - april 2016. 8th ed. [Internet]. Montreal;
2016 [Cited 2016 May 5]. Available from: http://www.iata.org/publications/Documents/medical-manual.pdf
[iii] Institute
for Health Metrics and Evaluation.
http://www.healthmetricsandevaluation.org/gbd; http://www.healthdata.org/brazil
[iv] BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças
respiratórias crônicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. (Cadernos de
Atenção Básica, n. 25) (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
[v] Cezare, Talita Jacon, et al. "Doença pulmonar obstrutiva
crônica." Rev Bras Med 72.5 (2015): 181-188.
[vi] World
Health Organization. Chronic of respiratory disease. Burden of COPD. [Internet]. [Acesso em
16/Junho/2017] Disponível em: http://www.who.int/respiratory/copd/burden/en/index.html
[vii] Global
Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global Strategy for the
Diagnosis, Management and Prevention of COPD [Internet] 2015. [Acesso em 19/Junho/2016] Disponível em:
http://www.goldcopd.org/guidelines-global-strategy-for-diagnosis-management.html
[viii] Pesquisa “Panorama da Saúde do
Brasileiro”, encomendada pela Boehringer Ingelheim do Brasil para o Ibope
Inteligência, 2015, “Q21. Como você julga seu conhecimento sobre DPOC/Enfisema
Pulmonar?: [ ] Não sei nada a respeito, [ ] Conheço um pouco os sintomas,
causas, remédios, [ ] Conheço razoavelmente os sintomas, causas, remédios, [ ]
Conheço bem os sintomas, causas, remédios e [ ] Conheço muito bem os sintomas,
causas, remédios”
[ix] Mapa Assistencial da
Saúde Suplementar, 2016. Agência Nacional de Saúde Suplementar, Rio de Janeiro,
2017. [Acesso em 19/Junho/2017]. Disponível em http://www.ans.gov.br/images/Mapa_Assistencial_2016.pdf.
Nenhum comentário:
Postar um comentário