Especialista do Hospital São
Luiz explica que enfermidades podem ser incapacitantes
19 de março é a data dedicada mundialmente à conscientização
sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais, mas a campanha mundial Maio Roxo
lembra esta causa durante todo o mês. Dentre as enfermidades que fazem parte
deste grupo, as principais são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.
As duas têm muitas semelhanças, mas a principal diferença
entre elas é que a Doença de Crohn afeta o intestino como um todo e pode se
manifestar em todos os segmentos do sistema digestivo, da boca até o ânus, além
de causar lesões mais graves e até deformidades intestinais. Já a Retocolite
Ulcerativa atinge a mucosa intestinal, no intestino grosso no reto.
“São doenças que ainda hoje têm a causa um pouco
controversa. O mais aceito é que sejam autoimunes, uma tendência familiar ou da
própria pessoa para que o organismo comece a atacar o intestino”, explica o Dr.
Ricardo Minas, médico clínico e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital e
Maternidade São Luiz Anália Franco.
A importância do Maio Roxo se dá principalmente por dois
motivos: a incidência das doenças aumentou nos últimos anos e pelas
complicações serem muito graves. “Há 10 ou 20 anos eram patologias mais raras e
a população pouco sabia que existiam”, esclarece. Além disso, são muito
impactantes na vida dos pacientes e, às vezes, até incapacitantes na vida
pessoal e profissional.
Em especial na Doença de Crohn, as cirurgias não são
curativas e servem para tratar as lesões. A longo prazo, podem ser agressivas,
pois os pacientes que precisam operar muitas vezes podem ter complicações como
diarreia crônica e problema na absorção de nutrientes. O especialista alerta
que quanto mais cedo o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento, com sequelas
menores.
Ainda difíceis de serem diagnosticadas, porque os sinais
iniciais podem ser inespecíficos, as doenças inflamatórias intestinais
apresentam sintomas como dor abdominal prolongada por mais de um mês, diarreia,
sangramento ou catarro pelas fezes e emagrecimento. Nas crianças, o problema é
tão grave que prejudicam o ganho de peso e estatura.
Não existe uma forma específica de prevenção e, por isso, é
importante ficar atento ao que está acontecendo em seu organismo. O
especialista também ressalta que os portadores dessas doenças são mais propensos
a ter câncer de intestino do que a população em geral. Não se sabe a causa do
aumento da incidência, mas, segundo o médico, a teoria mais aceita é a falta de
contato com antígenos e substâncias que podem levar nosso organismo a
combatê-las.
“A evolução da doença é diferente de pessoa para pessoa.
Pode ser que o paciente tenha só uma crise ou pode ser de repetição. Por se
tratar de uma doença crônica e de evolução incerta, é difícil falar em cura. O
objetivo do tratamento, tanto clínico quanto cirúrgico, é manter a enfermidade
em remissão, como se estivesse adormecida”, afirma o Dr. Ricardo.
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